A Viajante - A Resistência Se...

By autoratamiresbarbosa

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⚠ Atenção, este é o segundo livro da triologia "A Viajante". A sinopse pode conter spoilers! ⚠ Sem a ajuda de... More

Sobre o livro
Dedicatória
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60

Capítulo 2

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By autoratamiresbarbosa

Pela manhã, os Zeladores estavam tentando conter o pânico de todos. Crianças e adolescentes pareciam ansiosos e desesperados, perto da escadaria. Tiago, porém, olhava a cena com um olhar vazio, ainda com os pensamentos em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Para onde teria ido Camila? A essa altura, já estava convencido de que era sua amiga na cozinha, quando aquela coisa azul apareceu, e se sentia horrível só por pensar que não a veria novamente.

— Já chega! — O Diretor Walter ordenou de repente, e todas as vozes ansiosas e assustadas se calaram. Walter era um homem alto e corpulento. Sua careca calva e pálida reluzia contra a luz das lâmpadas do teto. Ele olhava para todos com um ar de superioridade e repugna, o que faziam muitos o temerem.

— Ma-mas, Diretor. — Uma garota que Tiago reconheceu ser a que havia sido arrastada até aquela coisa com ele, começou, ainda parecendo assustada e confusa. — Nós vimos uma coisa. E-era azul e grande.

— Não viram nada! Parem com isso, já!

O que ele estava fazendo? Estava tentando ocultar o que aconteceu? O que ele esperava? Que todos esquecessem de tudo? Que Tiago se esquecesse que sua amiga havia sido puxada por aquela coisa?

Uma onda de raiva o invadiu. O Diretor não estava se importando com o sumiço de Camila?

— O que o senhor acha que aconteceu, então? Que colocamos tudo o que estava na cozinha em nossos bolsos? — Tiago perguntou rispidamente.

Todos os olhares se voltaram para ele, parecendo surpresos. O Diretor o olhou furiosamente.

— Olha como você fala comigo, moleque!

— Minha amiga sumiu. Nós vimos que tinha alguém na cozinha, e que essa pessoa havia sido puxada até aquela coisa. Eu sei que foi...

— Sua amiga deve ter fugido, ninguém foi puxado para nada! Proíbo todos vocês de saírem contando essas mentiras por aí. O que iriam pensar os Oliveira? Não sei se sabem, mas tudo que temos aqui é graças a eles, que estão financiando o nosso orfanato! Então, agradeçam por terem comida descente para comer, pois vocês deveriam era comer restos do lixo! Se dependerem do governo, não terão nada!

— Financiando? — Tiago disse ironicamente. — Que financiamento? Os banheiros estão caindo aos pedaços. Ou está falando das "novas" poltronas rasgadas na sua sala? — Fez aspas com as mãos.

O Diretor arregalou os olhos.

— VOCÊ ENTROU NA MINHA SALA?

— Nós vimos! Fomos arrastados em direção àquela coisa! — A menina tornou a dizer.

— CALE A BOCA! VOCÊS NÃO VIRAM NADA, ASSUNTO ENCERRADO!

Todos se calaram novamente. Tiago sentiu a raiva crescer, mas não podia fazer nada, e isso era o pior de tudo. Por mais que falasse tudo o que sentia ou o que viu, nada iria ser feito. Sentiu raiva por conta de sua impotência; se sentiu pequeno e incapaz.

Uma tosse seca e rouca, já conhecida pelos moradores do orfanato foi escutada, e todos olharam na direção do barulho. Graça estava saindo do corredor, descabelada e com uma aparência abatida. Ela parou na entrada do saguão, e ficou fitando todos presentes ali, confusa.

— Graça, estou decepcionado com você. — O Diretor comentou. — Você estava caída em frente à minha sala, com uma garrafa quebrada perto de você. Estava bebendo de novo, não é?

— Quê? COF-COF. Eu não lembro disso não. — Ela arregalou os olhos, enquanto tossia.

— Nós já conversamos sobre você não ficar bebendo por aí! Isso pode estragar a imagem do nosso orfanato.

— Era outra pessoa. Minha irmã gêmea, talvez. Não era eu não. Eu não faço isso, vou à igreja todo domingo!

Walter apenas suspirou, passando a mão pela testa, parecendo tentar pensar em algo. Então, ele se virou para encarar as crianças e os jovens uniformizados em sua frente.

— Espero que tenha ficado claro para todos vocês o que conversamos. — Concluiu rispidamente.

— Como vamos tomar café da manhã? — O garotinho de óculos perguntou. — Não existe mais cozinha.

O Diretor pareceu pensar por um momento.

— Vão ter que esperar.

O silêncio tomou conta do local, e ninguém se atreveu a falar mais nada, pois sabiam que, por mais que tentassem defender o que viram e o que aconteceu, o Diretor não iria os escutar, e talvez, até lhes darem algum tipo de punição. Porém, também sabiam que o Diretor possuía conhecimento do acontecido, apenas nunca admitiria.

A cada minuto que passava, a raiva de Tiago só aumentava. Não aguentava mais ficar olhando para a cara daquele homem. Camila estava desaparecida, e ele não estava nem aí. Mas não era surpresa alguma. O Diretor sempre esteve mais preocupado com a imagem que passaria à família que financiava o orfanato, do que com os órfãos.

Percebendo que ninguém falaria mais nada, o Diretor se virou e caminhou em direção ao corredor, junto de três Zeladores que estavam presentes no local. Antes de sumir pelo corredor, Walter lançou um olhar raivoso à Graça, que ainda estava parada na entrada do saguão. Ela apenas o encarou de volta, com uma cara de paisagem. Após isso, olhou para as crianças e adolescentes que a encaravam.

— Estão olhando o que, seus idiotas?

— Estamos com fome, Graça. — Uma garotinha comentou.

— Não é problema meu. — A Zeladora saiu cambaleando pelo corredor, até também sumir de vista.

☿ ☿ ☿

Uma semana já havia se passado desde o ocorrido. O Diretor e os Zeladores agiam normalmente perante a tudo que havia acontecido, e os moradores do orfanato ainda conversavam sobre o ocorrido, porém, escondido, pois uma nova regra havia sido imposta: todos estavam proibidos de saírem inventando "mentiras" como essa, ou seriam castigados severamente.

Camila realmente havia desaparecido, e a certeza de Tiago de que era ela quem estava na cozinha apenas aumentava ainda mais. Se perguntava se teria a encontrado caso também fosse sugado para aquela coisa, e se culpava por isso. Por que não foi? Por que justamente quando ele iria cair naquilo, a coisa simplesmente sumiu? Ele não entendia o que era aquilo, nem o que havia acontecido, e isso o frustrava.

Mas ainda tinha uma pouca esperança de que ela ainda estivesse por ali, e que nada de ruim tivesse acontecido com ela. Porém, ele sabia, no fundo, que era uma falsa esperança, e não se conformava com isso. Nunca mais a veria novamente? Já havia dias que não conseguia dormir direito, pensando no que poderia ter acontecido. Ela não estaria morta, estaria? Não queria nem pensar nessa possibilidade.

Olhou para o relógio digital em cima de uma cômoda, ao lado da cama da frente, e percebeu que eram duas e quinze da manhã. Os moradores do orfanato eram obrigados a irem dormir às nove, e desde aquela hora, não conseguiu nem ao menos fechar os olhos, como sempre. Seus sonos eram substituídos por pensamentos do que poderia ter acontecido, e por lembranças que passara com sua amiga, pensando que nunca mais poderia viver nada ao lado dela, o que a fazia se sentir exausto durante o dia.

Resolveu se levantar. Precisava sair um pouco e respirar ar puro. Então, saiu do quarto com o maior cuidado do mundo. Estava acostumado a andar pelo orfanato durante a madrugada. Já lhe era algo rotineiro, então, não sentia medo de ser pego. Sabia como não ser.

Desceu a escadaria na ponta dos pés, e ao chegar no último degrau, olhou para o portal sem porta que dava acesso ao pátio, o que o fez lembrar do dia em que a misteriosa luz azul pareceu os atrair até lá; o dia em que poderia ter perdido a garota que amava para sempre.

Resolveu ir na direção oposta. Seguiu pelo corredor, sem rumo. Apenas queria andar. Passou pela biblioteca, e se recordou de que fora naquele corredor que encontrou Camila, antes de irem até a sala do Diretor.

Continuou caminhando enquanto se lembrava daquele dia, o último dia em que a viu; de quando se sentaram nas poltronas e começaram a escolher o que assistir; de quando ela colocou em um canal que falava sobre universos paralelos e como seus olhos brilharam no momento. Ela sempre gostou daquele tipo de assunto, e todas essas lembranças o fizeram sorrir melancolicamente.

O documentário.

Parou de caminhar abruptamente. Ficou estático, e se recordou sobre o assunto do documentário. Universos paralelos. Ainda se lembrava das palavras da repórter, que pareceram fantasiosas para seus ouvidos, quando escutara.

"...a partir dessa madrugada, o nosso universo e outro irão se conectar, vibrando em uma frequência igual, o que tornaria mais fácil a passagem de ida para o outro universo."

Não poderia ser, poderia? Afinal, isso nem era verdade.

Ou era?

Olhou para a porta em sua frente, e se viu parado diante da sala do Diretor.

Universos paralelos...

Aquela coisa seria algum tipo de passagem para um universo paralelo? Por mais que não acreditasse nessa possibilidade, era a única explicação. Porém, se era verdade, por que Camila foi a única a ir para lá? Precisava descobrir. Mas como faria isso? Se ele continuasse ali, não iria conseguir saber de nada. Estava preso, sendo obrigado a omitir o que aconteceu; sendo obrigado a ignorar o fato de que sua amiga havia sumido.

Tinha que dar um jeito de saber o que estava acontecendo, e só havia um jeito de saber o que acontecia no mundo exterior, ali dentro.

Na noite seguinte, esperou até ter certeza de que todos já estariam dormindo. Olhou para o relógio digital, que ficava de frente para sua cama, e notou que estava marcando uma e quarenta e dois da manhã.

Se colocou de joelhos na cama, pegou seu travesseiro e enfiou a mão dentro da fronha, até sentir um rasgo no pano do travesseiro. Vasculhou o objeto até sentir algo diferente das espumas. Então, o pegou, e viu que era exatamente o que procurava. A chave da sala do Diretor.

Na semana anterior, a chave havia sumido, e como ele suspeitava de Tiago, foi imediatamente até o garoto, investigar se ele havia pego. Mandou os Zeladores vasculharem todo o dormitório dos meninos, inclusive todos os seus pertences, mas não acharam nada. Sempre foi bom em esconder o que não queria que alguém achasse.

Desceu a escadaria e rumou direto para o corredor. Passou por todas as bifurcações, até chegar na qual em que se localizava a sala do Diretor. Viu a porta de madeira mais à frente, e caminhou até ela. Olhou para os lados antes de colocar a chave no buraco da fechadura, torcendo para que o Diretor não a tivesse trocado.

A chave entrou e Tiago sorriu. Não sabia que aquele homem seria tão idiota a esse ponto.

Girou a chave na fechadura, e a porta abriu depois de um click. Entrou rapidamente, fechando a porta atrás de si, em seguida, e olhou para a sala. Não havia mudado muita coisa desde sua última vez ali, exceto pelas poltronas. Não eram mais as mesmas poltronas rasgadas de couro que vira da última vez. Agora eram de veludo verde, e estava em ótimo estado.

Se não estivesse na situação em que estava, teria gargalhado. O Diretor havia se doído com seu comentário sobre as poltronas rasgadas. Era realmente patético.

Resolveu começar a procurar pelo controle da televisão, aproveitando a luz da luminária que estava acesa, em cima da escrivaninha, e foi em sua direção. Olhou perto do computador e dos papéis. Não havia nada. Vasculhou as gavetas, torcendo para não estar na trancada. E felizmente, não estava.

Mais uma vez, o Diretor havia sido idiota o suficiente para fazer com que o trabalho de Tiago fosse facilitado. Apontou o objeto para a televisão e começou a zapear pelos canais, procurando um que falasse sobre o assunto que queria saber, apesar da hora.

— Vamos, vamos. Cadê? — Ele murmurou, impaciente. Será que não havia nenhum canal que passasse um noticiário de madrugada?

Parou de zapear por entre os canais quando viu um que chamou sua atenção. Tinha a foto de algumas pessoas, e na legenda estava escrito uma manchete.

"Pessoas desaparecem misteriosamente."

Ele aumentou o volume da televisão, não tão alto, mas o suficiente para que ele pudesse escutar, e ao fazer, a voz da repórter se tornou audível:

"...desde a semana passada, muitos desaparecimentos misteriosos começaram a ocorrer. Pessoas de todas as partes do mundo estão sumidas. Um número muito grande, se comparado a quantidade de sumiços que normalmente ocorrem em uma semana. Só em nosso país, já ocorreram por volta de trinta e três mil desaparecimentos confirmados.

As autoridades estão em uma investigação incansável, e muitas famílias estão sofrendo com os desaparecimentos.

Alguns teóricos da conspiração dizem que essas pessoas poderiam ter sido abduzidas por alienígenas, já que nenhum tipo de máfia poderia sumir com tantas pessoas assim, em um período tão pequeno. O que pode ser verdade para alguns, pois algumas pessoas afirmam terem visto misteriosas luzes azuis que sumiam do nada depois de um tempo, acompanhadas de fortes ventanias.

Testemunhas que afirmaram estarem com as pessoas desaparecidas no momento em que tudo aconteceu, disseram que uma espécie de luz azul, de formato circular, que parecia girar em volta de um centro negro, apareceu e sugava tudo para si, inclusive as pessoas que sumiram."

Tiago boquiabriu-se. Era exatamente o que ele havia visto na cozinha aquele dia. Então, também estava acontecendo fora do orfanato, e uma revolta o invadiu. Com certeza o Diretor estava sabendo disso. E o que fizera a respeito? Nada! Continuou tentando omitir o que ocorrera. Não havia ligado para o desaparecimento de Camila.

"Apesar de muitas pessoas defenderem essa hipótese, ninguém sabe dizer se isso é ou não verdade. Alguns cientistas dizem que essas descrições batem com as de um buraco negro, mas também dizem que seria impossível ter um buraco negro na Terra, em diversas partes do mundo.

O Presidente declarou a situação como um estado de emergência, e pede para que todos fiquem em casa até descobrirem o que de fato está acontecendo."

Tudo isso foi o suficiente para Tiago. Era tudo o que precisava saber. Desligou a televisão, colocou o controle de volta em seu lugar e saiu da sala, trancando a porta, em seguida. Olhou para os lados, verificando se não havia ninguém, antes de seguir pelo corredor.

Se deitou em sua cama minutos depois. Sentiu-se vitorioso, mas não feliz. Se Camila tivesse sumido como aquelas pessoas, e ninguém sabia para onde elas foram, ele também não saberia. Porém, conseguiu informações, e já era alguma coisa, não?

Bufou. Tentou se sentir otimista, mas nunca foi bom nisso. Camila era, não ele. Sentia muita falta dela.

Na manhã seguinte, escutou o alarme que indicava a hora de acordar ressoando, porém, Tiago já estava acordado. Não conseguira dormir à noite, pensando no que poderia ser feito a respeito de tudo que estava acontecendo. Mas se nem os cientistas pareciam ter a resposta, por que ele teria?

Após colocarem seus uniformes brancos — que particularmente, Tiago não gostava nem um pouco —, os meninos desceram e foram em direção à cozinha, que já havia sido mobiliada com tudo novamente. O Diretor Walter havia dado a desculpa para os Oliveiras, a família de deputados que financiava o orfanato, de que havia acontecido uma enchente, após uma chuva que supostamente teria inundado o local.

Ao sentar-se em uma das novas e grandes mesas, Tiago só pensava no que poderia fazer em relação a tudo o que aconteceu. Ele tinha se decidido de madrugada. Iria fugir do orfanato. Apenas fora daquele lugar ele talvez conseguisse alguma resposta.

Passou manteiga em seu pão, pensando se isso seria ou não o certo a se fazer. Sendo ou não, era o necessário. Mas como iria sair dali?

Olhou para Vitória, que estava na mesa da frente, de cara fechada como sempre, enquanto conversava com algumas meninas. Ela, supostamente, era a única pessoa daquele lugar que sabia como sair dali quando quisesse. Vitória era conhecida como uma pessoa encrenqueira ali dentro, o que fazia com que muitos tivessem medo dela, e não contassem sobre as suspeitas de escapadas da garota. Por conta disso, ela nunca era pega.

Sabia o que tinha que fazer, e por mais que seu orgulho gritasse para que não o fizesse, ele tinha que deixá-lo de lado. Era por Camila.

Algumas pessoas já estavam saindo da cozinha, algum tempo depois, após completarem suas refeições. Viu Vitória se levantando, e saindo pela nova porta que fora colocada. Resolveu fazer o mesmo e ir atrás dela, que felizmente estava sozinha. Não queria plateia diante de sua humilhação.

Conseguiu alcançá-la quando ela estava prestes a subir a escadaria.

— Vitória!

Ela se virou para encará-lo, parecendo intrigada.

— Tiago. Você está horrível. Pelas suas olheiras, suponho que não esteja dormindo muito bem. É por causa da sua namoradinha, não é?

— Eu preciso... pedir uma coisa. — Disse com dificuldade, tentando ignorar o comentário. Por mais que brincasse com Camila sobre Vitória gostar dele, era apenas uma tentativa falha de tentar pôr ciúmes em sua amiga. Não gostava muito da garota, e sentia que a empatia dela por ele também não a das maiores.

— Se fosse qualquer outra pessoa, eu iria ignorar completamente. Mas como é você, e sei que deve estar te custando muito dizer isso, vou escutar. — Ela se aproximou dele, visivelmente interessada.

— Pois é, eu sei que você gosta mais de mim do que realmente aparenta. — Sorriu forçadamente, tentando, de alguma forma, não se sentir por baixo, por conta do que estava fazendo. — Bem, todo mundo fala que você some por aí, à noite. Você sabe como sair do orfanato, não sabe?

Ela arqueou uma sobrancelha para ele.

— E por que eu te diria?

— Porque... eu preciso sair.

Vitória, agora, parecia estar surpresa mais surpresa do que nunca.

— Hum... talvez eu possa te ajudar. Mas vai custar alguma coisa.

— Claro. — Bufou. — Me diga então, o que você quer?

— Eu sei que você tem a chave da sala do Diretor. Eu quero ela.

Ele arregalou os olhos para.

— Não sei do que...

— Ah, vamos! Não sou a única que sabe como burlar as regras aqui. Eu sei que você também sabe. Quero a chave, ou nada feito.

Pensou por um momento. Conseguir aquela chave não havia sido fácil, e iria dar de mãos beijadas para Vitória. Porém, seria um mal necessário. Apenas suspirou e assentiu. Era por Camila.

— Ótimo. — Vitória deu um sorriso de triunfo. — Me encontre aqui, no pé da escadaria, hoje, às onze.

— Eu vou... fugir de noite?

— Claro. Quer o quê? Fugir de dia? — Ela riu ironicamente. — Eu não sabia que você era burro assim.

Tiago fechou a cara com o comentário, mas resolveu não falar nada, pois precisava de Vitória, que com qualquer comentário, poderia mudar de ideia. Bufou com esse pensamento, odiava depender das pessoas. Mas era por uma boca causa.

Era por Camila.

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