Atenção: Haverão referências da tradução da música durante esse capítulo, então sugiro escutar a música com a tradução antes.
Ah, e preparem os lenços :)
Tenha uma boa leitura ♡
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É inevitável. Não consigo pensar em outra coisa, simplesmente não consigo. Sentada no sofá, não consigo enxergar mais nada, lágrimas tomam o meu campo de visão. Novamente. Tem sido assim pelos últimos dias.
Eu tenho tanta vontade de gritar tudo para o mundo, gritar que eu ainda sou a sua garota. Tenho a impressão de que nunca amarei ou confiarei em alguém como foi com você, Katsuki Bakugou.
Tento me convencer que estou bem todas as noites. Todas as malditas noites onde encosto meu rosto no travesseiro e não consigo dormir. Já tentei colocar alguma música para tocar, mas sempre choro ao escutar a nossa música.
Lembro como se fosse ontem. Quando namorados e jovens, nossa preocupação, -mais minha do que sua na verdade- era escolhermos uma música especial. Hoje, a minha preocupação é lidar com a perda.
Trouxe meus joelhos até o peito, formando uma pequena bolinha enquanto soluço, com as lágrimas mais intensas do que nunca. Lembrando do meu dia preferido da vida.
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— Mas vai ser legal, Kat. Por favorzinho. -Pedi juntando as mãos.
Bakugou: Não, nem vem. Nem sem favor.
— Argh, você é tão estraga prazeres. -Me levantei, conectando o celular na caixa Bluetooth, e deixando a playlist no aleatório.
Passaram-se algumas músicas até tocar "Dancing with your ghost", uma das minhas preferidas.
— Eba! Essa eu faço questão de cantar e dançar.
Bakugou: Não é essa onde a menina perdeu o cara que ela gostava e fala sobre estar dançando com o fantasma dele? -Assenti- Credo, que mórbido.
Cruzei os braços. Preciso fazer ele parar de pensar assim, positividade de vez em quando faz bem.
— Pode parar, mocinho. Pois hoje você vai dançar comigo. -Fui até ele, o puxando pelo braço.
Bakugou: Para de ser maluca, menina. Nem dançar eu sei. E se você continuar com isso, eu vou te explodir!
— Não precisa saber dançar, querido. A música é lenta. Mesmo se a gente só se mexer de um lado para o outro vai ficar bom. -O olhei, pedindo por favor com os olhos.
Katsuki bufou exageradamente e me puxou pela cintura, colando nossos corpos com brutalidade.
Bakugou: Se eu pisar no seu pé, a culpa vai ser inteiramente sua.
Surpreendente, dançamos uma valsa de verdade. E ele mentiu descaradamente, é o melhor dançarino que eu já conheci. No entanto, mesmo depois da música acabar, continuamos abraçados.
— Como hoje é sexta, poderíamos começar uma tradição. Todas as sextas dançaremos alguma música, pode ser? -Ele deu de ombros corado, e sei que isso foi um sim da parte dele.
Bakugou: Seria melhor se... se a gente dançasse a nossa música toda sexta. -Olhei surpresa para ele- É, sua idiota. "Dancing with your ghost" pode ser a nossa música. -Revirou os olhos e se inclinou para a frente, me beijando.
Sabia que ele não tinha odiado a ideia como fez parecer.
°•°•°
Eu devia ter aproveitado melhor esses momentos. O dia que destruiu a minha vida me atormenta todos os dias. E eu nem tive a chance de dizer Adeus.
Já se passaram duas semanas. Eu sei que deveria seguir em frente. Mas eu não consigo, dói só de pensar nisso, quanto mais fazer. Choro cada vez mais e mais forte, tenho a impressão de que se não parar agora, toda a água do meu corpo vai embora.
Mas chorar virou algo rotineiro. Como parar agora? Tento resgatar as memórias boas, mas só consigo lembrar daquilo. Sinto um arrepio subir pelas minhas costas quando essa memória fica mais clara na minha mente.
°•°•°
Jornalista: Nosso repórter, Keiji, está sobrevoando a área coletando o máximo de informações possíveis. Por favor, Keiji, poderia nos dizer tudo que sabe até agora?
Keiji: Os heróis Deku e Dynamight estão lidando com um vilão de individualidade complicada. Ele pode fazer desabar qualquer coisa que tocar, não teria problema se a batalha fosse ao ar livre, mas ambos os heróis se encontram dentro de um prédio abandonado. Isso pode ser perigoso.
Cruzei os dedos torcendo pelo meu namorado. Nunca o vi perder qualquer luta dele que estivesse passando na TV, com certeza isso vai ser fácil para o Bakugou.
Alguns minutos depois, a imagem do prédio desabando pela televisão enviou calafrios por todo o meu corpo. Meus dedos se entrelaçaram com mais força. Por favor, por favor, por favor, por favor!
Keiji: URGENTE! Acabamos de receber uma informação da polícia: O vilão foi pego e está sendo levado para a delegacia. O herói Deku está com as pernas nos escombros, mas não corre riscos. E o herói Dynamight -Ele colocou a mão no ponto da orelha. Dois segundos depois, o repórter arregalou os olhos e engoliu seco- O herói Dynamight.... Seu corpo foi encontrado sem vida entre os pedaços do edifício.
Não!
Não, não, não, não, não, não.
Isso não aconteceu.
Não pode estar acontecendo.
É tudo uma grande piada. Ha ha ha.
Antes de eu processar a informação por completo, meu rosto já está completamente úmido. Eu estou chorando.
Estou chorando porque não quero acreditar que seja real, mesmo que seja.
Você prometeu que sempre voltaria para mim depois das lutas, Katsuki.
Você precisa voltar. Hoje é sexta. É o dia de dançarmos a nossa música. É o nosso dia.
De repente, essa música faz mais sentido para mim do que nunca.
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Me encontro batendo na porta do quarto do Midoriya. É a primeira vez que o vejo depois das duas semanas mais dolorosas da minha vida.
Depois de receber a confirmação, entro me deparando com Kirishima, Sero, Denki, Shoto e Iida. Todos parecendo surpresos em me ver.
— Como você está, Izuku? -Perguntei me aproximando da cama de hospital.
Midoriya: Eu estou me recuperando muito bem, S/N. -Ele olhou para baixo- E.... E você? -Perguntou em um sussurro.
Sero: Você tem comido ou dormido bem, florzinha? -Indagou, passando o braço pelos meus ombros.
Visto que emagreci uns sete quilos e tenho olheiras muito bem aparentes, a resposta é óbvia. Apenas dei de ombros.
Iida: Estávamos conversando sobre algo que precisamos contar a você. -Levantei o rosto para olhá-lo- É sobre o Bakugou.
Meus sentidos ficaram em alerta. Escutar o nome dele ainda me trás esperanças, esperanças de que tudo seja uma pegadinha e ele esteja em casa quando eu voltar.
Todoroki: Você se lembra qual era o dia da semana em que tudo aconteceu?
—....Sexta -Falei no tom mais baixo de voz possível.
Denki: Isso. -Mexeu a cabeça em concordância- Ele estava plejando algo para você, até engoliu o orgulho para pedir ajuda para a gente. -Soltou uma risada triste- Não parava de xingar dizendo que estava nervoso e não sabia como fazer aquilo.
Todos olharam para o Kirishima, pedindo por olhares para ele terminar a história.
Kirishima: Vocês dois tinham um tipo de tradição, não tinham? Dançar ou algo assim.
— Sim. Dançávamos a nossa música todas as sextas. -Abaixei o rosto e pisquei repetidas vezes, tentando impedir mais uma onda de choro.
Kirishima: Então... -Enrolou as mãos, nervoso- Bakugou queria te pedir em casamento. Ele planejou tudo. Ia pedir o jantar preferido de vocês, dançar com você e te pedir em casamento depois.
.....
Sero: Depois de averiguar, a polícia encontrou isso aqui no lugar onde ele estava lutando. -Estendeu a mão com uma caixinha de veludo preta.
Não.
Agarrei a caixa e a abri. Um lindo e fino anel prateado com uma joia laranja pastel faz par com um anel mais grosso com uma joia amarelo pastel. Katsuki sempre falava que nossas alianças combinariam com o uniforme de herói dele.
Eu achei que ele estava brincando.
Tirei o anel mais fino e coloquei no anelar direito. Se encaixa perfeitamente. Não consegui segurar mais e caí de joelhos no chão, soluçando tanto que minha garganta e meu peito começaram a doer.
Com muita dificuldade, agradeci aos meninos e fui o mais rápido possível para minha casa. Para a nossa casa.
Abri a porta do apartamento com força e liguei minha playlist. Preciso de música para desestressar. Ironicamente, a primeira a tocar foi "Dancing with your ghost".
Fui até o meio da sala e fechei os olhos, respirando fundo. As lágrimas ficaram mais densas e quentes, mas não liguei.
Comecei a dançar no ritmo da música. Os passos já decorados e ensaiados por nós dois tantas vezes. E juro que durante toda a música eu o senti aqui, comigo.
Senti as mãos do Bakugou na minha cintura, a respiração dele sobre meu cabelo, o coração dele batendo rápido enquanto minha cabeça ficava encostada em seu peito, e a voz dele dizendo que tudo vai ficar bem.
Realmente parece que eu estou dançando com o fantasma dele.
Mas eu não quero isso.
Eu quero dançar com o Bakugou de verdade. Quero que ele esteja aqui de verdade. Que me abrace e me conforte agora, dizendo que tudo não passou de um pesadelo mentiroso.
E eu sei que isso não vai acontecer. Por isso dói mais do que deveria.
Você tem que voltar, Katsuki. Hoje é sexta-feira de novo. Hoje é dia de dançar a nossa música.
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Eu não vou mentir, chorei um rio escrevendo esse capítulo.