(Sobre)vivendo ao novo │✔│

By GiovanaLazarin0

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Melissa Kanaderes não tem do que reclamar acerca de sua vida, a não ser a dor latente da perda de seu melhor... More

✧ Dedicatória ✧
✧ Nota ✧
Prólogo
I - Lidando com o novo
II - Acomodações
III - Un amico
IV - A luta
V - Novidades na cabeça
VI - Um presente de família
VII - Primeira má impressão
VIII - A festa
IX - Desculpas e... um navio?
X - Tomando a frente
XI - Um navio estranho
XII - Te conhecendo de novo
XIII - (re)começo
XIV - Um motivo maior
XV - Meu primeiro monstro
XVI - Bela destruição
XVII - Pela nossa amizade
XVIII - Guru do amor
XIX - Um presente necessário
XX - Aprendendo com você
XXI - Karma
XXII - Minha incríveis ideias de jerico
XXIII - Sendo sincera
XXIV - Acerto de contas (e um pouco de água)
XXV - Lar doce lar
XXVI - Verdade seletiva
XXVII - Um sonho estranho
XXVIII - Dolce illusione
XXVIII - Conversa alheia
XXIX - Ponto de inflexão
XXX - Pelo olhar de Luke Castellan
XXXI - Eu enfrento as sósias das Panteras
XXXII - Tudo vai ficar bem
XXXIII - Enfim outono
XXXIV - A cidade eterna
XXXV - Olá, pai
XXXVI - Há um traidor
XXXVIII - Uma dose de impulsão
XXXIX - Meu primeiro espólio
XL - Adeus (ou pior que isso)
XLI - Uma legítima filha do mar
XLII - O alento da guerra
XLIII - Meu encontro com um leão-cabeça-de-bode
XLIV - Uma pausa no tempo
XV - Deja vu
Epílogo
✧ Notas finais ✧

XXXVII - Rumo inesperado

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By GiovanaLazarin0

Eu nunca entendi muito bem a ideia de "cavar um buraco e se enfiar dentro", eu preferiria correr uma maratona a ter que me enfiar em um buraco escuro e abafado.

Mas, agora tudo o que eu mais queria era que o chão se abrisse e me consumisse, me carregasse para o mais longe possível de todos aqueles olhares acusadores e julgadores que me fulminavam impetuosamente.

Porém, o que mais me doía era o olhar de Nick e Hayley, eles estavam apavorados e preocupados. Me encaravam como se eu estivesse a um passo da morte.

— Melissa — Percy sussurrou para mim — Do que essa louca está falando? Isso é sério?

Me virei para meu irmão, ele parecia confuso, mas sua confusão sumiu ao se deparar com o meu rosto petrificado.

— Ah não — seus olhos se arregalaram — Ah céus.

Quíron também me lançava um olhar entristecido, mas não parecia surpreso. Estava mais para decepcionado, o que me cortou o coração. Ele vinha se empenhando tanto em me ensinar e ali estava eu sendo acusada de traidora na frente de todos.

Eu precisava dar um jeito naquilo, não seria taxada de algo que eu não era.

Respirei fundo em busca do oxigênio que havia escapulido de meus pulmões e me levantei do banco de pedra, minhas pernas estavam bambas como macarrão cozido.

Procurei por Lisa, ela estava uns cinco metros acima, apinhada entre seus irmãos. Seu sorriso para mim era de triunfo, parecia quase maquiavélico.

Eu sabia disfarçar quando era necessário, sabia argumentar. Só precisa reunir coragem e consegui emitir alguma coisa além de gaguejos.

— Lisa — comecei com calma, mas alto o suficiente para que todos pudessem ouvir, olhei diretamente para ela, sabia que se encarasse qualquer outro ali eu não seria capaz de fazer aquilo — Sinto muito, mas acho que você está enganada. Eu não mantenho contato algum com Luke Castellan desde o dia em que o vi no navio.

— Mentirosa! — ela disse com escárnio, suas mãos pousaram em sua cintura — Eu vi os dois diversas vezes, EU VI! Você tem se encontrado com ele para passar informações importantes sobre nossa preparação para a guerra, você está ao lado dele! Você é uma traidora, Melissa!

Por que diabos ela tinha me seguido? Será que não havia algo mais interessante em sua vida do que atazanar os outros?

— Se você acredita com tamanha fé no que diz, Lisa — disse calmamente, proferindo cada palavra em alto e bom tom. Meu rosto estava neutro, mas por dentro eu era um misto de vergonha, medo e muita raiva — Mas, me responda algo, o que você anda fazendo acordada às uma da manhã fora de seu chalé? Que eu me lembre o toque de recolher é as onze, não é mesmo?

Devolvi o troco com a mesma moeda.

Alguns olhares voltaram-se atentos para ela, esperando sua resposta, mas Lisa estava paralisada. Seu rosto me encarava com tamanho ódio que se pudesse, ela arrancaria meu pescoço ali mesmo. Agradeci mentalmente por estarmos a uma distância segura.

— Chega! — Quíron gritou antes que ela respondesse — Eu quero que as duas se dirijam ao meu escritório ao fim da reunião, por hora, esse assunto está encerrado!

Houveram algumas vaias, mas elas foram totalmente cessadas quando o Sr.D ameaçou obrigar todo mundo a fazer os piores serviços disponíveis no acampamento se escutasse mais algum burburinho relacionado às duas adolescentes insolentes que pensavam estar de férias em Ibiza (sim, caro leitor, ele disse exatamente isso. Exatamente isso).

Eu me afundei no banco novamente, meu corpo estava congelado, em choque. Conseguia sentir os olhares fuziladores em minhas costas, Clarisse fazia questão de me encarar com o mais puro olhar de nojo, como se eu fosse um saco de lixo que a muito deveria ter sido jogado fora.

— Você está bem? — Hayley cochichou, suas mãos pegaram as minhas e as apertavam, como se quisesse me passar um pouco de segurança. Quando assenti com a cabeça, incapaz de formar qualquer frase, ela me lançou um olhar triste — Vai dar tudo certo, Quíron sabe que você é uma pessoa boa, ele vai acreditar em você.

Mas, eu duvidava muito de que sairia ilesa daquela conversa. Sua expressão não havia sido de espanto, mas de decepção, o que era pior ainda. Eu o havia decepcionado e, embora não o conhecesse a muito tempo, me sentia horrível com isso.

— Hey, senhorita — Nick me lançou um daqueles seus sorrisos de que iria ficar tudo bem — Você arrasou com Lisa Clarke, estou orgulhoso!

Esbocei um projeto de riso, mas na minha situação ficou mais semelhante a uma cara de choro.

Percy também demonstrou seu apoio me dizendo que Quíron era justo e iria ouvir o meu lado da história antes de decidir qualquer coisa, que eu iria ficar bem.

Mas, o problema era que eu não queria contar o meu lado da história, porque ele era exatamente o que Lisa havia berrado para todos ali.

Não prestei atenção ao restante da reunião, meu cérebro travava uma árdua batalha entre ser totalmente sincera e ser tida como uma traidora ou mentir e fingir que não tinha mais contato com Luke.

Eu não sabia qual opção era a pior.

***

Meus passos até a Casa grande eram lentos e pesarosos, minha cabeça ainda ponderava sobre o que dizer.

Sabiamente, chamaram Lisa Clarke primeiro. Então, quando cheguei ao escritório de Quíron, ela já havia ido embora.

— Entre — a resposta abafada as minhas batidas foi tão rápida que por um segundo quis sair correndo dali.

Poderia voltar para Washington e nunca mais pisar no acampamento, assim não precisaria me explicar.

Mas, em compensação, minha mãe me mataria.

Adentrei o escritório e fechei a porta atrás de mim, ficando cara a cara com meu instrutor em sua cadeira de rodas mágica que escondia sua verdadeira forma, um centauro milenar.

— O senhor queria falar comigo? — perguntei sem animação.

— Sente-se.

Obedeci e me sentei em uma das cadeiras que haviam à frente de sua mesa. Eu não sabia o que fazer, então remexia minhas mãos nervosamente. Quíron me encarou pelo o que me pareceu uma eternidade, antes de pigarrear e dizer:

— Melissa — suas mãos se esticaram sobre a mesa — Quero que seja totalmente sincera comigo — uma pausa para que eu confirmasse, assim que o fiz, ele continuou — Você ainda mantém contato com Luke Castellan?

Puts. Tinha que começar justo pela única pergunta que eu não sabia o que responder?

Pensei em falar que não, na verdade a resposta ficou pendurada na ponta da minha língua. Seria mais fácil, Lisa seria acusada de mentir e eu me safaria, mas não o fiz. Eu havia acabado de lhe dar minha palavra que seria sincera. Além do mais uma mentira nunca é eterna, uma hora ela cai. E eu não queria cair de novo, chega de quedas.

— Sim — senti meus ombros pesaram, não falei mais nada, apenas abaixei minha cabeça e fiquei fitando minhas mãos trêmulas.

Será que eu poderia ser expulsa? Ou será que eu teria de pagar alguma pena? Ah céus, será que eles poderiam me matar por trair a honra do acampamento?

— Quando sua mãe me disse que você era filha de Poseidon, eu não acreditei de imediato — ele começou, indo totalmente contra ao que eu estava me preparando para ouvir — Fui até sua casa para ter certeza, crente de que ela estava enganada, afinal isso não era possível. Mas, ela não estava. Acho que você é capaz de imaginar minha surpresa ao constatar que, de fato, havia uma filha do deus do mar.

Espera, o que? Quíron já havia ido a minha casa?

— O q... — mas ele ergueu sua mão, pedindo que esperasse.

— Eu a vi com Luke Castellan, os observei por algum tempo, vi a amizade que haviam construído... vi como eram ligados um com o outro — ele sorriu consigo mesmo, como se houvesse se lembrado de algo bom — Todo verão, quando ele vinha para o acampamento, me contava inúmeras histórias suas, todas as suas aventuras e presepadas. Seus olhos brilhavam sempre que falava sobre você.

Eu estava incapacitada de falar qualquer coisa, minha cabeça não dava conta de processar tanta informação junta. Continuava encarando Quíron boquiaberta.

— Me lembro de um dia que ele ganhou uma corrida de bigas. Ele recebeu uma coroa de louros e, quando subiu ao pódio, disse que levaria a coroa para a sua amiga Melissa, que era apaixonada por tiaras.

Me veio à mente a vez em que Luke voltou de suas férias de verão com uma coroa de louros, ele me dissera que a havia comprado em uma lojinha de fantasias porque achara a minha cara. Eu usei a coroa direto por mais de um mês.

— Quando você apareceu no acampamento eu sabia que isso não iria acabar bem — seu semblante havia voltado a ficar sério — Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, você e Luke se esbarrariam e iriam voltar a se falar — ele me fitou com afinco — Vocês são essenciais um para o outro, não ficariam distantes nem mesmo se quisessem.

Sentia meu coração se revirando, eu não fazia ideia de que Quíron sabia tanto sobre mim ou sobre Luke.

Voltei a encará-lo, meu rosto tentava lhe transparecer minha vergonha.

— Sinto muito, senhor — um lapso de sorriso perpassou ligeiramente em seus lábios — Eu sei que não deveria manter contato com Luke, sei que ele é nosso inimigo, sei que isso não é certo, mas e-eu...

— Não diga que se arrepende de algo que não se arrepende verdadeiramente, Melissa, não traia a si mesma — ele se voltou momentaneamente para a janela — Você é como o mar, é impulsiva por natureza e odeia se sentir controlada.

Como alguém poderia conhecer tanto de mim? Como isso era possível?

— O que... o que vai acontecer agora, senhor?

Quíron se remexeu em sua cadeira de rodas.

— Não há nada que eu possa fazer — disse entre suspiros — Não há provas de que você tem saído a noite e confio no que disse lá na arena, que não mantém contato com Luke Castellan. Sei que não faria algo desse escalão.

Ali estava o meu instrutor milenar, o mais rígido, aquele que me cobrava demais, se fazendo de sonso bem na minha frente.

Um sorriso divertido se abriu em meus lábios.

— Então, eu estou livre?

— Bem, não exatamente. O Sr.D ainda vai querer aplicar alguma punição disciplinar, ele nunca perde uma oportunidade de reforçar seu poder — Quíron suspirou, revirando os olhos — Mas, no geral, você está liberada para voltar as suas atividades normais.

Pulei alegre da cadeira, meu coração ainda se retorcia, mas agora era de felicidade.

— Obrigada, Quíron, de verdade, muito obrigada — eu esperava que ele pudesse sentir a minha gratidão expressa naquelas palavras.

— Não há de que, Melissa — ele sorriu — A propósito, hoje é quinta-feira — eu voltei a encará-lo, minhas sobrancelhas se uniram, formando alguns vincos em minha testa — Não saia do seu chalé depois das onze, só por segurança. As pessoas do acampamento, ahn, gostam de conferir a veracidade das informações que surgem — em outras palavras, ele estava dizendo que elas eram fofoqueiras da pior espécie — Além disso, quando precisar... de um tempo sozinha, para refletir sobre a vida — outro sorriso brincalhão — Opte por ir pela floresta ao invés da colina, o caminho é um pouco maior, mas a chance de que seja vista é bem menor.

Eu não acreditei que estava ouvindo aquilo, meu coração agora estava à beira de um colapso pela quantidade de emoções as quais estava sendo exposto.

— Quíron... — procurava por palavras que explicitassem o que queria dizer, mas elas não meu vinham — Eu... eu... obrigada, eu acho que jamais poderei encontrar uma forma de lhe agradecer plenamente.

Quíron dobrou um de seus cotovelos, descansando seu queixo sobre a mão.

— Para mim, basta que se torne uma grande heroína, Melissa Kanaderes. E que pare de se meter em encrencas.

Enchi meu peito e lhe lancei um sorriso corajoso.

— Eu me esforçarei ativamente para isso.

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