— Isso é tão chato... -Comentei, balançando o lápis de um lado para o outro na mesa.
Izuku: O que?! Fazer o trabalho?
— Não é o fato de fazer esse trabalho, e sim o professor Aizawa ter passado uma tarefa tão complexa assim para um feriado. -Fechei a cara.
Izuku: Ah... Faz mais sentido. -Riu nasalmente- Pelo menos você já terminou toda a sua parte. -Sorriu- E assim que eu terminar a minha a gente junta tudo e PUFF! Acabou o trabalho. -Falou alto, esticando os dois braços.
— "Puff"? -Arqueei a sobrancelha, com um sorriso crescendo em meus lábios.
E eu juro que achei que o Izuku iria se fundir com o chão, já que ele se encolheu todo enquanto enrubescia.
Izuku: E-Eu... Me desculpa. -Fechou os olhos com força- É q-que eu me acostumei a usar onomatopeias, então às vezes falo sem pensar. -Curvou a cabeça até a mesma bater na mesa cheia de livros e cadernos.
Deve ter doído.
— Por que está se desculpando? -Apoiei o queixo em uma das mãos, esticando a outra para mexer nos cabelos encaracolados do Midoriya.
Ele deu um leve sobressalto com o toque repentino. Mas após um tempo, inclinou a cabeça na direção da minha mão, aprofundando ainda mais o contato.
Midoriya: Se você continuar eu vou acabar dormindo. -Murmurou, arregalando os olhos e se levantando abruptamente em seguida- Ei! Você é quem deveria estar dormindo, S/N.
— Eu? -Franzi o cenho- Por que eu deveria estar dormindo?
Midoriya: Antes de virmos para a minha casa fazer o trabalho, você comentou que não tinha dormido bem esta noite. -Me olhou, preocupado- Pode descansar até eu terminar aqui.
— Mas aí você fica sem companhia. E eu nem estou com tanto son- -Fui interrompida por um bocejo repentino.
Midoriya: Viu?!
Eu juro que o olhar de preocupação e as feições irônicas que estavam no rosto dele me hipnotizaram um pouco.
Um pouco...
— Não! Nem adianta. -Cruzei os braços- Eu não vou deixar você terminar sem a minha linda voz te acompanhando.
Izuku revirou levemente os olhos, com um meio sorriso cobrindo seus lábios. Por que tudo que ele faz o deixa fofo e atraente ao mesmo tempo?
E eu não acredito que estou pensando em como o meu melhor amigo é atraente.
[...]
Midoriya narrando
Midoriya: Finalmente! -Exclamei, fechando meus olhos e erguendo os braços para me espreguiçar- Agora é só juntar tudo S/N.
Olhei para o cabelo esparramado nos olhos dela, consequência de estar apoiada nos dois braços com o tronco sobre a mesa.
Esperei mais alguns segundos por uma resposta, mas nada veio.
Midoriya: S/N...? -Me aproximei um pouco, encontrando seu rosto calmo e totalmente relaxado num cochilo- Eu sabia que você precisava descansar. -Sussurrei.
Respirei fundo pensando no que fazer agora. Deixo ela assim mesmo? Mas poderia dar uma dor nas costas depois. Eu não quero que ela sinta dor.
Cheguei mais perto, a ajeitando de maneira em que conseguisse passar um dos meus braços pela sua perna, usando a outra para apoiá-la.
E eu tenho que admitir, é reconfortante vê-la dormir.
A coloquei na minha cama com cuidado, tentando evitar que ela acorde. Olhei novamente para o seu rosto, coberto por alguns fios de cabelo soltos.
Instintivamente, minha mão se esticou até suas mechas, tirando-as do rosto de S/N.
O que foi isso, Midoriya?
Com um sobressalto, recolhi o meu braço e me levantei abruptamente dando alguns passos para trás.
Quer dizer...
Eu teria dado alguns passos para trás se a S/N não tivesse segurado a minha mão. Será que eu acordei ela?
Procurei por qualquer vestígio de consciência em seus olhos, mas eles ainda estavam fechados.
— Izuku... -Murmurou.
Ela fala dormindo?
A S/N nunca falou sobre isso com ninguém, e talvez nem ela mesmo saiba. Isso é fofo e estranho ao mesmo tempo.
Me abaixei na altura da cama de novo, esperando por mais alguma fala.
Midoriya: Eu tô aqui, S/N.
— Tá?! -Franziu as sobrancelhas, ainda com os olhos fechados- Que bom. -Falou com a voz arrastada.
Midoriya: Tem algo que você queira me falar? -Sorri- Embora seja melhor me falar quando estiver acordada.
— Não! Acordada eu não tenho coragem...
Dessa vez, foi a minha vez de franzir o cenho. Se ela só tem coragem de me contar enquanto dorme, deve ser algo bem sério.
Midoriya: E o que é essa coisa que faz você perder sua coragem? -Brinquei.
S/N fez um movimento com a mão, me chamando para mais perto. Obedientemente, me estiquei o suficiente para que minha orelha ficasse próxima de sua boca.
— Sabe... Desde que eu entrei na UA, você chamou muito a minha atenção. E eu queria me aproximar mais de você, como amiga claro. -Suspirou baixinho- Mas agora que eu sou a sua amiga, parece ser pouco.
"Pouco"?
Isso significa que ela não gosta tanto da minha amizade como aparenta?
Midoriya: Eu não estou te entendendo, S/N. -Semicerrei os olhos.
— Você tá andando muito com o Todoroki. A lerdeza tá contagiando. -Fez um biquinho- Eu gosto de você, não só como amiga. Juro que eu queria falar isso acordada, mas nós dois temos o mesmo nível de timidez, então é meio impossível.
Acho que era por isso que ela não queria dormir aqui. Será que a S/N tinha noção de que isso aconteceria?
Céus, eu sinto que eu vou explodir.
Ela solta uma bomba dessas e volta a dormir sem falar.
Será que ela sabe o que acabou de fazer comigo?
E por que ela tem que estar dormindo agora que eu só quero abraçá-la e beijá-la?
[...]
S/N narrando
Pisquei repetidas vezes, tentando me acostumar a enxergar novamente após um longo cochilo.
Assim que já estava melhor, vi a Inko colocar uma bandeja com alguma coisa na cômoda ao lado da cama.
Inko: Oh, eu te acordei, querida? -Perguntou preocupada.
— Não acordou, não. -Sorri- Para onde o Midoriya foi? -Olhei para os lados do quarto.
Ela sorriu de orelha à orelha quando ouviu minha pergunta, se aproximando um pouco mais.
Inko: Bom, ele saiu daqui todo vermelho há alguns minutos. Pediu para que eu trouxesse o jantar para você. -Apontou para a bandeja com a cabeça- E me contou tudo o que você disse.
Contraí o rosto.
— Eu falei enquanto dormia? -Ela assentiu- Deve ter sido super estranho para ele, tadinho.
Inko: Ah não, não. Pelo contrário, querida. É que não é todo dia que a garota por quem ele é caidinho se declara pra ele. Principalmente enquanto dorme.
"Que ele é caidinho"?
"Se declara"?
"Enquanto dorme"?
Por favor, alguém me diz que eu não fiz isso.
— Ah, meu Deus! -Senti meu rosto esquentar- E o-onde ele está agora?
Inko: Disse que ia caminhar. Pode esperá-lo, se quiser. Fique à vontade, norinha.
Ela piscou enquanto se afastava até sair do quarto. E eu achei que meu rosto fosse literalmente ficar em chamas.
Depois de respirar fundo várias vezes e comer a janta que a Inko trouxe para mim, fiquei enrolando por alguns minutos, esperando que o Midoriya chegasse para que pudéssemos conversar.
O que não aconteceu.
Decidi voltar para casa, então me despedi da mãe dele e fui até a entrada da casa para colocar o meu sapato de volta.
Midoriya: Mãe, a senhora viu se- -Ele parou de falar assim que abriu a porta na minha cabeça enquanto eu amarrava o cadarço do meu tênis- MEU DEUS, S/N. Me desculpa, você está bem? Eu te machuquei? Está doendo? -Perguntou consecutivamente, passando os dedos pela minha testa para garantir que eu estava bem.
— Não se preocupa, nem doeu tanto assim. -Mentira, doeu pra caramba.
Midoriya: Tem certeza? -Deixou um beijo no lugar onde ardia.
Ele beijou a minha testa?
Percebemos isso praticamente ao mesmo tempo, então ambos se afastaram com os rostos completamente vermelhos.
— E-Eu, é... Bom, eu já vou indo. -Me levantei- E sobre o que eu falei enquanto dormia, só desconsidera. Eu não... Você sabe. -Falei enquanto me afastava aos poucos da porta.
E assim que eu já estava quase passando do quintal, algo segurou o meu braço, me virando ao mesmo tempo em que uma pressão foi colocada em meus lábios.
Foi um selinho rápido, mas aconteceu.
Ou eu imaginei isso?
Não, não imaginei. Tive certeza disso assim que olhei para o rosto do Midoriya.
Midoriya: V-Você ia embora sem se d-despedir, então eu... Eu... -Coçou a nuca, o que ele só faz quando está nervoso.
Respirei fundo para juntar coragem e dei mais um selinho nele.
— Até amanhã, Midoriya. -Sorri.
Agora eu me despedi.
♡