(Sobre)vivendo ao novo │✔│

By GiovanaLazarin0

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Melissa Kanaderes não tem do que reclamar acerca de sua vida, a não ser a dor latente da perda de seu melhor... More

✧ Dedicatória ✧
✧ Nota ✧
Prólogo
I - Lidando com o novo
II - Acomodações
III - Un amico
IV - A luta
V - Novidades na cabeça
VI - Um presente de família
VII - Primeira má impressão
VIII - A festa
IX - Desculpas e... um navio?
X - Tomando a frente
XI - Um navio estranho
XII - Te conhecendo de novo
XIII - (re)começo
XIV - Um motivo maior
XV - Meu primeiro monstro
XVI - Bela destruição
XVII - Pela nossa amizade
XVIII - Guru do amor
XIX - Um presente necessário
XX - Aprendendo com você
XXI - Karma
XXII - Minha incríveis ideias de jerico
XXIII - Sendo sincera
XXIV - Acerto de contas (e um pouco de água)
XXV - Lar doce lar
XXVI - Verdade seletiva
XXVII - Um sonho estranho
XXVIII - Dolce illusione
XXVIII - Conversa alheia
XXIX - Ponto de inflexão
XXX - Pelo olhar de Luke Castellan
XXXI - Eu enfrento as sósias das Panteras
XXXII - Tudo vai ficar bem
XXXIII - Enfim outono
XXXIV - A cidade eterna
XXXV - Olá, pai
XXXVI - Há um traidor
XXXVII - Rumo inesperado
XXXVIII - Uma dose de impulsão
XXXIX - Meu primeiro espólio
XL - Adeus (ou pior que isso)
XLII - O alento da guerra
XLIII - Meu encontro com um leão-cabeça-de-bode
XLIV - Uma pausa no tempo
XV - Deja vu
Epílogo
✧ Notas finais ✧

XLI - Uma legítima filha do mar

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By GiovanaLazarin0

Assim que Percy entrou no chalé, lhe pedi que me ajudasse a ir até a praia.

A chuva torrencial já havia passado, embora ainda houvessem nuvens bem escuras pairando acima de nós, com alguns raios cortando o céu de tempos em tempos. Também ventava muito, um vento tão frio e cortante que eu só queria me enfiar em um casaco quentinho e me safar dele.

— É uma boa ideia, funciona comigo. Não sei como não pensei nisso antes — ele comentou enquanto íamos até o mar, que insistia em estar violento.

— É... talvez funcione — murmurei meio inconsciente, a dor tinha voltado com tudo. Minha barriga latejava de um jeito intermitente, me causando tontura e muita vontade de vomitar. Eu havia decidido tirar o curativo, para facilitar as coisas, então gotinhas de sangue iam se espalhando por onde eu passava — Pelos deuses, se isso não funcionar eu juro que vou me entupir de analgésicos. Ai, maledetto dolore (maldita dor).

Depois do que me pareceu uma eternidade, embora tenha sido apenas alguns metros, nós chegamos a praia. Entrei no mar até a altura dos joelhos e precisei de muita força nas pernas para que aquelas ondas impetuosas não me carregassem até o meio do oceano. De início, não aconteceu nada, só um frio descomunal por causa da água gélida e da ventania insensível que corria adoidada, arrepiando cada pelinho do meu corpo.

— Ótimo — resmunguei, entediada enquanto me equilibrava pateticamente — Acho que não tenho esse superpoder de se curar com água, melhor me contentar com os remédios.

Quando estava prestes a dar o fora dali, senti algo gelado subindo em minha coxa. Abaixei meu olhar e... pasmem! Era água! Pisquei algumas vezes para ter certeza de que não estava delirando.

— É isso aí! — Percy bradou — Você é uma filha do mar, Melissa! Yeah!

Aquela empolgação era, no mínimo, engraçada, mas ela fez com que diversos olhares curiosos se voltassem para nós. Em questão de segundos, havia uma mini plateia olhando atentamente a magricela de shorts e top com um corte sangrando na barriga, metida até o joelho naquele mar revoltoso e congelante.

Fiquei observando as pequenas veias de água que escalavam minhas pernas, elas chegaram a minha barriga e se aglutinaram sobre o meu ferimento, formando uma capa cristalina, uma sensação gelada tomou conta do meu corpo. A água continuou a se envolver em mim, cobrindo cada machucado, cada ralado que encontravam. Depois do que meu pareceu alguns muitos minutos, ela foi voltando pelo mesmos caminho da ida, se juntando ao restante do mar.

Eu me sentia renovada, como se tivesse dormido por vinte horas direto.

Olhei estupefata para cada parte do meu corpo, mas não havia nada, corte, sangue, nada. Eu estava novinha em folha. O único resquício era uma pequena cicatriz avermelhada na barriga, mas ela não doía nem nada do tipo, apenas existia ali.

Confesso, aquilo era incrível!

Houveram algumas palmas e assovios, o que me deixou morta de vergonha. Depois disso fui para o chalé, precisava urgentemente de roupas quentinhas.

Peguei uma calça de moletom que Delilah havia colocado na mala, a camiseta do acampamento e o casaco que não devolvera a Luke, e nem iria devolver, já o havia confiscado.

Ele tinha o seu cheiro, o que aquecia meu coração, usá-lo era quase como se ele estivesse me abraçando.

Fitei os dois anéis em minha mão esquerda, um solitário com uma pedra de água marinha, que magicamente se tornava a minha espada, e um anelzinho prateado simples, mas que era tão importante para mim quanto qualquer outro. Era o nosso anel de amizade.

Me lembrei das inúmeras vezes em que encarei o anel chorando, dizendo a mim mesma que a morte de Luke não era real, que uma hora ou outra ele iria adentrar pela porta de casa, que ele iria voltar. Ou quando comecei a conversar com o anel, isso me fazia sentir que conversava com ele, embora eu me sentisse um pouco mais perto de enlouquecer por completo.

Lembrar disso era estranho, me pareciam memórias tão antigas, tão longe de onde eu estava agora. Tanta coisa havia mudado nos últimos meses, tudo havia virado de cabeça para baixo de um jeito abrupto. Mas, em compensação, eu havia ganhado Luke de volta, ele ainda existia. No fim, aquela Melissa chorosa estava certa ao menos de uma coisa: Luke ainda estava vivo.

Mas, isso também me lembrava da forma como ele havia se despedido de mim, como se realmente aquilo fosse uma despedida. Isso fez meu coração se comprimir em meu peito, não era possível que aquilo fosse uma despedida... não, não, não.

Luke iria voltar, nós ainda nos veríamos antes da guerra.

E depois dela, tudo ficaria bem. Eu me agarrava a essa promessa: tudo iria ficar bem.

Nós iríamos viajar pela Itália, iríamos nos entupir de gelato, iríamos ser felizes.

Lavei meu rosto na pia do banheiro para afastar todos aqueles pensamentos que consumiam minha energia, não iria me preocupar com o passado ou com paranoias, haviam coisas mais importantes naquele momento.

Saí do chalé e fui em busca de algo para fazer.

Percy me contou que a reunião fora caótica, o que não era uma novidade, mas que havia sido... norteadora. Foi decidido aumentar ainda mais a patrulha, por conta da nossa barreira desintegrada. Também iriam até o Olimpo para se reunir com os deuses, eles poderiam nos ajudar em alguma coisa, no mínimo oferecerem alguma ajuda.

Me encontrei com Nick no caminho até a enfermaria.

— Hey, campeão! — gritei ao vê-lo.

— Senhorita! — um sorriso brincou em seus lábios — Parece que está novinha em folha, não é mesmo?! Ouvi dizer do que fez lá na água, poderia estender a cortesia aos seus amigos, hein?

Ele estava com o braço esquerdo totalmente enfaixado e coberto de ralados pelo corpo, tudo resultante da batalha de mais cedo.

— Eu não sei — fingi ponderar, batendo meu indicador no lábio inferior — O que você me daria em troca?

— Minha eterna gratidão? Ah, e alguma comida da lojinha ilegal.

Soltei uma gargalhada.

— Aceitarei, mas por causa da comida.

Ele passou seu braço bom por meus ombros e voltamos a caminhar.

Fui passando os olhos por todo o lugar, as pessoas caminhavam para lá e para cá, tentando, mais uma vez, reconstruir o que havia sido devastado no ataque. Mas, a maioria dos campistas estava nas quadras treinando. Eles gritavam e atacavam bravamente, empunhando suas espadas, lanças ou mesmo flechas em inimigos invisíveis.

— Estamos dando o nosso melhor — murmurei comigo mesma.

— Sim — Nick, que havia escutado, concordou — Mas, eu realmente rezo para que o nosso melhor seja suficiente, porque se não for, nós estaremos muito ferrados.

— Reconfortante.

— E esse casaco, hein? Roubou do seu irmão?

— Não. É meu.

— Eu imagino.

— Cale a boca, Nickolai.

Chegamos a enfermaria, mas já estava tudo em ordem. Todos os pacientes descansavam em seus leitos, alguns mais pareciam uma múmia com o tanto de parte do corpo enfaixadas. Cumprimentei Hayley com um abraço e fui obrigada a erguer minha camiseta e passar por uma vistoria, só para que ela se certificasse de que eu realmente estava curada, livre de qualquer ferimento.

— Eu não acredito no que vejo — ela olhava atentamente minha barriga — É incrível, só uma cicatriz! Nada mais! — ela se endireitou e pensou por um instante, antes de estalar os dedos — Será que você não aceita se voluntariar para uma ideia minha? Imagina se eu consigo canalizar a sua força de se curar para outra pessoa, por Apolo, isso seria incrível! Eu só preciso pedir que algum filho de Hefesto me ajude a bolar algum aparelho que... — eu não ouvi mais nada, Hayley tinha se afastado em busca de um papel, conversando consigo mesma.

Ergui minhas sobrancelhas para Nick, ele apenas deu de ombros, mas só com o lado direito.

— Eu não falo nada, Hay tem umas ideias que só ela entende. Apenas concorde e tudo certo.

Dei uma gargalhada.

Como não havia nada a ser feito na enfermaria, eu dei no pé dali antes que virasse um rato de laboratório.

Me esgueirei na quadra para treinar um pouco, me sentia tão ansiosa com tudo o que estava acontecendo que precisava extravasar, exaurir toda a ansiedade do meu corpo. E nada melhor para extravasar do que levar alguns murros dos meus queridos e civilizados colegas que faziam questão de manter fresca em minha memória meu doce título de traidora. 

Aquilo me dava medo, a guerra contra Cronos cada dia mais avançava para o seu estopim. O que significava uma hora ou outra eu teria de estar preparada para lutar em defesa do meu mundo, e eu queria dar o meu melhor. Prometi a Quíron que me esforçaria para ser uma boa guerreira e estava obstinada em me tornar uma, queria dar-lhe motivo para se orgulhar de mim.

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