A Viajante - A Resistência Se...

By autoratamiresbarbosa

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⚠ Atenção, este é o segundo livro da triologia "A Viajante". A sinopse pode conter spoilers! ⚠ Sem a ajuda de... More

Sobre o livro
Dedicatória
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63

Capítulo 19

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By autoratamiresbarbosa

Depois de tanto tempo, finalmente estava indo ver seu amigo. Tinha tantas coisas lhe contar, que não sabia nem por onde iria começar. Não havia se preparado para isso, e estava nervosa. Apesar de já saber que ele estava ali, no Mundo Dois, nunca pensou no que diria a ele, ou no que faria assim que visse novamente.

Quase uma hora já havia se passado quando o carro branco parou em frente da pequena casa de Kari. Camila abriu a porta rapidamente e correu em direção ao pequeno portão de ferro, subindo as estreitas escadinhas do também estreito e minúsculo quintal.

Ao chegar diante da porta, repousou as mãos sobre a maçaneta, pensando que do outro lado, poderia estar Tiago, e automaticamente, sorriu com esse pensamento. Então, respirou fundo e a abriu. Passou o olho por uma sala lotada com as pessoas que já conhecia. Mas algo chamou sua atenção: Dian estava sentado em um dos sofás.

— Oi, Camila! — Ele sorriu.

— Dian? — Ficou aliviada ao vê-lo, porém, estava um pouco decepcionada por não ter visto Tiago. — Eu estava preocupada, você não respondia às minhas mensagens, e não te vi na escola hoje.

— Desculpa. Eu meio que fiquei ocupado tentando achar o seu amigo.

— Onde ele está? Onde está o Tiago?

— Está no quarto. — Kari respondeu. — Nós...

Não esperou Kari terminar de falar e foi rapidamente em direção da cortina de bambus. Quando estava prestes a passar por ela, Tomas surgiu em sua frente, a olhando com espanto.

— Calma, calma. — Ele riu, enquanto a conduzia de volta para a sala.

— Eu quero vê-lo!

— Sabemos como deve estar ansiosa. — Kari comentou. — Mas não estávamos preparados para que você viesse agora. Ele chegou ontem, e só lhe contamos sobre os Portais e universos paralelos. Ele ainda não sabe que você está... como outra pessoa, apesar de ter perguntado sobre você.

— Então podemos contar agora. — Se dirigiu novamente em direção ao quarto, porém, Tomas a barrou novamente. Isso a fez se sentir impaciente.

— Vou contar a ele primeiro. — Kari explicou. — Você fica aqui!

— Por quê?

— Porque ele precisa digerir tudo isso, ainda.

— Eles estão certos, Camila. — Ximú comentou. — Enquanto eles contam ao Tiago sobre você, podemos conversar? Camila olhou para a cortina colorida de bambus que ainda balançava, hesitante. Seu amigo estava a poucos passos dela, e não poderia vê-lo. À contragosto, assentiu. Viu Kari ir em direção ao quarto, e notou somente agora que Lupe e Pedro estavam ali. Não estava faltando um?

— Bom, aposto que você tem muitas perguntas. — Ximú começou.

— Sim. Como acharam ele? Por onde ele esteve todo esse tempo?

— Bom, a gente pode responder à primeira pergunta. — Dian falou. — Eu consegui acesso à um computador. O resto você já sabe, não?

Camila sorriu.

— Então o que a Ximú disse é verdade? Pode ser que estejam seguindo vocês? — Tomas perguntando repentinamente, e os olhou com desconfiança. — Vocês podem estar trazendo eles para cá?

— Eu só vim avisar a vocês sobre o que aconteceu. — Ximú se explicou. — Por isso não viemos antes, por ser perigoso. Porém, achamos que vocês deveriam saber.

— Não se preocupem, ninguém vai nos achar. — Pedro disse repentinamente. Parecia que ele estava sob efeito de algum medicamento, por conta da maneira avoada que falava.

— E o que te faz pensar isso? — Tomas o olhou com descrença.

— Só é o que eu acho.

Um silêncio incômodo tomou conta do local, o único som vinha do único quarto existente no local, onde a voz baixa de Kari era escutada. 

O barulho da cortina de bambu foi escutado, alguns minutos depois, o que fez todos olharem em sua direção. Kari vinha com Tiago ao seu lado, que parecia surpreso e confuso. Camila sentiu novamente a ansiedade tomar conta de si. Não sabia o que fazer nem falar. Não o via a tanto tempo, porém, não havia mudado nada.

Tomada por um impulso repentino, caminhou na direção dele e rapidamente, mas parou no meio do caminho. E se Tiago não acreditasse que ela era Camila e a visse como uma completa estranha?

Ao contrário dos outros dois, Tiago não parou a uma distância considerável de Camila, e continuou caminhando em sua direção.

Sentiu seu coração ainda mais acelerado com a aproximação de seu amigo. Ainda não estava acreditando que ele estava ali, em sua frente. Há mais de um ano que não o via; um ano que pareceu uma vida inteira. Pensou que morreria antes de poder se despedir dele e nunca mais o veria.

Tiago parou a sua frente. Sua expressão séria a deixava cada vez mais aflita. Ao contrário do que pensou que ele faria, Tiago sorriu. E foi um sorriso genuíno. Camila pensou que nunca mais veria aquele sorriso novamente, e não pôde deixar de sorrir também. Então, se abraçaram.

Sentiu seus olhos aderem e lacrimejarem por conta da felicidade que estava sentindo. Estava com saudades de abraçar seu amigo. Ainda não acreditava que ele estava ali, junto dela, depois de tanto tempo. Aquele abraço lhe fez tanta falta, e nunca soube o quanto, até aquele momento.

— Você é mesmo a Camila? — Ele perguntou quando os dois se separaram, após ficarem abraços por um bom tempo. Os olhos de Tiago estavam vermelhos, como se estivesse se segurando para não desabar ali mesmo, assim como ela.

— Sim, sim!

— Você... está mesmo como outra pessoa. Está tão diferente... — Ele a olhou com curiosidade e perplexidade. — Eu procurei por você por todo esse tempo. Não acredito que finalmente te encontrei!

— Mas o que está fazendo aqui? Eu não entendo.

— Quando você sumiu, eu decidi ir atrás de você. Mas isso não importa, tudo valeu a pena! — Ele sorriu.

— Camila, você precisa ir antes que Bartolomeu surte e quebre tudo. — Ximú lhe advertiu.

Refletiu sobre isso. Tinha encontrado seu melhor amigo, e finalmente estava o revendo depois de mais de um ano. Isso era muito mais importante do que qualquer outra coisa.

— Ele que espere. Tenho muito o que conversar com o meu amigo.

Camila contou tudo à Tiago; como foi para aquele lugar e o que aconteceu desde sua chegada ali. Tiago pareceu surpreso e preocupado com tudo. Também contou sobre a O.P.U, mas ele já sabia sobre isso. Os Viajantes de Pandiógeis já haviam lhe contado, ao que parecia.

Não estava se preocupando com o horário; não se preocupava em responder cada pergunta; explicar cada detalhe. Nada mais lhe importava, apenas Tiago.

Após isso, ele lhe contou tudo o que fez para tentar encontrá-la, o que fez Camila se sentir culpada por tê-lo feito passar por tudo aquilo apenas para achá-la. De qualquer maneira, se sentia feliz por saber que alguém se preocupava tanto com ela a ponto de fazer algo tão perigoso assim. Não era uma coisa boa, mas não deixava de fazê-la se sentir especial.

— Vitória te ajudou? — Perguntou, incrédula.

— Pois é, e ela ainda me deu dinheiro! No fundo, ela parece ser legal. E além disso, eu sempre soube que ela tinha uma queda por mim. — Tiago sorriu, convencido.

Camila revirou os olhos e riu. Sentiu falta desse jeito de Tiago.

— Mas Ximú tinha dito que o Portal abriu novamente uma semana depois, no orfanato. Foi muito perigoso você fugir para me procurar. Ele teria aparecido lá, de qualquer forma.

— Bom, eu não tinha como saber. Além disso, eu não podia ficar parado sem fazer nada. E como ela sabe disso? Ela não era do orfanato, era?

— Bem, não importa. — Decidiu que não seria uma boa ideia contar a Tiago sobre ela ser uma barata. Ele provavelmente não acreditaria, e com razão. — Mas por onde você andou por esse último ano?

— Por aí. Eu pensei que tinha vindo para um lugar diferente de você. Sinceramente, eu já tinha perdido as esperanças.

— Você morou na rua? — Um tom de preocupação era escutado em sua voz.

— Bom, sim, mas fui acolhido por um tempo.

— Por quem?

— Ah... — Ele pareceu desconcertado. — Digamos que por um abrigo.

— Camila, já são sete da noite! — Ximú saiu da cozinha ao lado de Kari e Tomas, parecendo impaciente.

Camila suspirou. Não queria ter que ir embora. Não queria ter que deixar Tiago; ter que ficar longe dele novamente. Não queria voltar para aquela mansão grande e triste. Se pudesse, ficava ali mesmo, com seu amigo, e não saía nunca mais.

— Eu sei que ficar longe de mim por todo esse tempo deve ter te enlouquecido, afinal, quem aguentaria ficar sem a minha maravilhosa presença por perto? — Ele sorriu convencidamente. — Mas é melhor escutar ela. Podemos nos ver outra hora, eu não quero te encrencar. E como sempre, vou estar esperando pacientemente por você.

— Certo. — Ela sorriu também. Era bom saber que ele era o Tiago de sempre. Havia sentido falta desse jeito dele. Se levantou. — Um abraço, pelo menos?

Tiago sorriu, se levantou e a abraçou.

— Não existe nenhum mundo paralelo em que eu não aceitaria um convite desses.

— Obrigada por tudo, de verdade. — Camila disse aos anfitriões da casa, quando se separou de Tiago, alguns segundos depois.

— Bom, somos todos Viajantes. Temos que nos ajudar. — Kari comentou.

— Ei! — Tomas olhou para Ximú. — Cadê o Baratinha?

— Tomas! — A mulher revirou os olhos. — Vamos cuidar bem do seu amigo, Camila.

— Obrigada, Kari. — Sorriu.

— Bom, está tarde para mim também. — Dian se levantou do sofá. — Preciso ir. Minha mãe de mentira vai ficar preocupada.

— Tem certeza que é seguro ir a essa hora? Posso te dar uma carona. — Ximú sugeriu. — A O.P.U...

— Não se preocupe com isso. — Ele sorriu para ela. — Obrigado.

— Dian, eu também quero te agradecer pelo o que fez. — Camila sorriu. — Isso foi muito importante para mim.

— Não foi nada. Eu falei que iria te ajudar, não disse? — Ele retribuiu o sorriso.

Sentindo como se deixasse uma parte de si para trás, Camila acompanhou Ximú e Dian até o lado de fora. Antes de entrar no carro, lançou um olhar à casa, que já estava mal iluminada por conta da escuridão que começava a tomar conta do céu — as luzes dos postes ainda não haviam acendido, e a única iluminação vinha de dentro da residência. Não queria ter que ir. Porém, sabia que não precisaria mais se preocupar, pois Tiago estava em segurança, agora.

Viu Dian caminhando apressadamente ao longe. Esperava que ele chegasse bem, em casa.

— Camila, antes de irmos, eu queria falar com você. — Ximú disse de repente, enquanto estava parada do outro lado do carro, ao lado da porta do motorista. — Eu não queria te assustar, mas...

— O que aconteceu? — Se sentiu nervosa com tais palavras.

Ximú suspirou.

— Tiago veio no próprio corpo.

Ficou confusa de início, mas logo se lembrou do que Henry lhe contara. As pessoas que passavam pelo Portal e permaneciam em seus corpos tinham vestígios de matéria escura. Então, isso significava que...

— A O.P.U sabe onde o Tiago está.

— Não acha que devemos avisar à Kari e aos outros?

Ficou pensativa. Era o certo a se fazer, e todos ali dentro poderiam estar correndo grande perigo, inclusive Tiago. Mas o que Kari e os outros fariam se Camila e Ximú contassem sobre isso? Com certeza iria expulsá-lo. Para onde ele iria? Seu amigo fora até àquele lugar por causa dela. Não podia fazer isso com ele. Ele merecia estar em um local seguro, pelo menos por um tempo. Seria muito mais fácil ser encontrado na rua. Era muita sorte a O.P.U não ter chegado nele até aquele momento.

— Sabe, quando eu lhes contei sobre a O.P.U e tudo mais, eu não havia dito sobre a matéria escura. Nós deveríamos lhes dizer, pois...

— Não.

Ximú a olhou com confusão.

— O que disse?

— Eu disse que não.

— Mas..., Camila! — Agora, ela parecia incrédula. — Eles podem estar correndo perigo, até mesmo seu amigo!

— Eu sei, mas a O.P.U não o encontrou até agora, e talvez nem o encontrem!

— E talvez o encontrem!

— Eu sei que é perigoso, mas para onde ele vai? Como vou vê-lo? Como vou saber se ele está bem? Já fiquei longe dele por tempo demais; ele ficou sozinho, por aí, por tempo demais!

— Eu entendo seu ponto, mas está sendo egoísta!

— Estou? — Disse rispidamente, aumentando a voz. Não sabia se estava brava pela acusação ou por saber que era verdade. Porém, era por um bom motivo. — E se fosse Heliberto? O que faria?

— É diferente!

— Sério? Por que Tiago é como um irmão para mim! Ele veio até aqui por mim! Você escondeu de nós sobre a O.P.U, por que não pode fazer isso?

— Por que eu não quero cometer o mesmo erro novamente! E nem quero que você o cometa.

— Podemos contar, se você levar ele para morar com você.

— O quê?

— Carla nunca o aceitaria na mansão. Só sobra um lugar.

— Não vou pôr Godofredo e Heliberto em perigo!

— Viu? Você protege seus amigos, por que eu não posso proteger o meu?

— Por que essa proteção custa a proteção de outras pessoas!

— A O.P.U já sabe onde nós duas moramos, Ximú. Se tem alguém que não está protegido, somos nós, Godofredo e Heliberto.

Ximú se calou, mas não parecia convencida. Pelo contrário, aparentava estar inconformada e lançava à Camila um olhar de reprovação, balançando a cabeça negativamente. Tinha que admitir, aquilo doía seu coração. Não gostava do jeito que Ximú a olhava, mas aguentaria, se necessário. Era por Tiago.

— Não diga que não avisei quando você se arrepender. — Ximú disse rispidamente. — Você fala tanto do Henry, mas está agindo igual a ele. Está fazendo isso pelo motivo certo, mas da maneira errada. — Ximú abriu a porta do carro e entrou, deixando Camila do lado de fora do veículo, pensativa e com um pequeno sentimento de culpa.

Sabia que Ximú estava certa, mas não queria ter que decidir entre os outros e Tiago. Tiago era seu amigo; seu irmão. O que os outros eram?

Eram vidas. Vidas que podem ser mortas por minha culpa.

Balançou a cabeça. Nada aconteceria. Tudo ficaria bem.

O barulho do motor do carro sendo ligado a fez sair de seus pensamentos, que pareciam torturá-la cada vez mais. Agradeceu por isso e entrou no carro, se sentando no banco de atrás. Nem ela nem Ximú se atreveu a falar durante todo o trajeto.

O que acham dessa atitude da Camila? Ela está certa, ou não? 

Espero que tenham gostado do capítulo. Nos vemos na próxima semana, pessoal!

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