E aqui estamos, mais uma das festas do pijama que as meninas inventam de fazer no dormitório. Sinceramente, nem sei como o professor Aizawa ainda permite, isso sempre termina em caos.
Ou a turma fica muito animada e acaba se empolgando demais, ou sempre tem alguém querendo brigar/competir com outra pessoa, independentemente, sempre causa uma desordem absurda.
Talvez seja isso.... acho que o Aizawa gosta de ver os alunos sofrendo para limpar e arrumar tudo no dia seguinte, como se fosse uma punição.... faz sentido.
Todoroki: Com licença, meninas, mas alguma de vocês têm remédio para dor de cabeça? -Perguntou chegando na nossa rodinha parando a discussão "do que é mais rosa? Esse blush ou o tom de pele da Mina?"
Momo: Acho que eu tenho no meu quarto... mas até encontrar demoraria um pouco.
Uraraka: Não acha melhor ir ver a Recovery Girl, Todoroki?
Tsuyu: Está muito tarde, Uraraka, provavelmente a Recovery Girl não está mais na enfermaria.
Jirou: Não acha melhor ir para o seu quarto, Todoroki? Sem ofensas, mas você parece bem acabadinho.
— Eu acho que tenho um remédio para dor de cabeça na minha bolsa. -Acabei falando com um pouco de dó. De fato, o Todoroki parece acabadinho.
De repente, o rosto de Mina se iluminou.
Ah, não!
Mina: Eu acho melhor você ir descansar no seu quarto. E como a S/N tem o remédio ela pode te levar até lá, né?! -Me olhou, cheia de felicidade.
Filha da mãe.
Acho que foi um erro contar à Mina que talvez eu tenha um penhasco pelo Todoroki. Droga!
Hagakure: Tudo bem pra você, Todoroki? -Falou com a voz cheia de empolgação.
Ok, meninas, acho que a última coisa que precisamos é de mais insinuações por aqui.
Denki: Eu tenho certeza que por ele tá mais que bem. Na verdade, por ele tá tudo ótimo. -Gritou do fundo da sala.
Eu vou matar ele.
Olhei irritada para eles e suspirei, levantando para ir pegar o remédio e, aparentemente, garantir que ele volte para o quarto dele.
Peguei a bolsa com o remédio no canto da sala e fui em direção ao elevador, acho que o Todoroki não está em condições de subir escadas nesse momento, é só olhar para ele.
Foi um caminho bem silencioso, principalmente porque ele parecia bem mais caido e com mais cara de Eu-Não-Sei-O-Que-Eu-Estou-Fazendo-Aqui do que o normal.
Chegamos no quarto dele e eu me afastei para que o mesmo pudesse destrancar a porta, o que foi um processo bem lento. Ele realmente está mal.
Assim que a porta abriu ele foi direto para a cama, deitando de barriga para cima com o braço em cima dos olhos. Querendo evitar a claridade, eu acho.
Fui até ele colocando a mão em sua testa, e me arrependi no mesmo instante.
— Por Deus, Todoroki. Você está ardendo em febre. Está muito mais quente do que deveria, mesmo para o seu lado fogo.
Todoroki: Não... febre não. Detesto ficar com febre, tem que tomar muitos remédios horríveis, além de eu sempre falar coisas decos... descane...
— ...Desconexas?
Todoroki: Aham, esse nome aí. -Tombou a cabeça para o lado e começou a mexer nas próprias mãos.
Ele fica agindo igual a uma criança quando está com febre, é engraçado.
— Certo... isso vai ser difícil. -Peguei o remédio na bolsa e enchi um copo com água no filtro que ele tem no quarto dele.
Burguês.
— Eu vou precisar que você tome isso. -Entreguei o comprimido na mão dele, formando uma careta no seu rosto.
Todoroki: Mas eu detesto remédio, sempre me lembra de quando eu era pequeno.
Será que isso tem a ver com o pai dele?
— Nem se eu pedir por favor? -Ele me olhou por uns segundos.
Todoroki: Só se for Por favorzinho, no diminutivo. -Acredito que a garganta dele esteja inflamada, porque ele falou isso com uma voz rouca que quase me desestabilizou.
E isso o deixou mil vezes mais atraente.
— Tá bom... então você pode, por favorzinho, tomar só esse comprimido?
Todoroki: Só esse? -Assenti e ele rapidamente bebeu aquilo, fazendo uma careta, como se tivesse sido a pior coisa do mundo.
Coloquei um pano úmido em sua testa e deixei algumas coisas preparadas para quando ele acordar. Peguei minha bolsa e fui em direção à porta.
Todoroki: Fica... por favorzinho. -Pediu em uma voz cansada.- Eu quero conversar, não me deixa aqui sozinho.
Ele realmente é outro Todoroki quando está doente.
Respirei fundo e fui até a cama dele, sentando em um banquinho que tinha ali.
— Tudo bem. Sobre o que quer conversar?
Todoroki: Que tal sobre pássaros? Eles são legais. Ou de Soba? Eu amo Soba. É minha comida preferida, sabia? -Disse com um olhar distante, mexendo a mão vez ou outra e eu me segurei para não rir.- Já sei! Sabia que tem uma pessoa que eu admiro muito? -Perguntou sussurrando.
— Ah é?! E de qual turma essa pessoa é? -Sussurei também.
Todoroki: É da nossa sala mesmo. E... -Colocou a mão em formato de concha na boca, como se fosse contar um mega segredo.- É uma das meninas.
Antes que eu pudesse continuar a conversa, ele começou a falar mais.
Todoroki: Eu admiro todos, na verdade. Mas ela tem alguma coisa de especial e isso me deixa mais admirado ainda. Ela é forte, sabia? Sempre faz todo mundo rir e é ótima nas provas da UA.
— O senhor Todoroki não estaria apaixonado, por um acaso? -Tentei disfarçar uma pontada de tristeza que me atingiu. Ele nem se lembraria dessa conversa de manhã, que mal tem continuá-la agora? Por mais que machuque um pouco.
Todoroki: Apaixonado... isso é tipo quando você gosta muito de alguma coisa, não é? Igual eu gosto de Soba!
— É... mais ou menos.
Todoroki: Hm... -Olhou para cima como se estivesse refletindo sobre isso e depois olhou para mim.- Pode fazer aquilo no meu cabelo? -Fez um gesto com a mão, perto de seus fios bicolores.
— Quer dizer cafuné? -Ele assentiu rapidamente.
Estendi a minha mão até seu cabelo e, sem surpresa alguma, são muito macios. Sempre tive vontade de mexer no cabelo dele.
Todoroki: Isso é bom. Minha mãe fazia isso em mim quando eu era pequeno, mas ai aconteceu... bom, muita coisa, na minha casa e ela acabou indo embora. Eu fiquei sem ninguém para mexer no meu cabelo assim.
Senti outra pontada de tristeza, mas dessa vez não foi por ter descoberto que ele estava -possivelmente- apaixonado por alguma menina da sala, mas sim por ter descoberto que ele quase nunca teve algum contato físico que demonstrasse afeto.
— Bom, eu estou fazendo cafuné agora, não estou?! -perguntei.- E se você deixar, eu posso mexer no seu cabelo sempre que você quiser.
Todoroki: Sério? -Perguntou meio sonolento.
— Sério. -Ele bocejou.
Todoroki: Sabia que eu sempre quis... -Bocejou novamente, seus olhos se fechando aos poucos.- ...receber cafuné na menina que eu gosto?
— É mesmo? -Tentei fingir que aquilo não tinha me machucado, mas foi difícil.
Todoroki: Uhum. -Se virou para o lado que eu estava- E parece que é um sonho, mas tá acontecendo agora. -Sussurrou, segurando a mão que eu estava usando para mexer em seu cabelo
...Oi?
Todoroki: Eu acho que... -Bocejou, colocando a minha mão embaixo da sua cabeça, como se fosse um travesseiro.- ...acho que eu tô gostando de você... -Bocejou de novo e fechou os olhos.- S/N. -Disse com um fio de voz.
Mas... isso... como...? É serio mesmo que a pessoa que eu gosto gosta de mim? E não é qualquer pessoa.
É o Shoto Todoroki!
Eu nunca cheguei nessa parte, o que eu faço?
Mantenho a calma?
Suspirei, trêmula, antes de me inclinar, deixando um beijo no topo da cabeça dele e encostando a minha testa na cômoda em seguida. Parece que ele não vai desistir de usar minha mão como travesseiro tão cedo.
[...]
Todoroki narrando
Ainda não abri o olho, sentindo uma leve dor na cabeça e uma tontura imcomum. Deve ser a sonolência.
Além do sonho estranho que eu tive ontem.
No sonho, eu disse o que sentia para a S/N, mas foi de um jeito esquisito porque eu estava doente. Ela até tinha mexido no meu cabelo.
Um dia eu peço alguns conselhos para o Midoriya ou para o Kirishima, e ai talvez isso deixe de ser um sonho.
Abri meus olhos devagar, vendo um copo d'água quase vazio na cômoda.
E a S/N também está... dormindo na cômoda? Sua mão debaixo da minha cabeça, como um travesseiro, instalou uma confusão em mim.
Como ela chegou aqui?
Meu olhar vagou até a bolsa dela, jogada ao seu lado, com uma cartela de remédios aberta exposta.
Ah...
Aquilo não foi um sonho?
Alguém me belisca.
♡