Não me veja.

By SSMSantos

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Você já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. M... More

Personagens.
Apresentação.
Sinopse.
Alessandra - Capítulo 1
Teóphilo - Capítulo 2
Alessandra - Capítulo 3
Teóphilo - Capítulo 4
Alessandra - Capítulo 5
Teóphilo - Capítulo 6.
Alessandra - Capítulo 7.
Teóphilo - Capítulo 8
Alessandra - Capítulo 9
Teóphilo - Capítulo 10
Alessandra - Capítulo 11.
Teóphilo - Capítulo 12.
Alessandra - Capítulo 13.
Teóphilo - Capítulo 14.
NÃO É CAPÍTULO.😳
Alessandra - Capítulo 15.
Teóphilo - Capítulo 16.
Alessandra - Capítulo 17.
Teóphilo - Capítulo 18
Alessandra - Capítulo 19.
Teóphilo - Capítulo 20.
Alessandra - Capítulo 21.
Teóphilo - Capítulo 22
NOTA.
Alessandra - Capítulo 23.
Teóphilo - Capítulo 24.
Alessandra - Capítulo 25.
Teóphilo - Capítulo 26
Alessandra - Capítulo 27
Teóphilo - Capítulo 28
Alessandra - Capítulo 29.
Teóphilo - Capítulo 30.
Alessandra - Capítulo 31
Teóphilo - Capítulo 32.
Alessandra - Capítulo 33
Me Ajudem!
Teóphilo - Capítulo 34.
Alessandra - Capítulo 35
Alessandra - Capítulo 36
Teóphilo - Capítulo 37.
Alessandra - Capítulo 38
Teóphilo - Capítulo 39
Alessandra - Capítulo 40
Teóphilo - Capítulo 41
Alessandra - Capítulo 42
Teóphilo - Capítulo 43
Alessandra - Capítulo 44.
Teóphilo - Capítulo 45
Alessandra - Capítulo 46
Teóphilo - Capítulo 47.
Alessandra - Capítulo 48.
Teóphilo - Capítulo 49
FELIZ ANO NOVO!
Alessandra - Capítulo 50.
Alessandra - Capítulo 51.
Teóphilo - Capítulo 52
Alessandra - Capítulo 53
NÃO É CAPÍTULO.
Alessandra - Capítulo 54
Teóphilo - Capítulo 55
Teóphilo - Capítulo 56
Teóphilo - Capítulo 57
Desculpas.
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 59
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 60.
Teóphilo - Capítulo 61
Teóphilo e Alessandra - Final.
Agradecimentos.

Teóphilo/ Alessandra - Capítulo 58

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By SSMSantos

Teóphilo.

Percorremos vários quilômetros de estrada. São no total setenta quilômetros, totalizando uma hora e vinte minutos de total e completa ansiedade. Por sorte e pelo horário avançado, a rodovia está quase vazia. Poucos carros circulam pela BR e isso facilita demais nossa locomoção.

Olho para o relógio e já passa de uma hora da manhã.

Jogo meu braço para o lado de meu corpo e pego o celular. Começo a fazer algumas pesquisas e me lembro de verificar uma informação.

– Já sabemos em qual cemitério a mãe de Bernardo foi enterrada? Bueno tem um cemitério e uma funerária, mas tem alguns cemitérios próximos na cidade de Ouro Fino. Pode ser que ela tenha sido enterrada em um desses locais fora de Bueno. – Digo pesquisando sobre o assunto na internet. – Como é o nome dela mesmo? – Pergunto tirando os olhos do aparelho.

– Só um momento, eu esqueci o nome dela. – Paulo folhear o dossiê sobre a vida de Bernardo. – Ah, sim Betina Josefa de Oliveira, tinha sessenta e quatro anos quando veio a óbito. O diagnóstico de câncer veio um ano antes de falecer. Peguei o relatório médico dela junto com o dossiê de Bernardo. – Paulo folheia a pasta. – Ah, sim! Ela teve metástase, ela começou sentindo dores nas costas depois de uma queda em sua casa. Foi através de um exame de raio-x que foi identificado o problema. – Ele lê de forma rápida pulando informações. – Ela fez uma cirurgia de emergência, mas não resistiu por estar bem debilitada. Ela está enterrada no cemitério Municipal de Bueno Brandão. – Ele suspira. – Nossa que dó cara! Uma pessoa com uma doença dessa, se submeter a uma cirurgia, #é pedir para morrer. – Ele meneia a cabeça e fecha a pasta.

– A morte é algo bem complicado, ainda mais de alguém tão próximo a nós. Só quem passou sabe o quanto isso nos machuca. Passam os dias, meses e anos, mas a cicatriz fica ali para nos lembrar sempre do acontecido. – Ele anui.

– Com certeza. Apesar de amenizar a dor com o passar dos anos, ela continua lá nos afligindo, mesmo que não diariamente. – Suspira de forma ruidosa. – Algumas vezes todos nós entramos em situações que fogem de nosso controle, coisas ruins acontecem, mas não devemos nos culpar, nada do que aconteceu é nossa culpa Teóphilo. Tá legal? Eu prometo que você verá sua esposa novamente. – Anui.

– Paulo, obrigado cara! Você e a Bárbara tem feito muito por mim e não sei se um dia vou conseguir retribuir. Obrigado. – Ele toca meu ombro e sorri em conformidade.

– Nós vamos lutar com todas nossas armas meu amigo, você é um lutador, é um vencedor e nós vamos vencer essa guerra. – Suspiro e limpo meu rosto com as mãos. – Conosco temos uma comitiva de carros da polícia, se Bernardo tentar fugir ele não sairá do lugar, pois estará cercado. – Anui.

Conforme nos aproximamos da cidade, minha ansiedade fica ainda maior, então me concentro em minha respiração e vou fazendo os exercícios para que o pânico não me tome. Vou convergindo meus sentimentos ruins em lembranças boas com meus pais, com Maxwell, com meus tios e com Alessandra. Fico concentrado nisso até ouvir meu celular tocar.

– Téo, como vai irmão? – Maxwell pergunta e isso enche meu coração.
– Oi Max, o que faz acordado até uma hora desses? – Ouço o farfalhar de lençol.

– Não consigo dormir. – Ele suspira. – Minha mente não desliga. Ela está tão cheia de teorias e tantas outras coisas que não consigo pregar os olhos. –  Ele solta o ar de forma ruidosa. –  Cara é tanto problema, tanta bucha para resolver que dá vontade de jogar tudo para o alto e sumir. –  Sorrio. – Sério irmão! Até sinto sono, mas não consigo dormir. – Ele funga. – Como você está? Estou muito preocupado com você. – Ouço seu suspiro.

– Na medida do possível bem Max! Uma hora está melhor, em outra pior, nada fora do normal para mim. – Ele funga novamente. – Cara aconteceu alguma coisa? Por que está fungando? – Será que ele está chorando?

– Não foi nada, é só um resfriado, nada de grave fique em tranquilo. Elisa tem me ajudado muito, ela comprou alguns comprimidos e xaropes, tenho tomado um chá que tia Dalva pediu para ela fazer para mim, preciso melhorar logo, cara! É horrível ficar com coriza ainda mais quando estamos no meio de uma reunião. – Sorrio. – Ela e Edgar tem trabalhado juntos e foram eles que acharam os erros. Ela também tem visto os processos contra a construtora, Elisa é muito boa no que faz. Fico admirado ao ver sua dedicação, Edgar está encantado, não parou de falar dela um só minuto. – Sinto que ele está enciumado. – Amanhã, teremos mais uma reunião com o pessoal da construtora. Você acredita que eles maquiaram os demonstrativos contábeis superfaturando a obra para obter vantagens? E pelo jeito não é só com nossa empresa que isso vem acontecendo. Eles têm obras em várias partes do Estado e por conta desse acidente com nossa fábrica eles serão investigados e se for provado eles estarão encrencados. – Ele espirra. 

– Se os caras fizessem o trabalho certinho, sem falcatruas, com certeza as coisas estariam seguindo um fluxo totalmente diferente, como eles escolheram enganar os outros então o fim deles é esse, cadeia e/ou prestação de serviço comunitário.  – Inclino minha cabeça no encosto do estofado do carro. – Mas, então a Elisa está gostando das investidas do Edgar? Por que meu caro, Elisa é um mulherão e só cego para não ver, né? Edgar é que está certo, uma garota assim não se acha em qualquer lugar, então tem que jogar com as armas que tem e ver se ela cai na rede se cair, é sereia! – Digo e ouço ele suspirar.

– Eu não sei como ela reagiu, não sou responsável por ela e muito menos por cuidar de Elisa. – Ele diz debochando. – Além disso ela é maior de idade, vacinada e sabe o que faz, se ela cair nas investidas dele... que ela faça bom proveito. – Dou risada ao ver como ele ainda não caiu em si e quando isso acontecer espero não ser tarde demais. – Bom, não liguei para falar de Elisa e sim saber como você está e se já sabem de alguma coisa. – Muda de assunto.

– Antes de sair de São Paulo, o DOPE encontrou as pessoas que pegaram Alessandra no aeroporto. Lá eles também encontraram o corpo do pai dela e... – Ele me interrompe.

– PUTZ! Cara, como isso aconteceu? Meu Deus, como a Alê deve estar? – Suspiro. – E a família dela já sabem? Quer dizer do que aconteceu ao seu sogro? – Diz sem respirar.

– É bem provável que todos já saibam. Assim que tia Guiomar e tia Dalva contaram para elas sobre o desaparecimento de Alessandra, elas foram para São Paulo. Nós conversamos um pouco e Bárbara deixou um delegado no comando para encontra-lo. Assistimos um vídeo no centro de Controle de Operações no Aeroporto de Guarulhos e nele vimos senhor Jamal e mais um homem saindo de lá como grandes amigos e horas depois ele foi identificado e dado como morto em um bairro da capital paulista. Não temos certeza, mas é bem provável que o pai de Alessandra esteja envolvido com o sequestro dela. – Ouço Maxwell xingar.

– Caramba! Parece até coisa de filme. Se isso for verdade, o pai dela é completamente desequilibrado Téo! Quem em sã consciência faria algo assim, que daria a filha... – Ele se cala.

– Sei bem o que está pensando Max, fique tranquilo. Quem sou eu para falar algo. Eu a tomei para mim para pagar a dívida do pai, então... – Dou de ombros. – Um pouco antes de voltar para Minas, eu recebi a notícia sobre a morte do senhor Jamal. – Eu suspiro forte. – Irmão, eu desesperado, pois tenho quase certeza de que o maluco que a sequestrou matou o pai dela em sua frente. – Ele xinga mais uma vez.

– Cara, que situação terrível! Posso imaginar o que ela está passando, na verdade podemos. – Ele tosse. – E onde você está? Você disse que estava saindo de São Paulo, pra onde está indo? Está voltando para casa? – Olho para fora e vejo a entrada da cidade de Bueno Brandão.

– Estou de volta a Minas Gerais, Paulo, Bárbara eu e mais um pelotão viemos para Bueno Brandão a procura de Alessandra. Pela localização o sequestrador a pegou e trouxe-a para cá. Estamos entrando na cidade e vamos ao encontro deles. – Suspiro. – Eu espero que o plano dê certo. – O carro vira uma esquina e logo vejo a placa indicando o cemitério Municipal. – Maxwell, preciso desligar, estamos a poucos metros de nosso destino. Mais tarde eu ligo para conversarmos. Até mais tarde. – Me despeço, desligo o aparelho e minutos depois estamos entrando no cemitério.

Bárbara desce do carro com Paulo e mais dois policiais, desço em seguida e fico observando as ruas e arredores. Olho para o grande portão e vejo as luzes dos postes iluminar algumas lápides. A cidade é uma daquelas que deixam o cemitério iluminado e isso facilitará e muito o trabalho da polícia. Dou alguns passos e entro na recepção, o cemitério tem salas como capelas velório, e em uma delas vejo a porta aberta com algumas pessoas do lado de fora.

Entro pelo corredor e olho para dentro da sala e vejo poucas pessoas do lado de dentro, ando um pouco mais e fico em um local que é uma espécie de sala de estar, ou sala de visitas algo do tipo. O local é bem iluminado, paredes brancas, alguns quadros nas paredes, é tudo muito simples, sento-me em uma das cadeiras disponíveis e aguardo meus amigos aparecerem.

Com meu olhar parado, foco em um ponto na parede. Sabe aquele momento em que o inconsciente busca relaxar? É como se o cérebro desligasse por um momento tentando se organizar. Parece que dura uma eternidade até ouvir a voz de Bárbara que me assusta.

– Téo, tá tudo bem? – Desvio meu olhar da parede, ela se senta com certa cautela.

– Ah, tá sim, eu só viajei aqui, me desliguei um pouco. – Ela sorri. – Conversaram com a pessoa responsável pelo local? – Ela anui.

– Conversamos com a uma senhora que trabalha para um serviço funerário da cidade, ela disse que a administração do cemitério tem um livro de registros de sepultamento e que está à disposição de qualquer um.  Paulo e Erick foram conversar com o responsável e ver se conseguimos encontrar o jazigo da mãe de Bernardo, achando o local o encontraremos. Já pedi para os rapazes se espalharem, assim  ficará mais fácil pegá-lo. – Anui. – Olha lá, eles vêm vindo. – Eae, deu certo? – Nos levantamos e seguimos até onde eles estão.  

– Sim, com o nome completo, data e ano da morte conseguimos encontrar onde ela foi enterrada. Você já liberou o pessoal para entrar? – Bárbara anui. – Ótimo, agora é nossa vez. Vamos, Teóphilo! Vamos pegar sua esposa. –  Meu coração dispara enquanto caminhamos para dentro do cemitério.

Somente a polícia está autorizada a entrar no cemitério, Bárbara dividiu os policiais e, todo o perímetro está cercado dentro e fora. Conforme vamos entrando, vejo alguns policiais andando pelos corredores que separam os jazigos, todos eles estão armados, vestidos com seus coletes e alguns com aparelhos de choque. Paulo e Erick vão na frente, eles estão com o numero da quadra onde o corpo da mãe de Bernardo está enterrada, vou andando seguindo-os a poucos metros atrás.

Ao longe, vejo um jazigo lindo, parece uma pequena casa, a arquitetura é simples e ao mesmo tempo moderna, com portas e janelas de vidro temperado, olho para cima e vejo algo escrito na parte. Ao observar melhor, vejo um homem ajoelhado em frente ao jazigo, ele está de costas, suas mãos estão na frente de seu corpo, seus cabelos são grisalhos com tons de preto e seu corpo está quase curvado. A seus joelhos, vejo uma pessoa deitada, ela não se move, como se estivesse dormindo. Vamos nos aproximando e conforme andamos até ele, meu sangue gela.

– Mas que droga está acontecendo aqui? – Exclamo sentindo todo meu corpo reagir ao ver o homem a minha frente.
 
Alessandra
 
Mexo-me e sinto meu corpo reclamar.
Abro meus olhos bem devagar e vejo o local escuro, as estrelas brilham intensamente, uma brisa fria toca a pele de meus braços e do meu rosto. Apoio minhas mãos e levanto meu tronco.

– Ah! – Gemo sentindo dor em todos os músculos do corpo. – Onde estou? – Fecho meus olhos novamente, após uma luz se acender. Ouço passos que param próximo a mim.

–  Que bom que acordou. – Olho em volta e reparo que estou em um quarto. – Já chegamos meu amor! Daqui a pouco você conhecerá alguém muito importante para mim. – Por alguns instantes, havia me esquecido de tudo. Queria que isso fosse um sonho ruim. – Tenho certeza de que tudo ficará bem a partir de agora. – Sua voz soa calma e aminada. – Está com fome, quer comer algo? – Obro meus olhos e vejo Bernardo me olhando atentamente com certa expectativa. Apenas anui e ele sorri. – Ah, que bom! Chegamos tarde e conversei com mamãe e ela me aconselhou a fazer uma comidinha rápida e nutritiva para você. – Ele sorri. – Volto logo, se quiser pode se levantar e tomar um banho. Tomei liberdade e arrumei suas roupas em nosso guarda-roupas, é simples e pequeno, mas deu para dividir o espaço. – Ele se ergue. – Vou verificar as panelas, daqui a pouco eu te chamo para vir jantar. – Ele se inclina para me beijar e eu viro meu rosto. Ele segura minhas bochechas e aperta me fazendo sentir dor. – Você agora é minha Alessandra então é melhor ir se acostumando. – Ele toca meu lábio inferior com seu polegar, solta meu rosto e sai me deixando sozinha no cômodo.

Não sei por quanto tempo eu dormi, só sei dizer que todas as vezes que eu voltava do desmaio eu sentia novamente o tecido em minha boca e nariz tampando minha respiração fazendo com que eu desmaiasse novamente.

Sento-me no colchão, olho ao redor e presto atenção no ambiente. Todos os móveis que compõe o quarto são de madeira maciça. O cômodo tem uma cama de casal bem grande, a cabeceira fica próxima a uma janela gigante de blindex, elevo meus olhos e no teto há um Coelux*, dando-me a visão do céu noturno.

Não faço a menor ideia de como vim parar nesse lugar e onde estou. Só consigo me lembrar de estar em um outro lugar, lembro-me de ver meu pai ser morto e ter ligado para Teóphilo.

Após Bernardo ter atirado em papai, eu consegui ligar para meu esposo e deixei o aparelho em ligação. Não sei por quanto tempo o aparelho aguentou, mas fiz de tudo para que Bernardo não notasse o que eu havia feito, sei que se ele tivesse desconfiado talvez ele também teria me matado.

Eu não sei o que Bernardo já passou em sua vida, mas pela maneira que ele surtou quando papai o xingou, ele deve ter um passado muito perturbador. Não consigo imaginar o que aconteceu, mas com seu descontrole posso imaginar.

Levanto-me da cama e procuro por meu sapato, mas não o acho, decido andar pelo lugar descalça, vejo minhas roupas onde Bernardo disse que estaria, dedilho na barra de algumas peças e sigo em direção a uma porta fechada, toco a maçaneta e abro-a me deparando com um corredor. Olho para os lados e decido sair do quarto, conforme vou andando sinto um cheiro delicioso de comida, ouço uma música antiga baixa e decido seguir o som, enquanto me aproximo, vejo uma sala integrada com a cozinha em ambiente aberto. O local é lindo bem decorado, com janelas enormes, todas em alumínio com vidro temperado. Com tons claros em predominância, a sala é um ambiente perfeito para a leitura de um bom livro. Em uma das paredes foi aplicado papel de parede deixando o lugar com um ar luxuoso e ao mesmo tempo aconchegante. Observo tudo atentamente e fico impressionada com tamanho capricho.

– É lindo, não é? –  Levo um susto ao ouvir a voz de Bernardo. – Mamãe sempre quis uma sala assim. Ela sempre foi uma pessoa muito limpa e sempre deixou a casa impecável. – Ele se aproxima limpando a mão em um pano. – Desde os móveis até os utensílios ela cuida com esmero. Confesso que sinto até medo dela em alguns momentos. Ela fica furiosa quando eu ou papai deixamos alguma louça suja ou entro em casa de sapatos. – Olho para meus pés e ele ri. – Eu os tirei antes de entrarmos. Se mamãe nos visse calçados com certeza seríamos severamente punidos. – Ele se vira.

– Onde estou Bernardo? Pra onde você me trouxe? – Ele sorri.

– Já te disse, estamos na casa de minha mãe. Ela quer muito te conhecer, ela fez questão de que eu a trouxesse aqui antes de irmos para nossa casa. Admito que estou bem ansioso para saber o que ela pensa de nós dois juntos. A opinião dela é muito importante para mim e se ela disser que não é não será! – Seus olhos claros me deixam com um medo absurdo. – Vamos até a cozinha estou terminando a cocção de uma massa. Fiz molho branco com queijo, quero acrescentar Champion, azeitona e frango desfiado. Acho que você vai gostar. – Ele pega em meu braço com certa força e me arrasta até a cozinha. – Senta aí, assim podemos conversar um pouco, quero te conhecer melhor já que agora estamos casados. – Meu estômago gela quando vejo ele abaixar e prender meu pé com uma algema nos pés de uma mesa de madeira, meus olhos fitam o homem e ele dá um sorriso ladino.

– Como assim estamos casados? Eu já sou casada Bernardo! Você ficou louco? – Seu sorriso aumenta. – Bernardo o que você fez? – Ele vira ficando com sua lombar encostada na pia.

– Louco eu estava quando deixei aqueles imbecis se aproximarem de você, tocarem você. Eles a tomaram de mim, Alessandra e nunca mais você sairá do meu lado. – Ele mexe em algo que esta na panela. – Enquanto você dormia lindamente, eu entrei em contato com algumas pessoas e fiz o pedido de casamento por procuração e a partir de hoje estamos casados! Eu também tenho meus advogados, tenho influência querida! Meu dinheiro paga muito bem essas pessoas para que eles façam o que eu ordeno. Na verdade, paga qualquer pessoa, quem eu quiser a hora que desejar. – Ele dá de ombros e sorri ladino.

– Você é louco, LOUCO! – Grito. – Ninguém tomou nada de você! Eu nunca fui sua ou de ninguém. EU sou dona de mim mesma. – Bato a mão no peito. – Eu nunca, ouviu, NUNCA vou aceitar esse casamento! – Ele ri me deixando com muita raiva. Ele se aproxima como um predador e toca meu cabelo, me esquivo e ele gargalha.

– Você quer brigar Alessandra, mas eu não vou cair na sua pilha. Estou feliz demais para começar uma briga com você. – Ele coça o queixo. – E a propósito, isso é uma das coisas que mais adoro em você! Essa sua marra, seu jeito de mulherão da porra me deixa louco, fico a ponto de rasgar essa sua roupa e te comer aqui mesmo. Você é deliciosa demais quando fica bravinha! – Ele me olha com tanta lascívia que me deixa enojada. – Preciso terminar de montar o prato, mamãe já, já estará aqui para te conhecer. – Ele volta as panelas. – Sabe eu fiz essa massa pois sei que você gosta. Ouvi você falando que sua comida preferida era massa e um dia eu a vi comendo e confesso que até a forma como você degusta uma refeição me deixa excitado pra caralho. – Ele escorre a massa do macarrão e em seguida coloca dentro da panela de molho branco e começa a colocar outros ingredientes.

– Bernardo...por favor, me deixa ir! – Peço e em seguida seu celular vibra, ele estende a mão me impedindo de falar algo e desliza a tela do aparelho. Ele sorri de uma forma tão espontânea que se não o conhecesse diria que Bernardo é uma pessoa incrível além de ser lindo.

– Mamãe já está pronta e me pediu para ir busca-la. – Ele se aproxima, se abaixa e tira a algema de minha perna. – Não tente fugir delícia, senão... – Ele ri ladino. Notei que esse sorriso é sua marca registrada.  – Você não vai gostar nenhum pouco de me ver nervoso. – Ele segura meu rosto e me dá um beijo rápido. Limpo a boca com o antebraço com força. – Já volto e fique à vontade. Agora, a casa também é sua. – Pisca se ergue e sai.

Olho em volta e me ergo, caminho para fora da cozinha e ando até a sala, toca na maçaneta da porta e ela está trancada, assim como janelas. Vou tentando abrir todas as portas e janelas na casa e nada se move. Entro na lavanderia e ouço Bernardo me chamar.

– Alessandra meu amor, venha aqui quero que conheça minha mãe. – Meu coração está acelerado, minhas mãos soam e não há como eu sair daqui. Respiro fundo e volto para a cozinha. Enquanto vou me aproximando vejo uma pessoa sentada em uma cadeira de rodas, ela está de costas para mim, seus cabelos são grisalhos na altura de seus ombros e estão muito ressecados e maltratados. Pelos ombros sei que a mulher é bem magra, ela usa uma blusa de lã, sandálias nos pés e usa calças também de lã.  Bernardo olha para trás e seu sorriso se amplia. – Venha minha querida, quero que conheça minha mãe. – Ele toca a cabeça da mulher e deposita um beijo.

Suspiro fundo e vou me aproximando quando vou dando a volta sinto um pavor absurdo olho para a mão da mulher e isso me faz olhar para ela e me assustar.

– Meu Deus! Bernardo o que...o que significa isso? – Coloco a mãos na boca cobrindo meu nariz e tento não vomitar.

– Alessandra essa é minha mãe, dona Betina Dona Betina essa é Alessandra minha esposa. – Olho horrorizada para a figura a minha frente. – Não seja tímida meu amor se aproxime e cumprimente mamãe, ela estava ansiosa por conhece-la. – Fixo meu olhar no homem a minha frente e agora tenha absoluta certeza de que ele é uma pessoa extremamente doente.

– Bernardo, sua mãe... ela, ela está...morta! – Seu sorriso se apaga e seus olhos brilham em fúria. Olho para baixo e vejo o que fora a mãe dele um dia.

– NÃO! ELA.NÃO.ESTÁ!  ELA.NÃO.ESTÁ! – Ele grita a pleno pulmões. Fecha os olhos, inspira e expira.

– Bernardo, por favor, se acalme. – Ergo minha mão em sinal para que pare. – Olhe para ela, sua mãe está morta. – Sua respiração está pesada.

– Não querida, ela está viva não está vendo? Venha e fale com ela, seja uma boa menina sim? – Ele abre os olhos. Eles estão vermelhos, mas o sorriso não sai de seus lábios.

– Não! Eu não posso fazer isso! Ela está morta! O que você fez, Bernardo? – Com a maior calma ele se senta à mesa posta para três, empratar o macarrão e coloca à frente de sua mãe, como se ela fosse comer. Ele se senta e faz o mesmo para ele. – Bernardo... – Ele ergue sua cabeça e em seus olhos vejo uma tempestade e isso me deixa em alerta. Volto meus olhos para a mulher sentada na cadeira de rodas e fico chocada com a constatação de algo. Não tenho certeza, mas acho que...

– Nós havíamos perdido papai há alguns anos, e com o passar dos anos vi mamãe definhando. Ela e papai eram apaixonadíssimos, eles viviam um para o outro e ver a dor e o sofrimento dela me deixou muito mal. Eu também sofri muito com a morte dele. Papai era nossa vida, ele era nosso herói, era nosso tudo e de repente estávamos sem ele, estávamos só. – Ele suspira. – Morei nessa casa minha vida toda e depois que terminei a faculdade e passei a atuar como advogado mamãe ficou extremamente doente e foi se definhando a cada dia. Paguei os melhores médicos para cuidar dela, a levei para fora do país para dar o melhor tratamento, mas nada adiantou. – Ele olha para ela e toca a mão ressequida. – Ela era o meu único parente, ela e papai foram filhos únicos e meus avós já haviam morrido quando nasci. Mamãe demorou para me ter, os médicos disseram que ela nunca poderia ter filhos, mas depois de vinte anos tentando finalmente ela engravidou.  Ela me contava que foi uma gravidez de risco, mas que vivia feliz por saber que estava gerando uma vida dentro de si. Então eu não admitia perdê-la para uma doença maldita! Descobrimos a doença depois de uma queda, ela passou a sentir muitas dores, levei-a ao médico e foi descoberto um câncer. Papai já tinha nos deixado antes de me ver formado na faculdade e eu não aceitava ter que perder ela também. – Seu olhar demonstra dor e sofrimento. – Um dia, mamãe ficou muito mal e ela me pediu para ir para o hospital, até então ela não aceitava o tratamento, eu quem impunha tudo, pois queria vê-la bem e viva. Nesse dia, fui trabalhar pois tinha uma audiência e deixei-a no hospital, mas antes de terminar meu expediente recebi um telefone me pedindo para ir até o local, pois o médico queria conversar comigo. Quando cheguei, ele disse que mamãe havia entrado em coma e que seu estava era irreversível. Confesso que fiquei arrasado e foi assim que passei a estudar sobre a mumificação. Vi estudos, me aprofundei em todas as formulas e meios de fazer dar certo e hoje você é prova viva de que isso deu certo. – Ele sorri.

Olho mais uma vez para o homem a minha frente e percebo que Bernardo não é apenas uma pessoa com problemas mentais graves ele é totalmente desequilibrado emocionalmente que vive em um mundo paralelo onde sua mãe morta e mumificada está viva. Parece que estou assistindo a um filme de Alfred Hitchcock.

– Como você... – Ele sorri ladino.

– Depois do velório, bem tarde da noite eu pedi para o coveiro desenterra-la, e para não ter nenhuma testemunha eu matei o homem e coloquei no lugar dela. – Meu sangue gela. – Trouxe-a para casa onde montei um local para poder mumifica-la e é assim que eu vivo hoje, com mamãe ao meu lado, para me apoiar. Sem ela eu não sou nada. – Ele se aproxima dela como se sua mãe cochichasse em seu ouvido. – Sério mamãe? Que bom que gostou! – Ele se vira para mim. – Ela disse que te achou linda e que aprova nossa união. Então Alessandra, a partir de hoje seremos, você, mamãe e eu vivendo felizes para sempre nessa casa. – Ele suspira feliz tocando mais uma vez a mão de sua mãe morta e eu me sinto apavorada demais para ter qualquer reação. – Não se preocupe, vou cuidar muito bem de você. Vamos comer, senão a comida vai esfriar e eu odeio comida fria. – Um sorriso maligno surge em seus lábios e eu engulo em seco.

– Teóphilo vai te encontrar, ele vai... – Ele se levanta rápido deixando a cadeira cair no chão. Me levanto e tento correr, mas ele é mais rápido e puxa meu cabelo e choca meu corpo contra a parede.

– Você acha mesmo que eu não vi o que fez sua vagabunda? Hã? Acha mesmo que eu não sabia que estava usando o celular do cretino de seu pai para mandar a nossa localização? Eu sou um jogador querida, e eu ainda estou jogando e se tudo der certo, nesse exato momento seu maridinho junto com seus amigos policiais estão recebendo uma grande5 surpresa! – Seu hálito quente bate em minha pele me fazendo arrepiar, mas não de forma boa. – Espero que eles gostem, pois fiz tudo com muito carinho. – Ele ri em meu ouvido. Meus pensamentos vão até onde meu esposo está e isso me causa uma crise de choro muito forte. – Não chore, como disse eu vou cuidar de você. – Ele puxa meu cabelo me fazendo andar até a cozinha, me joga na cadeira próximo ao corpo inerte de sua mãe. – Agora coma, você precisa se alimentar. – Ele se senta e volta comer como se tudo estivesse bem.

Tendo prender o choro, mas as lágrimas descem copiosas em meu rosto. Fico imaginado o que ele fez, o que aconteceu com meu Teóphilo.

Espero de coração que ele esteja blefando por que senão...

 
Teóphilo

 
– VIRE-SE BERNARDO! MÃOS NA CABEÇA ONDE POSSA VÊ-LA. VOCÊ ESTÁ SENDO PRESO PELO SEQUESTRO DA SENHORA ALESSANDRA FERREIRA SALAZAR! – Paulo diz com a arma em punho. Todos os policiais estão com as armas apontadas para o homem. Conforme ele se vira com dificuldade, observo seu rosto me causando uma confusão enorme.

– QUEM É VOCÊ? – Barbara pergunta com a arma apontada para o estranho. O homem, com o rosto totalmente machucado, está com os braços presos ao corpo, tem sua boca tampada com fita adesiva e seus olhos estão roxos e inchados. Definitivamente esse não é a pessoa que procuramos.

– Quem é você e porque está aqui? – Paulo abaixa a arma e segue até onde o homem está, retira a fita de sua boca e ele começa a tossir em seguida passa a sussurrar.

– Saiam daqui, agora! – O homem diz. – Saiam ou todos vocês morrerão. – Sinto um frio na espinha. O homem ergue sua cabeça me deixando com a certeza de que não está blefando. O homem tem cabelos brancos, mesmo com o rosto bem machucado se vê que deve ter no máximo cinquenta anos.

– Eu te conheço seu vagabundo, estou atrás de você a muito tempo seu salafrário! – O delegado de Carmo do Rio Claro diz. – Ele é um dos bicheiro mais procurados. – Ele se aproxima.  – Que história é essa, hã? Ninguém vai morrer aqui! O que você e seus comparsas estão armando, nos diga. – Delegado Brás diz com a arma em punho, ele e mais alguns policiais estão com a arma apontada para o homem a nossa frente. O homem tosse e muito sangue sai de sua boca.

– Me chamo Martin Santiago e eu ajudei Bernardo a sequestrar sua esposa Salazar. Mesmo depois de o ajudar, ele me sacaneou, aquele filho da puta desgraçado acabou comigo! Ele armou contra mim, ele pegou seus capangas e me bateram, mataram a minha acompanhante e colocou explosivos em seu corpo. – Todos se assustam enquanto ele olha para o corpo inerte a seus joelhos. – Eu não posso me mover, pois a bomba será acionada assim que me distanciar do corpo da moça. – Olhamos para o chão e vemos o artefato preso aos dois. – Então se querer ver sua esposa viva, saia daqui.  Todos vocês, saiam daqui, pois eu já não aguento mais ficar nessa posição. Estou com partes do corpo quebrada e eu só aguentei firme para poder falar isso. – Ele tomba o corpo e ouvimos um apito e logo para. – Saiam, por favor. – Paulo se abaixa e verifica o explosivo e logo se levanta.

– Todos, corram,AGORA! Ele está morrendo e quando o corpo dele ceder ao chão tudo ao seu redor vai junto com ele. Corram! Vai, vai. – Nesse momento começa uma correria enorme e todos se afastam causando um enorme tumulto.

Segundo depois sinto um impacto sobre meu corpo e logo sou arremessado ao chão, não sinto nada, apenas meu corpo leve, minha mente flutua e apago com a certeza de que estou perto do fim.


Boa noite pessoal,  como estão?

Estou com problemas em meu notebook e não pude colocar as imagens e figuras. Mais tarde quando meu amigo quiser trabalhar de verdade eu ponho. ( Como disse coloquei as figuras horas depois. kkkk)

Espero que gostem do capítulo.
Beijo grande procês!

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