𝐀𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨: Esse capítulo pode conter temas sensíveis, se você não se sente confortável, pule esse capítulo. Mas caso queira ler... seja muito bem vindo.
Eu nunca passei por essa situação, tenho outros problemas mas fiz o possível para ajudar quem precisa de conforto. Saibam que não estão sozinhas, eu quero ajudar de alguma forma, e aqui está uma parte da minha contribuição.
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Terminei de pedir as modificações do meu uniforme à Hatsume, embora ela talvez não goste disso já que eu atrapalhei seu almoço ao ar livre no pátio para falar sobre "trabalho".
Ela só sorriu animada e falou que eu posso contar com ela pois a mesma vai fazer bebês maravilhosos. Sim, essa fala foi estranha.
Agradeci e me virei para voltar ao interior da escola, mas eu sinto que alguém está me observando. Olhei ao redor para ver se era só coisa da minha cabeça e-
Ah, ali está. O Mineta está me encarando de um dos arbustos do pátio.
Nojento.
Resolvi ignorar e voltei a andar, até escutar a voz irritante dele nos meus ouvidos. Mas que droga! Me virei novamente para enfrentá-lo. Ele está correndo até mim me olhando com aquele olhar ridículo dele.
Assim que abri a boca para falar senti uma pontada na minha cabeça. Ah não, agora não! Outra, e mais outra, cada vez mais insuportável, trazendo flashes de memória.
Fica quieta! Eu não quero ouvir um pio saindo dessa sua boca.
Nem ouse em chamar a polícia.
Onde estão seus preciosos heróis agora? Ein?! -Riu asquerosamente- Você é uma boa garota. -Me olhou- Muito boa.
Merda! Não! Agora não. Antes que eu percebesse minha individualidade foi ativada, empurrando o Mineta para longe. Minhas bochechas ficaram molhadas e quentes de repente. Ah, lágrimas.
Corri o mais rápido que pude de volta para o interior da escola, passando por várias pessoas e ignorando muitos dos cumprimentos que recebia. Só preciso achar um lugar afastado. Virei o corredor e trombei com o Bakusquad. O meu squad. Não tinha momento melhor não?
Kirishima: Hey, S/N, onde você esteve? A gente tava- O que houve? -Se aproximou, tentando me abraçar, eu acho.
Bakugou: Ei, sua nerd. Por que está chorando? -Se aproximou também.
Não se afaste quando eu me aproximar, sua idiota. -Transferiu um tapa em meu rosto.
Senti o nó em minha garganta e o ar pareceu escasso de uma hora para outra. Passei por eles, empurrando-os. Eu preciso de algum lugar afastado. Eu preciso sair daqui.
Virei corredores e mais corredores até chegar nos fundos da escola. Me encolhi para ficar o menos visível possível na parte de baixo da escadaria. Ar. Você precisa respirar. Lembre-se da técnica que te ensinaram. Respira fundo e conta até quatro, prende por dois segundos e solta o ar contando até seis.
Certo, depois da respiração você precisa ajustar a frequência cardíaca, ou é clarear a mente? Não saia do controle. Droga, como eu esqueci? Relaxa, tente se lembrar.
Kaminari: Ei... -Me encolhi por instinto. Desde quando ele está ali?- Relaxa, eu não vou sair daqui. Se você quiser eu me aproximo, se não quiser eu continuo bem aqui. -Olhei melhor e percebi que ele estava meio longe do lugar onde eu estou.
— Denki... eu, eu não... como eu... Ah, que merda. -E lá vem a falta de ar de novo.
Kaminari: S/N! Me escuta, e olha para mim. -Obedeci- Certo, está tudo bem, ok?! Eu estou aqui para ajudar. Então me deixe te ajudar. -Deu um passo a frente- Posso me aproximar?
Assenti.
Um dos poucos garotos em que eu consigo ficar perto tranquilamente e que confio, é o Kaminari.
Ele se aproximou cautelosamente, hesitando em cada passo. Talvez seja medo da minha reação. E assim que chegou em baixo das escadas, sentou do meu lado, mas em nenhum momento encostando em mim.
Kaminari: Quer falar comigo? -Balancei a cabeça- Ótimo! Quer conversar sobre o tempo? Ou as técnicas novas que estamos desenvolvendo? Talvez a gente possa falar sobre o-
— Posso te abraçar? -Perguntei em um sussurro, nem sei se ele ouviu. Me preparei para perguntar de novo, mas ele apenas sorriu e abriu os braços.
Céus, como eu amo ele.
Só não sei se é recíproco.
Ficamos abraçados por alguns minutos, totalmente tortos, nossa coluna que sofre, mas pelo menos esses minutos me ajudaram a manter a calma.
Kaminari: Ficamos preocupados. Kirishima e Mina quase correram atrás de você, mas os impedi, achei que seria melhor para você se viesse só uma pessoa. Sabia que até o Bakugou ficou aflito? Ele tentou esconder com aquela carranca, mas deu para ver nos olhos dele a preocupação.
— Me sinto mal por tê-los empurrado aquela hora, eu precisava de espaço e estava desesperada. Me lembre de pedir desculpas mais tarde.
Kaminari: Acho que nem se importaram. Ficou claro que algo não muito bom estava acontecendo com você, gatinha. -Afrouxou o abraço para me olhar- Quer me contar o que houve?
Respirei fundo. Eu quero contar, só não sei se consigo.
Kaminari: Espera... tem algo haver com o Mineta? -Abaixei minha cabeça- Aquela uva podre desgraçada! Eu vou ter que eletrocutar ele de novo?
— ...De novo? -Ele percebeu o que falou e abaixou a cabeça, envergonhado talvez?- Você já eletrocutou ele antes? -Assentiu- Quantas vezes?
Kaminari: Eu... bem, ah, eu não sei. Mas eu sei que foram todas as vezes em que ele te importunou. E... -Corou. Ele está com vergonha de admitir isso para mim?
— Kaminari, você é incrível. -O abracei de novo.
Kaminari: Assim eu me apaixono, gatinha. -Quem me dera- Por que estava daquele jeito? -Murmurou baixinho contra o meu pescoço. Respirei fundo, me preparando.
— Foi... foi um ano antes de eu entrar na U.A. Eu morava com minha mãe e meu pai, mas um dia, um dos meus tios chegou dizendo que precisava de um lugar para ficar por duas semanas. Eu estava me preparando para o exame de admissão naquela época, então ficava no quarto quase o tempo todo.
Respirei fundo de novo, tentando impedir as lágrimas que ousavam cair. Os braços dele me apertaram mais forte. Ele já entendeu tudo.
— Faltando dois dias para ele ir embora, meu pai estava no trabalho e minha mãe no mercado. Eu desci para a cozinha procurando algo para comer. Meu tio entrou na cozinha não muito tempo depois e... e ele... eu... -Não consegui terminar. Os soluços estavam me atrapalhando. Mas eu não conseguiria contar essa parte, de qualquer forma.
— Eu contei aos meus pais no dia que ele ia embora. Meu pai enrolou ele enquanto minha mãe chamava a polícia. Quando chegaram, o prenderam imediatamente. Ele nos ameaçou. Meu pai bateu dele. E no fim, vai ter que ficar na prisão por uns 15 anos. Mas toda vez que o Mineta tenta se aproximar, aparecem flashes e flashes na minha mente e minha cabeça dói. É horrível.
Dessa vez, foi ele quem respirou fundo.
Kaminari: Minha linda... -Beijou o topo da minha cabeça- Eu nem sei por onde começar. -Mexeu no meu cabelo- Primeiro, vou garantir que o Mineta fique o mais longe possível de você. Talvez eu peça para o Bakugou explodi-lo, ele não gosta daquela uva mesmo. -Isso me fez rir em meio ao choro. É verdade, o Bakugou detesta o Mineta.
Kaminari: Segundo, Seu tio é um monstro e ninguém merece passar pelo que você passou. Ainda acho que 15 anos é pouco. Acho que quando ele sair da prisão, o Chargebolt vai estar esperando. Nunca se sabe quando um raio pode cair na cabeça de alguém, não é?!
— Já falei que você é incrível? -Me aconcheguei mais nele.
Kaminari: Já, mas eu nunca me canso de ovir isso vindo de você. -Segurou meu rosto para fazer com que eu o olhasse e enxugou as lágrimas- E mais uma coisa. Eu estou aqui! Sempre que precisar, pode contar comigo. Seja para conversar, desabafar e se você quiser pode ser até para te proteger. Ao seu serviço. Entendeu, gatinha?
Não consegui formular uma resposta. Sério, quão maravilhoso esse homem pode ser?
— Amo quando você me chama assim. -Estiquei meu tronco para alcançar os lábios dele e, finalmente, beijá-lo.
Uma corrente elétrica passou por todo meu corpo no mesmo segundo. Não sei se foi pela adrenalina ou se ele não controlou a individualidade dele, mas eu amei isso.
Beijar ele é exatamente como eu imaginei. Sua boca é macia e quente, ao mesmo tempo que é eletrizante e viciante.
Nos separamos alguns segundos (ou minutos) depois, puxando ar enquanto nos encarávamos.
Kaminari: Eu estava querendo fazer isso há muito tempo. Só que não achei que agora seria o melhor momento. Sabe... depois do que você me contou.
— Com você é... diferente. -Acariciei os cabelos de sua nuca- Mas um diferente muito bom.
Kaminari: Então... eu posso fazer isso de novo? -Se aproximou e eu assenti. Então ele colou nossos lábios de novo.
Enviando novamente uma onda de choque por todo o meu corpo.
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