Não me veja.

By SSMSantos

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Você já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. M... More

Personagens.
Apresentação.
Sinopse.
Alessandra - Capítulo 1
Teóphilo - Capítulo 2
Alessandra - Capítulo 3
Teóphilo - Capítulo 4
Alessandra - Capítulo 5
Teóphilo - Capítulo 6.
Alessandra - Capítulo 7.
Teóphilo - Capítulo 8
Alessandra - Capítulo 9
Teóphilo - Capítulo 10
Alessandra - Capítulo 11.
Teóphilo - Capítulo 12.
Alessandra - Capítulo 13.
Teóphilo - Capítulo 14.
NÃO É CAPÍTULO.😳
Alessandra - Capítulo 15.
Teóphilo - Capítulo 16.
Alessandra - Capítulo 17.
Teóphilo - Capítulo 18
Alessandra - Capítulo 19.
Teóphilo - Capítulo 20.
Alessandra - Capítulo 21.
Teóphilo - Capítulo 22
NOTA.
Alessandra - Capítulo 23.
Teóphilo - Capítulo 24.
Alessandra - Capítulo 25.
Teóphilo - Capítulo 26
Alessandra - Capítulo 27
Teóphilo - Capítulo 28
Alessandra - Capítulo 29.
Teóphilo - Capítulo 30.
Alessandra - Capítulo 31
Teóphilo - Capítulo 32.
Alessandra - Capítulo 33
Me Ajudem!
Teóphilo - Capítulo 34.
Alessandra - Capítulo 35
Alessandra - Capítulo 36
Teóphilo - Capítulo 37.
Alessandra - Capítulo 38
Teóphilo - Capítulo 39
Alessandra - Capítulo 40
Alessandra - Capítulo 42
Teóphilo - Capítulo 43
Alessandra - Capítulo 44.
Teóphilo - Capítulo 45
Alessandra - Capítulo 46
Teóphilo - Capítulo 47.
Alessandra - Capítulo 48.
Teóphilo - Capítulo 49
FELIZ ANO NOVO!
Alessandra - Capítulo 50.
Alessandra - Capítulo 51.
Teóphilo - Capítulo 52
Alessandra - Capítulo 53
NÃO É CAPÍTULO.
Alessandra - Capítulo 54
Teóphilo - Capítulo 55
Teóphilo - Capítulo 56
Teóphilo - Capítulo 57
Teóphilo/ Alessandra - Capítulo 58
Desculpas.
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 59
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 60.
Teóphilo - Capítulo 61
Teóphilo e Alessandra - Final.
Agradecimentos.

Teóphilo - Capítulo 41

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By SSMSantos

O mundo não é um mar de rosas; é um lugar sujo, um lugar cruel, que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão forte como a vida, mas não se trata de bater forte. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer.

Agora se você sabe do teu valor, então vá atrás do que você merece, mas tem que estar preparado para apanhar. E nada de apontar dedos, dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou de quem quer que seja. Só covardes fazem isso e você não é covarde, você é melhor que isso.

Estou em frente à TV assistindo um filme. É o sexto filme da franquia do Rock Balboa e, nesta cena ele discute com seu filho Robert Balboa Jr. Rock está passando a ele todo ensinamento que aprendeu diante de todos os desafios que enfrentou nos ringues e fora deles. Confesso que as palavras dele martelam em minha cabeça mostrando o quão real é, e o quão errado eu estava ao viver minha vida aprisionado aos meus medos e fobias e sem amor-próprio. Rock lutou contra todas as probabilidades onde todas elas eram grandes e difíceis demais para se enfrentar. Ele foi além de sua força e conseguiu vencer os grandes desafios e obstáculos que estiveram em seu caminho. Rock nunca desistiu.

Sei e conheço as minhas limitações, não sou tolo, talvez não tenha a força bruta de Balboa, mas eu tenho experimentado e sentido a força de conseguir vencer a mim mesmo, tenho conseguido confrontar a minha natureza e ver que sim, eu tenho um valor e estou correndo atrás do que eu mereço e, eu mereço ter uma vida normal sem os medos e traumas que tanto maltratam minha mente, meu coração e minha alma.

Pouco a pouco tento me desvencilhar do meu velho eu e me vestido de uma roupagem nova, limpa e fresca que me faça sentir novamente o calor do Sol, a refrescância do vento e o gélido da chuva que toca não somente minha pele, mas traz um alívio para minha alma cansada e abatida.

Agora são duas horas da manhã, olho para Alessandra e para Maxwell, sinto meu celular vibrar com mais uma mensagem. Não vou abrir agora, não quero me irritar e perder a paz e a tranquilidade que estou sentindo no momento.

– Depois resolvo isso. – Sussurro e fecho meus olhos.

Assim que chegamos em casa Alessandra e eu conversamos com meus tios, eles estavam na sala assistindo o telejornal da noite e no exato momento passava informações sobre o assassinato de Marcos. Eles nos disseram que já haviam assistido ao noticiário da manhã. Tia Dalva achou melhor esperar quando chegássemos em casa para falar conosco ou melhor saber alguma informação sobre a morte do ex-companheiro de Alessandra.

Tia Dalva e tia Guiomar nos deixaram a par de todas as informações da reportagem, assim como o que os policiais e o delegado que estão envolvidos no caso disseram para tentar acalmar a população diante de crime bárbaro que amedrontou a população de nossa cidade.
Alessandra chorou muito e aproveitou para contar a todos sobre as ameaças em cartas e os presentes que vem recebendo de forma anônima desde quando veio morar na mansão. Maxwell que chegou pouco tempo depois se juntou a nós e disse que entrou em contato com Paulo e deixou com ele as informações que Alessandra deu a ele. Confesso que fiquei aliviado quando soube que ele havia conversado com Paulo, com certeza ele deve ter associado às ameaças que tenho recebido com as ameaças que Alessandra também recebe. Não sabemos ao certo, mas pode ser que seja a mesma pessoa.

– Cara, esse filme é muito bom! – Maxwell e eu decidimos fazer uma sessão de filmes na sala de cinema. O lugar foi projetado para comportar dez pessoas. Tem de tudo, desde frigobar a maquininha de fazer pipoca. Após nossa conversa na sala e termos deixado todos de sobre aviso, viemos para cá junto com Alessandra, não queria vê-la chorosa pelos cantos e muito menos remoendo os acontecimentos do dia, então eu a trouxe comigo, ela se sentou ao meu lado e minutos depois já estava dormindo encostada em meu peito. Maxwell se sentou na poltrona do meu lado esquerdo após voltar com mais uma latinha de Coca-Cola e um saquinho de salgadinho. – Não sei te dizer qual dos filmes da franquia eu gosto mais, são todos muito bons. Eu adorava o Apollo! Aquele cara era demais! Ele colocava a maior pilha no Rock. – Max ri enchendo a boca de salgadinho. –– Ele era demais, pena que ele morreu em um dos filmes ao enfrentar o Dolph Lundgren o soviético lutador Ivan Drago. O cara era uma máquina! –– Anui com um resmungo qualquer. – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Nada, só estou muito cansado, não se preocupe. – Olho para Alessandra que dorme de boca aberta ao meu lado. Sorrio e beijo sua testa.

– Você gosta dela, não é? Dá pra ver em seus olhos. Na verdade, quem não gosta de Alessandra? Acho que não existe uma pessoa que não goste dela. Alessandra trouxe vida para esta casa. Sua simpatia, sua leveza e alegria irradiam em todos os cantos. Ela é uma pessoa mais do que especial e fico muito feliz ao ver que conseguiu notar isso. – Ele leva a garrafa de Coca-Cola à boca.

– Alessandra é uma força da natureza que veio para quebrar as barragens que fiz ao longo desses anos para me proteger. – Ele sorri enquanto mastiga. – Antes mesmo de me casar com ela eu já a conhecia de meus sonhos. – Seu olhar curioso me analisa.

– Lembro-me que me contava sobre uma mulher em seus sonhos. Como ficou quando a reconheceu? – Ele sorri ladino.

– Me desesperei! – Sorrimos. – Imagine, por muitos anos eu sonhei com Alessandra e quando a vi pela primeira vez eu mal pude acreditar que estava diante da mulher do meu sonho. Todas as vezes em que sonhava com ela, eu acordava totalmente desesperado, pois ela via meu pior, via meu corpo e zombava de mim. Sei que seria arriscado trazê-la para morar aqui, mas quando soube da dívida, eu não pensei duas vezes antes de fazer o que fiz. Confesso que tive medo no começo, mas eu não podia deixar oportunidade passar, não podia deixar de tê-la perto, mas ao mesmo tempo distante. – Suspiro e beijo sua testa.

– Estou muito feliz por você irmão, muito feliz mesmo! Acho que você precisava dessa mulher em sua vida, sem ela, você ainda seria o mesmo Teóphilo de antes, frio, insensível e apático. – Olho para Max e ergo uma sobrancelha.

– Nossa...muito obrigado pelos elogios. – Ele gargalha. Mostro o dedo do meio e ele gargalha. Faço sinal de silêncio e ele tampa a boca.

– Mas você era um porre Teóphilo! Eu te aturava porque você é meu irmão, se não meu amigo, eu já teria te trocado por um hamster. – Pego uma almofada que está próxima e jogo nele. Maxwell pega o objeto e joga em mim, mas como a mira é péssima cai na cara de Alessandra que acorda atordoada, olha para Maxwell assustada.

– MAXWELL! SEU MALUCO! – Ele gargalha e se joga no encosto do sofá. Alessandra senta-se na poltrona e boceja, pega a almofada e joga na cara de Maxwell. É a minha vez de gargalhar, na verdade nós três estamos iguais hienas rindo como loucos. Despois de um dia bem difícil, rir é o melhor remédio.

– Onde já se viu acordar uma dama dessa forma! Vou te inscrever em uma aula de etiqueta, precisando cunhadinho. – Ela arruma seu cabelo em um coque e coloca um lacinho para segurar. – Menino aqui tá muito calor! Misericórdia! Acho que vou para meu quarto tomar um banho e depois cama, tenho aula amanhã. – Alessandra se levanta e pega mais uma almofada e joga em Max.

– Ei, eu não fiz nada desta vez! – Ela olha para ela com um sorriso travesso.

– É para não perder o costume. – Dá um sorriso forçado mostrando apenas os dentes e desvia de alguns grãos de pipoca que ele joga nela. – Olha, desperdiçar comida é pecado. – Diz como se desse bronca em seus alunos e eu me acabo de rir da interação deles. Maxwell e Alessandra são amigos e se tratam como irmãos. Eu amo isso. – Bom, meninos vou me retirar, obrigada pelo filme. Foi sensacional. Odorei cada cena. – Eu gargalho com a cara de pau dela.

– Toma vergonha Alessandra, você mal se sentou e já dormiu. Não assistiu nem dez minutos do clássico do Rock Balboa e já se encostou em mim e ficou aí babando. – Digo e ela me olha com indignação e me dá um tapa no ombro.

– Como você ousa dizer que não assisti. Eu me lembro de TODAS as cenas meu querido esposo. TODAS, inclusive a achei sensacional a luta dele com o negão lá, esqueci o nome dele. Qual era mesmo Maxwell? – Maxwell e eu explodimos em uma gargalhada. Alessandra é incrível. A luta que ela está falando é do primeiro filme do Rock, quando ele luta com o Apolo. A cada dia eu me vejo mais apaixonado por esta mulher!

– Ale, sinto te dizer que esta cena você nunca viu neste filme, talvez em seus sonhos enquanto babava. – Faz cara de nojo. – Pois essa luta é do primeiro filme minha cara cunhada. – Ela cobre a boca com a mão e abafa a gargalhada. – Confessa que você dormiu que fica mais bonito! – Ela tira a mão da boca e morde os lábios em uma linha fina segurando o riso.

– Só vou dizer algo na presença de meu advogado. – Maxwell ri e meneia a cabeça.

– Você é uma figura! Tá pra nascer alguém tão cara de pau quanto você. – Ele se ergue e jogo os lixos em seus devidos lugares.

– Pode deixar que eu te defendo meu amor! Sou o melhor advogado do mundo e pode ter certeza de que não vou perder esta causa. – Dou um beijo em sua bochecha, Alessandra está vermelha. Sorrio e olho para Maxwell que tem um sorriso diferente, não só o sorriso seus olhos brilham. Franzo o cenho e ele meneia a cabeça mais uma vez. Alessandra se ergue e noto que está inquieta. – Aonde você vai? Aconteceu alguma coisa? – Seguro sua mão, ela para e me olha.

– Nada, nada não só...eu preciso ir me deitar, já está tarde e eu preciso dormir. Daqui a pouco serei obrigada a me levantar novamente para ir trabalhar. – Vejo que ela tenta disfarçar, mas eu ainda estou bem perdido e não sei o que aconteceu. – Boa noite meninos lindos e, obrigada por tudo. – Ela beija a bochecha de Max e me abraça apertado e beijo o canto de minha boca, me olho nos olhos e sorri. – Boa noite Teóphilo. – Me sinto ainda mais perdido, desde o momento em que viemos assistir, a minha intenção era dormir com ela em meus braços novamente, mas agora depois desta estranheza em seu comportamento não sei mais o que fazer.

– Me espere ok? – Ela anui, dou um selinho em seus lábios e ela se afasta. Olho ela recolher seus pertences e sair, quando viro meu rosto Maxwell está de braços cruzados me olhando de um jeito sério, mas é de uma forma inquiridora, como se me interrogasse. Me levanto, pego minha bengala e recolho nossas sujeiras. – O que foi desta vez? Por que está me olhando assim? – Ele me segue trazendo a caixa da pizza ao lixo.

– Você não percebeu mesmo? – Franzo cenho. – Sério irmão? Você a chamou de amor, cara. AMOR! Você está tão na dela que tudo flui sem forçar a barra. – Ele sorri e para ao meu lado. – Converse com ela, exponha seus sentimentos, os mais verdadeiros e os mais profundos. Alessandra merece isso cara! – Suspiro concordando.

– Hoje pela manhã, eu quase a pedi em casamento. – Confesso. – Talvez para vocês isso pareça equivocado, mas para mim não é Max! Alessandra é a mulher da minha vida e eu a amo. Eu sei disso a muito tempo, há anos na verdade e, nosso casamento foi como uma troca de favores, eu paguei as dívidas em troca de ter Alessandra como minha esposa. Eu a queria e agora mais do que nunca eu a quero, mas não dessa forma como tudo foi arranjado e manipulado. – Olho para Max. – Eu a amo e muito Maxwell, mas quero que ela deseje estar comigo, mas não por conta de pagamento, mas porque me ama, me deseje assim como eu a desejo, quero que esse sentimento seja recíproco, correspondido na mesma medida, na mesma proporção, quero que ela queira estar comigo, que se sinta bem ao meu lado. – Suspiro me encosto no aparador próximo a porta. – Sei que parece doido por querer tantas coisas, mas...é isso. – Ele sorri em conformidade.

– E você acha mesmo que não é correspondido? Depois do que vi hoje não tenho dúvida nenhuma disso irmão. Ela olha para você, como se fosse um ser iluminado. – Meneio a cabeça. – É sério cara, queria que você visse o que eu vejo! E outra coisa, você sabe o quanto nossos tios desejam sua felicidade e, mesmo em meio a este seu modo de restrição, todos nós sempre desejamos que fosse feliz. Você se fechou em dez anos não deixando ninguém entrar e, em dois meses de convivência com Alessandra você já está com os pneus arriados, babando igual um lobo e só falta lamber o chão onde ela pisa. – Solto um riso anasalado. – Siga o seu coração, faça o que acha melhor por você. Mas se ao final de tudo você ainda achar que não está pronto, estaremos aqui e com certeza você a terá ao seu lado. Alessandra pode não o amar ainda, mas ela pode sim estar apaixonada por você. – Ele toca meu ombro.

– Ela me disse que está apaixonada por mim e isso me deu um gás sabe? Me animou demais cara, mas me sinto ansioso e sei que isso é péssimo. A ansiedade que sinto me deixa em ponto de fugir e deixar tudo para trás e voltar a minha antiga vida. – Suspiro passando a mão na boca. – Espero estar realmente fazendo a coisa certa, preciso seguir o que meu coração diz e assim ouvir da boca de Alessandra que ela me ama. Tenho me esforçado e buscado uma mudança que vai além de mim. Brigar com os outros é dificultoso e temos muitas dores de cabeça, mas cara, lutar contra nós, contra nosso eu, contra nossa vontade é cansativo, feroz, intimidador e angustiante. Por vezes me vejo aterrorizado, a luta é diária e constate e como eu decidi trilhar esse caminho, eu preciso vencê-lo com lágrimas, medo, pavor, mas com o coração cheio de paz por saber que mesmo no sofrimento eu serei vencedor. – Ele sorri.

– Você já é um vencedor. Com todas as batalhas que vem enfrentando eu vejo um Teóphilo Salazar mais forte, que tem se tornado um homem corajoso, que não se deixa intimidar por qualquer coisa, firme e o melhor de tudo afetuoso, pois tem deixado um sentimento tão puro nascer em meio a guerra que tem enfrentado dentro de si. – Ele aperta meu ombro e chacoalha de leve. – Vá até o encontro de sua mulher irmão e deixe que ela veja quão profundos são seus sentimentos por ela. Pode ter certeza, que você será correspondido. – Ele se levanta e ergue os braços. Me ergo e deixo que ele me abrace como nunca fiz, mesmo em meio ao medo que tenta cobrir meu coração. – Vá atrás de sua mulher. – Ele beija meu rosto, me olha, sorri e sai.

Sento-me em uma das poltronas e fico pensando em tudo o que acabei de ouvir. Lembro-me das palavras de Vicente, quando fui ao seu consultório ontem. Depois do meu primeiro encontro real com Alessandra, tenho ido às consultas duas, até três vezes na semana e isso tem me ajudado muito.

Como já havíamos conversado anteriormente Teóphilo, a ansiedade é uma resposta natural de nossa mente quando sofremos uma ameaça ou a um cansaço, um esgotamento e até mesmo exaustão psicológica. A ansiedade natural tem como origem no medo e ela exerce um papel importantíssimo em nossa sobrevivência. Uma situação de perigo por exemplo, através da ansiedade pode desencadear uma reação de: eu devo lutar ou eu devo fugir? E é nesse momento que ocorre as alterações físicas. Nosso corpo recebe uma irrigação maior de sangue no coração e nos músculos o que permite que o corpo fique cheio de energia e força para poder enfrentar o perigo ou as situações que podem causar risco à vida. Entendeu a questão do lutar e fugir? –Anui. Ele ajeita os óculos. – No seu caso essa ansiedade pode estar associada a angústia mental e ela não é mais classificada como transtorno de ansiedade e sim um transtorno de estresse agudo. Você sofreu um grave acidente e ficou com ferimentos críticos em seu corpo que causou uma intensa angústia de longa duração e, além disse você mencionou que tem sonhos angustiantes, pesadelos frequentes, confere? – Anui. – Ao iniciar o tratamento, você verá com o passar dos dias que esse transtorno talvez não desapareça totalmente, mas você verá que ficará menos intenso. Já consigo ver uma mudança positiva e, espero que você também tenha percebido e que essa mudança evolua e avance a cada dia.

Ter alguém para conversar é primordial, eu demorei muito para me abrir. Tive o apoio dos terapeutas e psicólogos no hospital onde fiquei internado por conta das queimaduras, mas com a mente ferrada como estava, não deixei que se aproximassem, não queria ajuda, muito menos das pessoas daquele lugar, odiava ver tantos sentimentos ruins em seus olhares.

Hoje com a mente um pouco mais saudável vejo o quanto fui estúpido. Se tivesse agarrado toda ajuda que recebi na época do acidente, eu estaria são, estaria bem, teria sim meus traumas, mas não teria feito deles meu escudo e minha proteção contra pessoas, não queria que ninguém me ajudasse e, foi assim por longos anos, até agora.

Me levanto, desligo a luz da sala e saio rumo ao quarto de Alessandra. Preciso ver como ela está depois de tudo o que passou no dia de hoje. Fiz de tudo para que ela se sentisse bem e não ficasse triste, com o pensamento em seu ex-companheiro e em sua morte tão trágica. Pelo o que ouvi das pessoas e da própria Alessandra ele não foi uma boa pessoa e, o seu fim foi uma morte horrível. Espero mesmo com o um tempo de reclusão ter feito sempre o bem, não quero receber da minha colheita algo muito pior do que eu plantei, já chega de sofrimento.

Dou um toque na porta e ouço sua voz abafada ao longe, abro e entro em seu quarto totalmente escuro ouvindo um fungar. Como já mentalizei os móveis sigo até a cama, sento-me e ligo o abajur. Alessandra está encolhida em posição fetal, totalmente encolhida. Ouço seu choro baixo quase que um sussurro, toco suas costas e fico fazendo um carinho. Sei que ela está totalmente vulnerável, tendo em sua bagagem mais um trauma para lidar. Espero que ela mesmo sendo inocente nessa história, não se sinta culpada por algo que não fez e se embole nesta situação toda, se perdendo e perdendo o equilíbrio emocional.

Deito-me ficando em sua frente, abraço seu corpo e continuo com a pequena massagem em suas costas, ela não me abraça, apenas se aconchega em mim, ajeitando sua cabeça em meu braço. Beijo sua testa e aperto seu corpo sorvendo seu cheiro bom.

– Quer conversar? – Ela funga. – Quando quiser estarei aqui tá legal? Quero que saiba que pode contar comigo para tudo, tudo mesmo Alessandra. Posso ser seu marido, mas antes de tudo sou seu amigo e quero que saiba disso. – Ela se ergue um pouco do meu peito e fica me olhando. – Aconteceu alguma coisa? – Franzo o cenho diante de seu olhar.

– É verdade o que disse a pouco? – Me sinto perdido diante da pergunta.

– Eu disse tanta coisa e não sei do que está me perguntando ao certo. Sou uma pessoa que fala bastante quando conheço a pessoa e tenho uma amizade legal com ela e, com você é assim Alessandra, então eu não sei ao certo o que disse. – Ela suspira e se senta, vejo seus ombros caírem.

– Se você não se lembra então...Talvez...bom, não é algo realmente...Quer saber, deixa pra lá Teóphilo! Hoje meu dia foi muito tenso e desgastante. Me sinto péssima emocionalmente e estou levando as coisas muito para o lado pessoal e isso não é bom e eu não quero parecer uma pessoa dramática expondo o que me aflige e depois ver que tudo foi um exagero da minha parte por eu ouvir demais, pensar demais e sonhar demais. – Alessandra passa as mãos no cabelo, sento-me seguro seu queixo erguendo sua cabeça.

– Olha pra mim! Conversa comigo, me fale o que te aflige, mas por favor não me deixe no escuro. Me deixe entrar. – Seus olhos enchem de lágrima e eu limpo o rastro brilhoso e puxo seu corpo para um abraço. Uma angústia me aflige por não saber o que a aflige.

– Eu sou seu amor? – A pergunta me paga de surpresa ao mesmo tempo sinto como se um peso saísse de meu coração. – Você disse que eu era seu amor na sala de cinema. Eu fiquei tão surpresa quanto você está agora. – Ela segura minha mão. – Eu sou? – Arrasto minha mão até sua nuca e puxo sua cabeça, e beijo seus lábios com um selinho demorado. Ela ergue seus olhos e eu sorrio.

– Desde o dia em que pus meus olhos em você. Eu não entendia o que eu sentia, pois estava preso a tantas coisas ruins que não conseguiu identificar esse sentimento bom que crescia em meu coração. – Seguro seu rosto com minhas mãos. – Você Alessandra, com seu jeitinho meigo, com toda sua alegria, sua língua afiada e sua empatia e amor, conseguiu fazer com que meu coração voltasse a sentir o que é amar. Você fez com que este sentimento forte, intenso e sincero germinasse, crescesse e hoje ele floresce por sua causa, então você é meu amor, sabe por quê? – Ela anui chorando. – Porque eu te amo. – Alessandra abaixa a cabeça e soluça, seu corpo treme e eu abraço sua cintura trazendo-a para mais perto. – Eu amo você Alessandra Ferreira Salazar e você me tornaria o homem mais feliz do mundo se aceitasse um pedido que tenho a lhe fazer. – Ela funga e eu não consigo parar de sorrir. – Ei, chorona! Não vai dizer nada? – Ela ergue a cabeça e sua emoção transborda de seus olhos.

– Eu poderia dizer tantas coisas que passaram pela minha cabeça, mas a única que posso te dizer é que... – Ela se aproxima e toca seus lábios nos meus de forma suave e que me deixa vidrado. – Eu te amo também. – Meu coração acelera e minha boca seca. – Muito, muito mesmo. Mais do que eu possa imaginar. – Seguro todo seu rosto e avanço sobre ela e tomo sua boca em um beijo esfomeado, como se o mundo fosse acabar a qualquer momento. Prendo-a em meus braços em um abraço forte e instigo Alessandra a me beijar. Provo sua boca e sua língua em um beijo forte e rápido. Solto sua boca e olho seus lábios inchados por nosso beijo. Beijo seus olhos, suas bochechas, seu nariz e por último deixo um selinho demorado em sua boca que ele faz questão de transformar em um beijo erótico e delicioso me deixando necessitado dela, de seu corpo, de seu sabor, de sua maciez. Corto nossa conexão e encosto nossas testas.

– Quando soube que me amava? – Pergunto roçando meu nariz no seu e em sua bochecha. Ouço seu sorriso anasalado.

– Acho que desde o dia em que te vi pela primeira vez. – Franzo o cenho e Alessandra se afasta um pouco. – Não desta vez, mas da primeira vez que te vi na festa a mais de três anos. Suas palavras não saíram de minha mente, de alguma forma bem no fundo de minha mente eu desejava conhecer o homem que me disse tantas coisas que eu nunca havia visto em mim. Você disse que eu era linda e que meu então marido não merecia minhas lágrimas. Estou estava tão arrasada, Marcos havia me humilhado naquela festa e eu não me conhecia mais, não era mais ninguém, era uma marionete que ele fazia o que queria. Aquele dia você me disse que eu merecia mais do que Marcos me oferecia e eu não conseguia compreender isso. Hoje, agora eu consigo dimensionar o que me dizia. – Sorrimos.

– Minhas palavras ainda são essas, não mudo nem um til da frase que saiu da minha boca aquele dia. Você é linda e nunca deveria ter sido tratada do jeito que foi durante anos, deveria ser tratada com carinho, atenção e amor e não como puro descaso como vi aquele dia. – Ela sorri e anui com os olhos brilhosos devido ao choro.

– Eu guardei suas palavras e mesmo com o passar do tempo em que vivi me expondo a todo modo ruim de convivência eu esperava que um dia eu seria amada como deveria. Depois de todos esses anos, hoje eu sei como devo ser tratada e principalmente amada. E sabe qual o melhor de tudo isso? – Suas mãos sobem até meu rosto.

– O que? – Fecho meus olhos.

– Eu aprendi a me amar e a amar novamente. Ambos sofremos com nossas perdas, mas estamos reaprendemos a viver e a reconhecer quando o verdadeiro sentimento revivificou em nós. O meu amor por você é verdadeiro e eu sempre estarei ao seu lado, não importa onde, como quando, eu só quero ficar com você até o final de nossos dias. – Meus olhos e meu coração enchem.

Puxo-a para mim e abraço seu corpo com força e mais uma vez tomo sua boca na minha sentindo cada célula de meu corpo reagir a ela, a seu cheiro, a seu gosto, a tudo o que Alessandra é.

– Eu também sempre estarei ao seu lado. – Digo desgrudando de seus lábios. Eu a amo e isso aumentou ainda mais quando pude desfrutar de seu carinho e cumplicidade depois de nossa aproximação. Alessandra é exatamente tudo aquilo que me faltava, ela faz de meus dias um verdadeiro milagre.

– Eu amo você Teóphilo Salazar! – Meu coração parede que vai explodir.

– Eu amo você meu amor! – Beijo seus cabelos.

Ela se aconchega em meus braços e isso me faz sentir a porra do homem mais feliz do mundo.

Eu cuidarei de Alessandra com a minha vida e nada nem ninguém fará mal a ela.



Olá pessoal, não me esqueci de vocês não viu? Meu dia foi muito corrido e atarefado. Parei a pouco e vim postar o capítulo.

Bom, espero que gostem.

Beijo e ótima semana.

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