ϙᴜᴀɴᴅᴏ ᴇsᴛᴏᴜ ʟᴏɴɢᴇ ᴅᴇ ᴠᴏᴄᴇ̂
ᴇsᴛᴏᴜ ᴍᴀɪs ғᴇʟɪᴢ ᴅᴏ ϙᴜᴇ ɴᴜɴᴄᴀ
ɢᴏsᴛᴀʀɪᴀ ᴅᴇ ᴘᴏᴅᴇʀ ᴇxᴘʟɪᴄᴀʀ ᴍᴇʟʜᴏʀ
ϙᴜᴇʀɪᴀ ϙᴜᴇ ɴᴀ̃ᴏ ғᴏssᴇ ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ
ᴍᴇ ᴅᴇ̂ ᴜᴍ ᴏᴜ ᴅᴏɪs ᴅɪᴀs
ᴘᴀʀᴀ ᴘᴇɴsᴀʀ ᴇᴍ ᴀʟɢᴏ ɪɴᴛᴇʟɪɢᴇɴᴛᴇ
ᴇsᴄʀᴇᴠᴇʀ ᴜᴍᴀ ᴄᴀʀᴛᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴍɪᴍ
ᴘᴀʀᴀ ᴍᴇ ᴅɪᴢᴇʀ ᴏ ϙᴜᴇ ғᴀᴢᴇʀ
━━━━━━━ ⸙ ━━━━━━━
𝐎 𝐒𝐨𝐥 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚𝐯𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐟𝐫𝐞𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐚𝐬 𝐠𝐫𝐚𝐝𝐞𝐬, 𝐢𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐠𝐮𝐚𝐫𝐢𝐭𝐚.
O lugar, que havia sido adaptado para um quarto, estava sendo ocupado agora não só por Glenn e Maggie, mas também por Kenny.
Depois que o menino descobriu sobre os "simples machucados" da azulada, ele mesmo sugeriu que o ela ficasse longe de coisas que pudessem fazê-la sentir-se mal ou ansiosa. Ou resumindo, perto do bloco de celas, que a lembrava facilmente de T-dog, Carol, e Lori.
A menina não contestou, e Maggie, por sua vez, ficou feliz em saber que estaria mais perto da garota.
Haviam improvisado um chão repleto de três colchões simples, os mesmos que estavam sendo usados pelas beliches na prisão. No entanto, estavam todos juntos dessa vez. Um chão de colchão, pra resumir.
A morena acorda quando escuta um som de algo se mexendo, e quando abre os olhos, enxerga Glenn, sentado na ponta do "quarto" observando a garota, e algo atrás dela.
Quando percebe, ela se sente abraçada com algo, e deduz que Maggie a abraçava.
O que foi uma surpresa para ela. Não só por estar abraçada com a mulher enquanto dormia, mas também por ter conseguido dormir por uma noite inteira, sem que suas interrupções de sono a atrapalhassem.
O Rhee sorria para a morena, e logo enxerga Maggie acordar aos poucos, também.
A mais velha se senta no colchão, e se espreguiça, isso, enquanto Kenny se mantinha deitada, bocejando feito uma criança. Algo que ela era.
— Bom dia, senhoritas — Glenn diz indo até elas, e depositando um beijo em Maggie, e um beijo na cabeça da menor.
— Nós dormimos por muito tempo? — Maggie pergunta, procurando seu relógio atrás do travesseiro.
— Na verdade, não — o Rhee afirma — Eu acordei a pouco tempo, fui lá embaixo conferir as coisas e tudo.
— O bebê está bem? — Kenny pergunta.
— Sim, está — ele sorri fraco.
— Eu estava pensando ontem a noite — Maggie inicia — Eu e o Daryl encontramos um centro comercial ontem, mas não exploramos.
— Nós poderíamos ir lá hoje! — Kenny diz, ansiosa — Nós três, juntos!
— Eu acho uma boa ideia — Glenn diz sorridente — O que você acha, Maggie?
Os dois olham para mulher com uma cara de cachorro sem dono.
— Porque estão olhando pra mim assim? — ela ri enquanto coça os olhos com as costas da mão, ainda sonolenta.
— Você é quem manda aqui! — Kenny exclama.
— Sim, eu concordo!
— Bom… — a Greene faz uma cara difícil, fazendo os dois não conseguirem prever sua resposta — Acho que nós podemos sim.
— Eba! — a mais nova comemora, abraçando Maggie, fazendo a mais velha soltar uma risada.
— Espera! — Glenn pega algo em sua mochila — Kenny, fica bem parada aí e… Sorriam!
Como quem não queria nada, as duas abrem um grande sorriso, lado a lado, e Glenn, aperta o "click", tirando uma foto das duas, que é revelada rapidamente pela polaroid velha e capenga.
— Agora teremos uma foto para se lembrar desse dia — o mais velho diz, balançando a imagem.
— Deixa eu ver como eu fiquei! — Kenny exclama indo até ele, tentando surrupiar a foto, mas o mais velho a levanta no ar, fazendo com que ela não conseguisse.
— Na-na-ninanão! — ele brinca, rindo da reação da menina — Só vou te dar essa foto se você matar mais errantes que eu hoje!
— Que? Isso é injustiça!
— Eu acho super justo!
— Maggie, fala pra ele que é injusto!
Os dois olham para mulher, esperando que ela defendesse um deles.
— Eu acho justo — fala.
— Aah, droga! — a mais nova se joga no colchão, derrotada, enquanto Glenn, balança os braços comemorando.
— Bem — ele para de comemorar, indo em direção a janela — Acho melhor nós irmos indo, antes que fique tarde para o almoço.
— Corrida até lá em baixo?! — a mais nova grita, já estando na porta.
— Que?! Kenny esper---
A garota sai correndo, e o menino, logo atrás dela. Deixando para trás, uma menina de cabelos curtos rindo da situação.
៚
Estavam prestes a sair. No entanto, Maggie foi dizer até logo para seu pai, e nessa brecha, Riggs veio correndo até Kenny e Glenn, que estavam ao lado do carro.
— Promete não fazer besteira? — Riggs pergunta — Promete não matar um errante que não apresenta ameaça? Promete não se arriscar?
— Eu já disse que vou tomar cuidado — a morena cruza os braços enquanto sorri da preocupação do garoto.
— Glenn, ela vai ficar bem? Se vocês quiserem, eu posso ir também e…
— Vai ficar tudo bem, Riggs — o mais velho afirma, confiante — Só vamos ir e voltar, simples.
— Certo… — ele leva a mão à cabeça da menina — Não faça algo que irá se arrepender, tudo bem?
— Tá bem — ela diz revirando os olhos.
— Ótimo — ele sorri — Bom, eu vou indo nessa — se afasta sorridente — Boa sorte lá fora! — grita antes de sair.
— Bom… — Maggie chega, olhando de forma engraçada para Riggs, que saia de forma desengonçada — Podemos ir?
— Podemos — Glenn afirma entrando no carro, e dando partida.
៚
O trajeto havia sido calmo. Sem quebra molas, sem errantes, e sem destroços no caminho.
Também havia acumulado diversas conversas dos três, recheadas de calorosas risadas e piadas.
Era bom extravasar. Jogar para fora os sentimentos ruins em formato de risadas, e isso, era algo que os três conseguiam fazer facilmente quando estavam juntos.
Estacionando o carro, ambos saem, e sacam suas armas.
Maggie se distância do carro, em direção à direita, e Kenny faz o mesmo, só que dessa vez,para esquerda.
Verificando que aos arredores estavam livres de más companhias, elas voltam até Glenn, que continuava no carro.
— Tudo limpo por aqui — Maggie afirma, pondo as mãos na cintura.
— Ta bom — Glenn assente — Podemos ir entrando--
— Ei, espera — Maggie vai até ele e o beija.
— Argh — Kenny faz uma cara de nojo, se afastando dois dois.
Andando um passo atrás do outro, a menina se afasta um pouco dos carro, também, chegando perto do final das lojas.
A rua em que estavam era uma espécie de feira comercial, mas ao invés de tendas, eram reais edifícios que estavam contemplando o local.
Ela se vira por um momento, tendo certeza de ter visto um vulto, o que a gerou estranheza, já que já havia conferido anteriormente a ausência de qualquer errante ou criatura.
Erguendo as sobrancelhas de forma desconfiada, ela muda seu andar, passando de algo casual, para passos lentos e calculados.
Empunhando sua faca, ela para atrás de um carro, se abaixando por trás dele.
Andando devagar até a ponta, ela estava próxima do final da rua.
Prestes a enxergar algo, a voz de Glenn chamando por ela desvia sua atenção, a fazendo virar-se na direção oposta.
— Oi? — pergunta, estando de costas para o carro.
— Estamos entrando, fique de olho no carro, está bem?
— An? Okay!
Deixando a suspeita do vulto de lado, a menina corre até o carro desprotegido, e sobe em cima do capô.
Enquanto os dois apaixonados olham a parte de dentro da loja, ela fica brincando com sua própria faca, distraída.
No entanto, ela ainda se sentia observada.
— Atenção, atenção! — Glenn anuncia enquanto sai da loja junto de Maggie — Acabamos de achar a mina de tesouros! O leite em pó!
— Yay! — Kenny comemora enquanto desce do capô, indo até eles — Acho que a bebê vai gostar disso — ela abre uma dos pacotes, vindo pó em seu rosto, e tossindo em seguida — Talvez nem tanto — fecha o pacote.
— Mas olha só! Também temos feijão, baterias, salsichas, brinquedos — Maggie cita — Não precisaremos procurar outras lojas depois dessa sorte toda — sorri vitoriosa.
— A gente vai chegar antes do jantar? — a azulada pergunta interessada, enquanto abre a porta de trás.
— Sim, monstrinho guloso, nós vamos — Glenn brinca colocando uma das duas caixas com comidas na parte de trás do carro.
— Aqui é silencioso — Maggie diz observando os arredores — Me lembra a fazenda.
— Lá em casa nunca temos silêncio — o corenao menciona — Independente de onde estamos,os errantes fazem barulhos nas cercas.
— E as máquinas não calam a boca também — a azulada completa.
Os três se olham por um momento com sorrisos esbanjados em seus rostos.
Contudo, os sorrisos não durariam por muito tempo.
— … — a morena fica inquieta.
— O que aconteceu, Kenny?
— Eu ouvi uma coisa…
Ela abaixa sua cabeça por um momento, se permitido escutar melhor.
No entanto, quando seus sentidos apitam, e ela se vira com sua faca em mãos, uma arma é engatilhada.
— Eu posso saber o que vocês chamam de casa? — uma voz, muito familiar soa.
Glenn e Maggie sacam suas pistolas também, e Maggie fica a frente de Kenny.
— ...Merle? — Glenn diz.
O grisalho olha bem para os três, e logo abaixa sua arma, risonho.
— Ora ora… — ele põe sua arma no chão, se aproximando dos três com as mãos para cima.
— Para trás! — Maggie berra.
— Não, espera, olha! — o mais velho fica boquiaberto — Eu realmente não esperava ver isso… O japonês corajoso e a pequena intrometida! Isso é uma grande surpresa pra mim!
— Então você conseguiu… — Glenn murmura — Conseguiu fugir.
— Vocês poderiam me dizer… se Daryl ainda está vivo?
Os três ficam em silêncio.
— An?
— Ele tá vivo — Kenny bufa — E bem melhor sem você — resmunga.
— Oh… — ele suspira — Isso é bom… é um alívio — finge estar amigável — Olha, que tal vocês me levarem até ele, hm? Eu poderia esquecer tudo que aconteceu em Alexandria e seguiremos em frente, o que acha?
O de cabelos pretos prestava atenção nas mãos do homem. Na qual uma delas, estava "encapada" com uma espécie de prótese de metal, com uma faca acoplada.
— Ah, está curioso sobre isso aqui? — ele levanta a o braço de lata — Bom, hm… depois que eu fugi, eu encontrei um depósito de material médico, e acreditem ou não! Mas eu mesmo me tratei! Bem legal, né?
— Tsc — a azulada bufa.
— Contaremos ao Daryl que você está aqui — Glenn promete — Ele vai vir te encontrar.
— Oh, oh! Espera aí, okay? Olha... — ele se aproximava de Glenn, com segundas intenções.
— Opa! É melhor ir se afastando! — alerta.
— Espera aí, cara! Olha… só da gente ter se encontrado… Já é um milagre! Que isso, apontar uma arma para seu velho amigo? Vamos lá, pode confiar em mim!
— Pra você roubar nossas comidas?! — Kenny pigarreia.
— Olha, eu não sei do que você está falando, pirralha — ele mente descaradamente.
— Escuta, Merle — Glenn chama a atenção — Você fica aqui e confia na gente, e traremos seu irmão aqui. Esse é o acordo, não é negociável.
— Hm… — ele olha para os três — Certo, não!
O grisalho saca sua arma, mas é lento demais, dando aos três o tempo exato e reagir.
Glenn se põe atrás da porta aberta do carro, e Maggie vai para o outro lado. Já Kenny, que estava ao lado de Maggie, segue ela.
A menor abaixa a cabeça por um momento para pegar sua arma, mas quando se vira para frente, vê Merle agarrando Maggie no chão, e apontando sua faca em seu pescoço.
Antes que ela tivesse tempo de reagir, Glenn aparece, e vê a situação.
— Opaa!
— Solta ela… — Glenn grita — SOLTA ELA, MERLE! — berra apontando a arma para o homem.
— Põe a arma no carro, agora. Ponha! — Merle ordena, se sentindo soberano em relação ao rapaz — E você garotinha, joga essa arma lá longe, vai!
Glenn não exita em fazer o que o homem manda, mas Kenny, o encara, pensando se soltar sua arma, ficando indefesa, era a melhor solução.
— Eu não tô pra brincadeira, criança! — ele grita.
— ...Tá, tá! — ela joga sua arma longe.
— Ótimo… muito bem. O que acham e darmos uma voltinha de carro, hm?
— Nós não sairemos daqui! — Glenn pisa fundo em suas palavras.
— Não, amigão, você não entendeu — ele ri sinico — Nós iremos para outro lugar.
— Seu filho da…
— Entra no carro, Glenn! — berra — E a coisinha aí… — ele olha para menina — Ela que vai dirigir! Hehe! — o sem mão ri histericamente, se achando o Coringa ou algo assim.
— Não, não! — Glenn começa a respirar de forma desincronexa — Olha, pode me levar, apenas deixe eles duas, okay?
— Vocês três vão comigo — ri — Não adianta bancar o herói, amigão.
— Eu nem sei dirigir, seu doente sociopata! — Kenny berra evasiva.
— Me considere como seu professor da auto escola. Agora, se quer que sua amiga viva, é melhor entrar, agora! — ele levanta Maggie do chão, se levantando junto — Vamos, entra!
— … — a garota bufa e o olha para ele com um olhar fulminante, e depois, se senta no banco do motorista, batendo a porta forte em seguida.
Glenn entra no banco de trás, e Merle põe Maggie lá, se sentando ao lado de Kenny, e apontando a arma para os dois do banco de trás.
— Ótimo, muito bom! — comemora sinico — Agora vamos, é simples, você liga o carro e pisa no pedal! Olha que fácil, não é, pessoal? — sorri para os dois atrás, e depois bufa ao ver suas caras mal humoradas — O fim do mundo tirou o senso de humor de vocês, foi?
៚
Do outro lado da cidade, conhecemos um homem.
Philip.
Um rapaz alto, de bom tom, grande postura, elegância e cheio fortes e sórdidos princípios equivocados.
Este homem, carregava em suas costas o peso de cuidar de uma comunidade inteira. Denominada, Woodbury.
E por mais incrível e improvável que pudesse parecer, a comunidade dava certo. No entanto, a cerca de uma ou duas semanas, duas sobreviventes ocuparam novos espaços na tão pacífica região.
Dessas, uma delas era Andrea. A loira que havia sido deixada para trás na fazenda de Hershel.
E sua companheira, Michonne. Uma bela e acentuada mulher rebelde, com grandes habilidades em luta de espadas, que não confiou de jeito nenhum nas coisas que poderiam estar por baixo do tapete em meio aquela comunidade que se julgava intocada.
Cavucando, ela soube que estava certa. E isso tudo que diziam ser tão bom, não era tão perfeito quanto parecia ser. Muito menos pacífico.
Para ser sincera, nem o próprio líder disso tudo era totalmente pacifico.
Ela partiu da cidade. Mas não antes de se desentender com Merle.
E quando o nome do caipira e desentendimento estão na mesma frase, as coisas não costumam ser boas.
E o "vulto" era justamente ela.
Como todo líder, Philip, ou melhor dizendo, governador, tinha seus segredos.
E ter alguém ameaçando a integridade destes, é preocupante.
Porém, ele achou que esses problemas tinham acabado, simplesmente ido embora junto da mulher.
No entanto, Merle havia acabado de trazer mais três novos problemas para ele.
Saindo de sua cama, o rapaz caminha até a porta, abrindo-a.
— Tem companhia? — Merle pergunta.
— … — ele se lembra que uma certa loira estava em sua cama — Sim — responde monossilábico, saindo do quarto e fechando a porta.
— Durante a busca de suprimentos, perdemos os três rapazes que vieram comigo…
— Ah… — Philip suspira, se encostando na parede de tijolos — Meu deus do céu...
— Aquela louca matou o Tim com aquela espada dela, enfiou bem no meio do peito dele, sabe? E depois, ficamos cercados de errantes. Mas eu consegui matar ela — mente descaradamente.
— Droga… — ele põe a mão no queixo, pensativo — Bom, arrume tudo, faça um funeral triste e traga a cabeça dela, e a espada também — dá de ombros — Isso será bom para comover o povo.
— Eu já teria trago a cabeça dela mas... nós ficamos cercados pelos nojentos… um dos nossos pegou a cabeça, o outro a espada… No final, foram dilacerados — mente denovo.
— Hm — bufa.
— Mas tenho outra coisa pra você — sorri confiante — Um cara que eu conheci em Atlanta, outra criança enxerida do grupo dele apareceram bem debaixo do meu nariz, e pra completar a namorada fofinha dele.
— Eles conhecem a Andrea?
— Quanto a namorada eu não sei, mas os outros dois sim.
— Tinha mais alguém?
— Eu não sei — dá de ombros — Nos encontramos enquanto eu voltava pra cá e, sinceramente, pela aparência deles, estavam muito bem instalados — sorri — Mas relaxa, eu vou descobrir onde — se vira e sai.
O mais velho suspira para ele antes de adentrar no quarto novamente.
៚
Sentada. Sozinha. Em uma sala semi-escura, com apenas uma mesa em sua frente.
Era assim que a azulada se encontrava.
Ouvindo os gritos de Glenn na sala do lado, ela estremecia de raiva a cada vez que escutava Merle entrar pela porta do garoto.
Ela não havia sido interrogada. Ainda. Nem Maggie. Bom, isso pelo que ela conseguia ouvir em meio às paredes finas.
Porém, mesmo sem saber ao certo, prometeu para si mesma não dizer nada.
A porta da sala se abre. E de lá, um homem alto e esbelto aparece, fechando a porta em sequência.
Ele dá passos lentos, chegando na outra extremidade da mesa, parecendo avaliar a garota com os olhos.
Tirando algo de seus bolsos, ele mostra a faca de Kenny. Algo que havia sido pego por Merle quando ambos chegaram.
Caminhando até a cadeira, mais especificamente na parte de trás, ele cortou as cordas que prendiam a garota.
Em uma reação rápida, ela se levanta, e dá uma cabeçada nele, se pondo a correr, mas ele acaba segurando suas mãos, e pressionando a cabeça dela contra a mesa.
— Não pensei que nossa amizade começaria com o pé esquerdo — ele vira a cabeça sutilmente para direita, como um tic — Kenny, né?
— … — ela pronuncia pequenos sons de raiva enquanto serrava os dentes, e tentava se soltar.
— Sua assinatura em sua faca é bonita, devo admitir — sorri para si mesmo — Contudo, vamos fingir que você não tentou fazer nada de estúpido, está bem? — ele diz enquanto coloca ela na cadeira novamente, passando a andar até a outra extremidade da mesa, sentando-se em na cadeira, agora, estando frente a frente a garota.
— O que você quer comigo e meus amigos, em?! — exclama evasiva.
— Não precisa se preocupar. Iremos levá-los para sua casa. Fale onde é e te levaremos até lá.
— Você acha que eu sou idiota?! — ela ri da cara dele — Eu não vou te dizer onde meu grupo está, seu idiota.
— Hm — suspira — Eu permitiria que você falasse com seu amigo… Glenn, né? Mas, eu estava na suspeita de que vocês fossem perigosos. Vocês algemaram um dos meus num prédio para morrer, não é mesmo?
— Tsc — ela bufa dando de ombros — Isso não é da sua conta.
— Acho que a forma que você reage às minhas perguntas me trás a confirmação de que vocês são perigosos — coça a cabeça — Se você nos dissesse onde estão, mesmo com nossas diferenças, vocês ficarão bem.
— Ficarão, é? — a garota pensa em um plano — Bom, nesse caso… Nós ficamos em uma fazenda. Longe daqui. Fica perto de Atlanta e---
Ela para de falar ao ver o rapaz rir.
— O que? Eu tenho cara de palhaça?
— Eu realmente aprecio sua inteligência — sorri — Mas esta fazenda à qual você está falando, já não é um lar a tempos.
— O que?! Não! — o fato de ter sua mentira refutada a surpreende, e a irrita na mesma intensidade
— Certo, tudo bem — ele olha ela — Vamos tentar outra coisa então. Fique de pé por favor.
— … — desobedece, se mantendo sentada de braços cruzados em frente a ele.
— Talvez eu possa interrogar Maggie primeiro e---
— Pronto — diz ao se levantar de supetão.
— Ótimo. Agora, tire a blusa.
— O que?
— Tire a blusa. Ou a sua amiga Maggie terá que fazer isso por você.
— …
Ela olha para as próprias mãos, e depois olha para ele.
Respirando fundo, ela tira a jaqueta, em seguida, joga sua blusa preta, ou melhor, a blusa de Eliot, no chão.
Bufando, ela volta a olhar pra ele com os braços cruzados.
— Rosa com florzinhas? Que adorável — ri cínico, se levantando e indo até ela.
Caminhando com um olhar predador, ele tirou seu cinto de ferramentas, e o colocou no chão.
Parando atrás dela, ele pegou uma mecha de seus cabelos, e levou até seu nariz, cheirando-os.
A garota proferiu uma cara de nojo, mas ele não conseguiu ver.
— É interessante ver que as crianças sempre tem um cheiro doce em seus cabelos — ele segura o ombro dela — Quantos anos você tem? 14? 15?
— …
— Vamos… me responda… — aperta o ombro dela.
— D-doze… — gagueja, olhando para o chão com uma feição de desgosto.
— Doze? Desse tamanho? — ele a avalia de cima a baixo — Você cresceu antes da hora, aparentemente — sorri.
— ...calaboca — murmura.
— O que disse?
Ela vira seu rosto até ele, levantando seu pescoço levemente para enxergá-lo.
— Eu sugeri que você engolisse sua própria língua, seu velho feioso.
— Oh! — pegando a cabeça dela, ele pressiona contra a mesa, deixando curto o espaço entre ela e suas pernas — É bom que você diga onde seus amigos ficam antes que--
— Pode fazer o que quiser — ela diz, tentando diminuir sua tremedeira — Se depender de mim, você vai morrer sem saber!
— Hmm.
Ele começa a acariciar as madeixas da garota, passando alguns de seus fios de cabelo por trás das orelhas, enquanto desce as mãos para as tranças da garota.
Ainda com uma mão pressionando a garota contra a mesa, ele começa a afrouxar as mechas de cabelo umas após a outra, soltando as tranças por completo.
As tranças que apenas Lori sabia fazer.
A azulada se segurava para não vomitar ali mesmo. A raiva a fazia tremer, e seu corpo suava de agitação. Sua respiração estava agitada, e ela se controlava para não surtar e por a vida de Glenn e Maggie em risco.
No entanto, o problema realmente começou quando as mãos do homem desceram para sua cintura.
Suas mãos eram geladas e grandes, e ele parecia apertar apenas seus hematomas, estranhando o tamanho tão grande deles.
Ele passa a mão para a barriga da menina, sentindo um relevo ali.
Era a cicatriz dos cacos de vidro, do acidente de carro. Mais especificamente, sobre o dia em que Joe morreu.
Nesse momento, a garota já estava completamente irritada, e horrorizada.
E quando ele continuou a tocando, ela sentiu sua alma sair de seu corpo. Como se algo estivesse rasgando sua pele e arrastando cortes por todo lugar. Quando ele a prensou sobre a mesa, ela achou que ele a mataria ali mesmo. Mas ele fez pior. Ele continuou. Continuou a tocando. E a medida que ele se aproximava da minha
barriga, ela não só pensou que morreria. Como pedia pra morrer ali mesmo
Por um momento, se lembrou de Randall, e do que ele disse ter visto o que os seus amigos fizeram com as pobres garotas. E agora, ela entendia a irritação de Eliot.
Já estava calculando as possibilidades de fugir, e se era algo que ela realmente deveria arriscar, porque, nesse ponto, ela já tinha certeza de que esse cara era um completo lunático.
No entanto, suas dúvidas sobre o que fazer ou não fazer, se encerram quando ela sente um relevo entre as pernas do cara.
— Meu nome é Kennedy Courtney! — ela grita, fazendo o homem parar de aperta-la por um momento — Eu… eu não tenho família! E… — tentava se concentrar para pensar em algo útil para dizer — Eu… eu odeio desgraçados que nem você!
Berrando, a menina pressiona sua própria cabeça contra a mesa, ganhando impulso em seu tronco e erguendo suas pernas e proferindo um chute nas partes baixas do rapaz.
— Ah! — ele grita, caindo no chão, e urrando de dor.
— Vai pro inferno, seu pedaço de merda! — grita proferindo um chute no rosto do cara.
Se virando rapidamente, ela corre até a mesa redonda, e a empurra, fazendo-a cair brutalmente no chão. Derrubando as cadeiras em seu caminho, ela abre a porta e sai correndo.
Tentando abrir as portas de Glenn e Maggie, ela a vê como trancadas, então corre para o corredor a sua frente, subindo nas escadas que enxergava, ignorando os gritos de Maggie, que a mandava se esconder, ela chega à superfície.
Parando no meio de uma espécie de praça, ela observa prédios. Os mesmos prédios que havia enxergado quando chegou dirigindo o carro.
Mas ela só percebe não estar sozinha, quando vê cerca de dezenas de pessoas ao seu redor.
Sem pensar duas vezes, e, ignorando o fato de estar apenas de sutiã, começa a correr para a primeira brecha que enxerga, em cima de um caminhão.
No entanto, quando começa a escalar, algo a joga no chão, a fazendo bater de costas no chão.
Quando abre os olhos, ela vê Merle.
— Mas que situação você se meteu em, enxerida.