Não me veja.

By SSMSantos

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Você já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. M... More

Personagens.
Apresentação.
Sinopse.
Alessandra - Capítulo 1
Teóphilo - Capítulo 2
Alessandra - Capítulo 3
Teóphilo - Capítulo 4
Alessandra - Capítulo 5
Teóphilo - Capítulo 6.
Alessandra - Capítulo 7.
Teóphilo - Capítulo 8
Alessandra - Capítulo 9
Teóphilo - Capítulo 10
Alessandra - Capítulo 11.
Teóphilo - Capítulo 12.
Alessandra - Capítulo 13.
Teóphilo - Capítulo 14.
NÃO É CAPÍTULO.😳
Alessandra - Capítulo 15.
Teóphilo - Capítulo 16.
Alessandra - Capítulo 17.
Teóphilo - Capítulo 18
Alessandra - Capítulo 19.
Teóphilo - Capítulo 20.
Alessandra - Capítulo 21.
Teóphilo - Capítulo 22
NOTA.
Alessandra - Capítulo 23.
Teóphilo - Capítulo 24.
Alessandra - Capítulo 25.
Teóphilo - Capítulo 26
Teóphilo - Capítulo 28
Alessandra - Capítulo 29.
Teóphilo - Capítulo 30.
Alessandra - Capítulo 31
Teóphilo - Capítulo 32.
Alessandra - Capítulo 33
Me Ajudem!
Teóphilo - Capítulo 34.
Alessandra - Capítulo 35
Alessandra - Capítulo 36
Teóphilo - Capítulo 37.
Alessandra - Capítulo 38
Teóphilo - Capítulo 39
Alessandra - Capítulo 40
Teóphilo - Capítulo 41
Alessandra - Capítulo 42
Teóphilo - Capítulo 43
Alessandra - Capítulo 44.
Teóphilo - Capítulo 45
Alessandra - Capítulo 46
Teóphilo - Capítulo 47.
Alessandra - Capítulo 48.
Teóphilo - Capítulo 49
FELIZ ANO NOVO!
Alessandra - Capítulo 50.
Alessandra - Capítulo 51.
Teóphilo - Capítulo 52
Alessandra - Capítulo 53
NÃO É CAPÍTULO.
Alessandra - Capítulo 54
Teóphilo - Capítulo 55
Teóphilo - Capítulo 56
Teóphilo - Capítulo 57
Teóphilo/ Alessandra - Capítulo 58
Desculpas.
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 59
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 60.
Teóphilo - Capítulo 61
Teóphilo e Alessandra - Final.
Agradecimentos.

Alessandra - Capítulo 27

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By SSMSantos


Um arrepio sobe por minha nuca ao ouvir a voz daquele homem. Ainda mais ao pé do ouvido!

Misericórdia meu Deus!

Que voz!

Teóphilo tem uma voz grossa, não daquele tipo grave que mais parece um trovão, não!

Longe disso!

Ele tem um timbre de voz grave, mas é totalmente sexy, todas as vezes em que trocamos apenas saudações, eu já havia reparado nisso. Um tipo de voz imponente e sedutora que me deixou encantada desde a primeira vez que conversamos ou melhor brigamos.

Aquele dia, quando cheguei a mansão eu estava tão frustrada, desesperada, com muita raiva de tudo e de todos. Meu desejo era pegar meu pai e fazê-lo pagar por tudo o que me havia feito. Eu o odiava por ter me feito pagar por algo que ele fez, por algo que era culpa dele e de mais ninguém. Suas ações me levaram a me casar com um homem que não conhecia, que nunca se quer havia trocada uma só palavra, teria que viver em uma casa com pessoas com hábitos e maneiras totalmente diferente das que estava acostumada, teria que mudar toda a minha vida para poder me encaixar nos padrões exigentes da elite Mineira. Passaria a viver em um mundo completamente discrepante e teria que me moldar a ele se quisesse sobreviver a toda esta mudança. Lembro-me que estava furiosa e fui bem rude com Teóphilo, não queria conversar com ele, na verdade com ninguém. Estava aborrecida e todos deveriam me entender, deveriam compreender isso que eu queria ficar sozinha e lamber minhas feridas.

Com o passar dos dias, Teóphilo tem se mostrado uma outra pessoa bem diferente da primeira vez. Se eu levasse a sério o ditado "A primeira impressão é a que fica", com toda certeza do mundo eu ainda o odiaria, mas com seu jeito carinhoso e gentil, ele tem se mostrado uma ótima pessoa, um grande amigo! Não que eu ainda não o ache um pouco... como eu posso dizer? Na verdade acho que tudo o que ele mostrava era apenas fachada. Sei que dentro daquele peito bate um coração bom e amável. Através de seus bilhetes –que tenho guardado desde o primeiro dia nesta casa– tenho notado uma outra pessoa, não aquela arrogante, prepotente e grosseira que percebi ao ouvir a sua voz. Hoje ouço um novo Teóphilo, ouço um homem com a voz poderoso, que sabe o que quer e impõe isso com firmeza, se sobrepondo sem humilhar. Ouço um homem quebrado, machucado, mas que não dá o braço a torcer, ouço um homem com um coração de ouro que mesmo com suas dores tem me ajudado a me adaptar mesmo sem perceber. Faz alguns dias que tenho me sentido bem ao lado das pessoas que são a minha nova família. Todos têm me feito sentir como parte deles, como se o meu lugar fosse aqui. E é ele, Teóphilo, o homem da voz sexy, sedutora e sensual que tem me feito sentir isso de forma genuína.

Três S para a sua adorável voz.

Estudos mostram que a voz mostra muito da personalidade da pessoa, pois é através dela que expressamos o "eu" que queremos que apareça ou o "eu" que queremos que fique escondido, oculto na verdade e até mesmo aquele "eu" que não conhecemos. É por meio de nossa voz que escondemos nossas emoções e nossos traços de personalidade. Por intermédio do tom de nossa voz e da velocidade a qual falamos que sabemos qual foi e como foi a repercussão da fala, como as emoções ao falar foram transmitidas e se foi sentido alguma agressividade ou tensão. É algo muito interessante saber como a voz nos mostra tanto de nós.

Mesmo sentindo um certo receio no timbre de voz de Teóphilo, eu pude perceber o quanto eu estou seduzida, atraída e isso não é nada bom. Ouvir sua voz tão de perto, ao pé do meu ouvido, arrepiou-me toda, sua voz quase me tirou dos eixos. Tentei virar meu corpo para poder vê-lo de verdade, não apenas sua silhueta como esta noite. Queria poder tocá-lo e sentir seu cheiro mais de perto. O cheiro de sua pele misturado com o bom cheiro de seu perfume... Acho que é importado sei lá, mas é muito bom! Mas, mais uma vez Teóphilo não me deixou vê-lo.

Tenho notado que ele não deixa que eu o veja, da última vez que estivemos aqui neste mesmo lugar -na verdade isso aconteceu ontem à noite- ele fugiu de mim, assim como todas as vezes em que conversamos ele nunca se mostra. Sempre conversamos como se estivéssemos usando um aplicativo de conversas em que não se usa um aparelho celular e sim um megafone instalado em meu quarto, onde nunca nos vemos apenas nos falamos somente dentro de casa. Talvez ele me veja? Com toda certeza! Mas eu nunca o vejo, nunca posso observá-lo da maneira que eu quero.

Não gosto disso, desta distância, gosto de conversar olhando nos olhos. Antes de namorar Marcos eu sempre conversava com as pessoas tocando de vez em quando e, sempre abraçava ao final de cada conversa. Conforme o tempo foi passando em nosso relacionamento, ele me dizia que a meu jeito de conversar deixava as pessoas desconfortável e sem graça, dizia que os intimidava com meu jeito caipira de ser.

Não precisa desse ato de carinho explícito não Alessandra! Pra quê colocar essa mão nos outros, me diz? Tá com muita intimidade demais com esse tal de Rodrigo. – Lembro-me de sua feição fechada em uma carranca horrenda quando cumprimentei meu colega de faculdade. Nos encontramos no Shopping, ele veio até mim e passamos a conversar. Eu não o tinha visto e foi realmente muito bom revê-lo e matar a saudade. Rodrigo foi um dos caras que mais me dei bem logo de cara. Na época ele vivia dando em cima de mim mesmo sendo casado, como eu não dava abertura, nos tornamos amigos e foi uma das melhores amizades que tive dentro daquela faculdade. – Você acha que ele gosta disso? Não se satisfaz apenas em ouvir ou ver os outros aí tem que tocar, credo. Ainda mais você que vive cuspindo enquanto fala. Isso é nojento! Você é nojenta. – Era isso que ouvia do meu marido, a pessoa que eu dediquei alguns anos de minha vida. Ele vivia me humilhando e desprezando depois de saber do sexo do meu bebê. Marcos foi cruel comigo e eu só me liguei de todo seu abuso quando me acidentei e perdi minha filha. Aquilo para mim foi a máxima, foi ali que eu vi quem era o Marcos e quanto ele havia me ferido psicologicamente. Com a autoestima arruinada, meu psicológico destruído e por conta de toda depreciação do meu eu, passei a ser uma pessoa tímida, receosa e medrosa, me sentia inferior as pessoas, e tinha e ainda tenho um pouco de medo de ser rejeitada e ainda tenho o hábito de me comparar com outras pessoas. Este último quesito, melhorei bastante, mas ainda é um dos defeitos que carrego por conta de todo o abuso que sofri durante o tempo que estive com meu carrasco.

Tenho melhorado muito em todos esses aspectos a qual Marcos destruiu, mas também sei que posso melhora-los ainda mais. Quero voltar a ser quem eu era antes de deixa-lo entrar e acabar com toda a minha vida. Não é uma caminhada fácil, agradável e linda, muito pelo contrário é uma caminhada de choro, de autodepreciação e muita força de vontade para voltar a viver, de vivificar, de me reanimar e ver que a vida está a meu alcance basta eu estender a mão toma-la de volta e vive-la da forma como eu acho que é e será bom para mim.

Em meio a escuridão que está no cômodo, posso ver a silhueta do homem que tem me feito sentir borboletas no estômago. Mesmo sem ver seu rosto e saber algo sobre ele, meu corpo tem reações que desencadeiam a excitação. Não nego que tenho sonhado com ele, e é bem provável que os sonhos se tornem ainda mais frequentes com sua voz soando em meus ouvidos como a agora a pouco, me deixando agitada e febril e isso tem instigado um desejo enorme em ter esse homem, poder tocá-lo, beijá-lo e tê-lo dentro de mim, senti-lo de todas as formas possíveis e imagináveis. Sinto os pelos não só de minha nuca, mas de todo meu corpo arrepiar e um frio passa por minha espinha.

Outra coisa sobre Teóphilo: Suas grandes mãos são MA.RA.VI.LHO.SAS. Elas seguram as minhas no alto de minha cabeça enquanto morro de tanto tossir. Se isso tivesse acontecido em outras circunstâncias eu estaria muito ferrada ou ele estaria, não deixaria isso passar nem a pau. Minha libido vai as alturas. Sentir os dedos macios em meus braços roliços é incrível. Me acalmo da crise conforme Teóphilo me segura ou melhor segura minhas mãos. Poderíamos brincar de polícia e ladrão e com certeza nesta posição eu seria o ladrão com o maior prazer. Eu iria adorar ser examinada por ele, ter suas mãos em outras partes do meu corpo, me apalpando, alisando, tocando...ai meu Deus!

Sonha Alessandra, sonha!

Pigarreio para poder limpar minha garganta. Todas as vezes que me engasguei a coisa não foi nada bonita e sei que a poucos minutos Teóphilo não teve uma boa visão. Tossi demais e quase vomitei, eca! Tenho esse tipo de problema ao tossir. Sempre soube que ao levantar as mãos quando se tem uma crise de tosse quando se engasga era perigoso, mas confesso que isso me ajudou bastante. Pego minha garrafa de água e seguro-a contra meu peito como se ela pudesse me proteger de mim mesmo, de avançar contra esse homem e poder fazer o que tenho vontade.

Apoio minha lombar na pia e ergo meus olhos e olho para o canto onde escuto a voz de Teóphilo, enquanto conversamos sobre o nosso dia. Pude notar em nossas poucas interações que Teóphilo é uma pessoa agradável. Ouço sua voz e noto um tom de apreensão, e queria saber o porquê. Nesta hora sorrio ao me lembrar da noite de cinema com Maxwell esses dias.

**

Quando ele me convidou para assistir um filme para podermos conversar, eu nunca imaginei que meu companheiro de cinema colocaria um dos filmes mais sensacionais. De Volta Para o Futuro foi um dos filmes que marcaram a minha infância e adolescência. Quando anunciava na Sessão da Tarde que este passaria no dia seguinte, eu largava tudo, mesmo que eu estivesse na brincadeira mais legal do mundo, eu largava tudo para ir assistir. E para minha surpresa quando ele selecionou o filme e deu o play para iniciar eu simplesmente amei! Na minha infância, eu ficava me imaginando dentro DeLorean e voltando ao passado para consertar os erros cometidos e depois indo para o futuro para também ver se as coisas estão se encaminhando de forma correta. Aquele dia Max pediu duas pizzas, ele encomendou uma de costela e outra de quatro queijos. Pensa em uma pizza deliciosa! Nunca havia comido uma pizza tão bem temperada e tão suculenta, simplesmente perfeita.

– E aquele bolo que eu vi na geladeira, foi você quem trouxe? – Ele me pergunta com a boca cheia. Olho para o belo ruivo que está ao meu lado e sorrio. Max parece um menino, um garotão bagunceiro. Ele é lindo, um homem de coração grandioso e de uma gentileza que muitas vezes me desconcertada. Mesmo com toda sua dificuldade, Max não se deixa abater e, isso me faz ter orgulho dele.

– Sim, eu comprei para dona Guiomar e senhor Alberto, sei que eles gostam do bolo de chocolate e eu trouxe um pedaço para mim também. Eu não sabia de qual sabor você gosta então não trouxe nada. – Olho para ele que sorri ladino. – O que foi, o que você fez Maxwell? – Ele se ergue do sofá e segue até o frigobar, abre a portinha e tira de lá os dois potes de bolo que eu trouxe. – Mas...o que esses bolos estão fazendo aqui? – Ele deposita na mesa de centro da sala e abre a vasilha com o bolo que eu trouxe para o casal e passa a comer. – MAX! PARE DE COMER ISSO, NÃO É SEU! – Digo e ele dá de ombro.

– Quando eu cheguei em casa eu subornei meus tios e eles me deram a fatia, mas antes eles tiraram uma casquinha. Não resisto a um delicioso bolo de chocolate. – Ele dá uma colherada generosa no bolo e geme em apreciação. – Quer? – Me pergunta com a maior cara de pau.

– Não eu já tenho o meu seu fominha. – Pego minha vasilha abro e aprecio a deliciosa sobremesa. – O que você deu em troca do bolo para dona Guiomar e senhor Alberto? Para eles trocarem uma fatia do bolo que eles gostam por outra coisa é porque realmente você é o cara. – Ele sorri.

– Que nada. Comprei mouse de chocolate para comermos em nossa sessão de cinema, mas como eu sou viciado em bolo e de chocolate eu decidi trocar e uma chocólatra entende o outro então ela me deu o bolo em troca do mousse. – Ele leva mais um pedaço enorme do bolo à boca. – Delicia! – Ajeito-me no sofá.

– Você sabia que Teóphilo adora doces com coco? Tia Guiomar me contou uma vez que ele acabou com uma travessa de cocada mole que ela havia preparado para a sobremesa de um almoço quando mama e athair eram vivos. Ele ficou com dor de barriga e passou uns dois dias com diarreia. – Ele gargalha. – Depois desse dia ele aprendeu a comer de forma moderada, mas ainda sim adora o doce. – Ele me olha como se tivesse acabo de contar um grande segredo. Sorrio ao ver seu semblante sereno.

– E como eram seus pais? Você fala deles com tanto carinho. – Seu sorrio é contido após um suspiro triste.

– Eram os melhores pais do mundo. Quando o acidente aconteceu eu tinha apenas quinze anos, mas me lembro deles, da cumplicidade, do amor, do carinho comigo e com Téo, enfim eles eram demais. Eu sofri muito nos anos após o acidente e desejava que eles estivessem ao meu lado. Achava que assim o sofrimento seria menor. – Ele raspa a vasilha tirando o restinho de bolo dela. – Hoje sei que se eles estivessem comigo ou não o sofrimento seria o mesmo. O que me deixa mais triste é pensar que eles não estão aqui para me ver recuperado, andando novamente mesmo que com uma muleta, mas tendo minha vida de volta. – Toco suas costas e acaricio o local, mas me olha e sorri.

– Tenho certeza de que se eles estivessem aqui se orgulharia da pessoa que você se tornou. Eu me orgulho de você, mesmo sem ter convivido contigo e visto pelo que passou e ainda estar em pé e ser o vice-presidente da empresa de sua família. Pode ter certeza Max que seus pais se orgulhariam de você. – Ele sorri em conformidade e aperta minha mão.

– Você é muito especial e espero que meu irmão veja isso. – Sinto meu rosto queimar de vergonha e mais uma vez ele sorri. – Mudando de assunto, eu te convidei pois tinha algo a te dizer, mas como as notícias correm solta fiquei sabendo que Teó já te contou sobre o assunto. – Anui.

– Sim Teóphilo me contou. Ele disse que como ele era um bom irmão não me deixaria curiosa. – Max suspira e discorda meneando a cabeça.

– Teóphilo é um grande filho da ... – Ele suspira e eu sorrio. – Eu queria te fazer o convite, pois foi a mim que você ajudou e não aquele estraga prazeres de uma figa. – Ele desencosta o corpo no encosto do sofá. – Mas, então o que você me diz? Você trabalharia em nossa filial junto com o pessoal do marketing. Com seu talento, criatividade e sua mente brilhante tenho certeza de que ganharemos muito. Não só nós, é claro, mas você também ganhará experiência em outras áreas e isso será ótimo para seu currículo. – Ele me olha com expectativa. – E então, o que me diz? – Fito o rosto bonito de Max e sorrio.

**

Parada com minha lombar encostada na pia ouço a respiração de Teóphilo um pouco distante. Coloco a garrafa sobre a pia, cruzo meus braços e minha pernas e inclino um pouco a cabeça para frente.

Suspiro.

Esta pergunta vem me perseguindo há dois dias e sinceramente ainda não tenho certeza da resposta. Tenho medo de colocar a carruagem na frente dos bois e mais para frente me arrepender de ter tomada a decisão certa ou não. Já quebrei a cara algumas vezes acreditando que estava fazendo o certo e no fim não foi nada bom.

– Você está muito pensativa, com certeza não foi uma boa Maxwell e eu termos proposto algo assim para você. Sabemos que trabalha com o que ama, você estudou para ser professora e vejo sua dedicação ao seu trabalho, mas confesso que queria muito que pensasse com carinho em nossa proposta de com relação a trabalhar na empresa conosco. – Abaixo a cabeça e suspiro.

– Eu realmente amo ser professora, era meu sonho de infância. Quando era criança Aurora e eu brincávamos de escolinha e eu sempre era a professora. Me lembro que pegava uma camisa social de meu pai e vestia para parecer com um jaleco. Parecia mais uma marmota, mas eu adorava. Nos juntávamos com os filhos da vizinha brincávamos. Foi uma época boa, na verdade eu tive uma boa infância. – Suspiro. – Eu nunca pensei em mudar de profissão, ser professora é o que me motiva, o que me faz feliz, não sei se você me entende. Mudar ou começar algo novo me deixa apreensiva. Tenho medo do novo na verdade, então quando você me falou sobre trabalhar com vocês na empresa em uma área totalmente oposta a que estou acostumada isso me assustou. Eu ajudei o Maxwell, mas nunca imaginei que o mínimo que eu fiz me levaria a ter um cargo que muitos que estão ali trabalhando nesse meio, dentro do marketing da empresa tem se esforçado para ser reconhecido e estar na posição que vocês querem me colocar. Não acho que minha ajuda tenha me feito digna desta posição. – Ouço seu suspiro.

– Eu entendo sua posição Alessandra, mas eu queria que reconsiderasse. Ser professora requer não somente amor pela profissão, requer talento, criatividade, perspicácia, e com isso você se torna experiente e sagaz e consegue absorver tudo o que está sua volta e fazer um simples trabalho se tornar algo brilhante a admirável. A maneira como você vê, e enxerga as coisas é o que falta em nosso pessoal, por isso eu te pergunto mais uma vez, Alessandra você aceita trabalhar conosco, em minha empresa junto com Max e eu? – Sorrio sem que ele veja.

– Tá bom, eu aceito, mas com uma condição! – Ouço-o vibrar.

– Ótimo, pode pedir! – Sinto em sua voz que ele está aliviado e feliz? É acho que sim.

– Não quero parar de dar aulas, eu amo o que faço e não quero abandonar meus alunos. Mesmo sendo sua... esposa, eu não quero privilégios, eu detesto esse tipo de coisa. – Vejo pela silhueta que Teóphilo se senta.

– Fique tranquila, Max e eu já havíamos conversado sobre isso e não, você não terá privilégios. Somente em casos especiais que... – Interrompo.

– Não! Se for para ser assim eu não aceito. Quero ter um horário para entrar e sair, quero ter meu registro em carteira como qualquer trabalhador, quero ter direito a todos os benefícios que seus funcionários têm, mas sem privilégios, por favor. – Viro-me na direção onde ele está.

– Fique tranquila, eu estava apenas brincando. Para você, sem privilégios. Então...você aceita? – Sorrio.

– Se for como eu disse então eu aceito. – Mordo o lábio inferior para segurar minha empolgação.

– Perfeito! Direi ao Maxwell para entrar e contato com o pessoal do RH assim já podemos adiantar o processo de admissão. – Sua voz está animada e eu sinto meu estômago esfriar. – Fico muito feliz em saber que trabalhará conosco Alessandra, espero que você se sinta bem e que seja muito bem acolhida por todos. Você com sua competência reforçará nosso time ainda mais. – Ele se mexe na cadeira. – Bom, amanhã depois de seu horário de expediente na escola, passe na empresa, pedirei a Elisa e a Maxwell para te receberem. Não quero que fique vagando pelos corredores sem saber aonde vai. – Sorrio. – A empresa é enorme, você vai me entender quando ver. – Desencosto da pia e pego a garrafa de água.

– Certo, amanhã cedo já converso com Maxwell no café da manhã para marcar um horário. Assim ele não fica me esperando muito tempo e marcamos um almoço também. – Dou de ombro.

– Pra quê você quer almoçar com o Max? Venha para casa, almoce e depois vai. Não precisa marcar almoço com ninguém. – Sua voz soa um pouco rude.

– E por que eu não posso almoçar com seu irmão? Ele é meu amigo, e se eu vier para casa e depois ir para a empresa vou perder muito tempo, então eu vou almoçar com ele por lá mesmo. –Ouço seu suspiro e não entendo sua recusa. – Lá tem restaurante, na empresa? Ou temos que sair para almoçar fora? – Bebo um gole de água.

– Temos um restaurante na empresa, não precisa sair para almoçar com Maxwell. Não há necessidade disso. – Dou de ombro e bebo mais água. – Converse com ele e marque um horário para almoçarem. – Sua voz séria me deixa irritada. Eu não gosto disso.

– O que está acontecendo? Por que ficou zangado? É porque eu vou almoçar com seu irmão? – Seu suspiro sai alto e irritadiço. – Supere isso Teóphilo, eu não posso vir para casa e depois voltar a empresa só porque você quer. A gasolina está um absurdo e eu não estou podendo e não adianta dizer que paga o combustível porque eu não vou aceitar. – O homem fica em silêncio. Suspiro. – Bom, amanhã combino tudo com Maxwell. – Vejo ele se levantar e suspira.

– Ótimo! Então boa noite Alessandra, durma bem. – Teóphilo se move para fora da cozinha.

– Espere! Onde você vai? – Não me movo sentindo meu coração pulsar acelerado. – Me desculpe, eu não deveria ter falado assim com você, me desculpe fui grossa e não queria causar este desconforto, mas é que... – Meneio a cabeça me lembrando de tantas coisas ruins que já passei. Ouço seu suspiro alto.

– Ok, converse com Max e marque o almoço, depois converso com ele para saber como foi. – Mordo os lábios.

– Você não quer conversar comigo? – Pergunto e sinto minha garganta apertar.

– Quem disse isso? – Sua voz sai mais grave. – Eu não disse isso. Eu disse...– Interrompo.

– Que iria conversar com Maxwell e, por que não comigo? Se quiser podemos marcar de nos encontrar aqui na cozinha, neste mesmo horário amanhã. Eu mesmo posso te dizer como foi. – Meu rosto esquenta, nunca fui ousada assim nem mesmo com Marcos. – O que você acha? – Minha ansiedade começa a surgir. Vejo ele se sentar novamente.

– Você...quer conversar comigo de novo? Aqui na cozinha? Amanhã? – Seu timbre de voz muda. Afirmo em um murmúrio. – Bom, se não for te atrapalhar, eu...quer dizer nós podemos conversar então. Amanhã nesse mesmo horário. Amanhã, tá amanhã. – Ele diz todo atrapalhado e eu sorrio.

– Perfeito! Até amanhã então Teóphilo. – Me afasto da pia e começo a andar em direção a porta da cozinha. – Ah, um passarinho me contou que você gosta de coco. Fiz uma sobremesa com a fruta, espero que goste. – Viro meu rosto em sua direção e vejo sua silhueta. – Boa noite e até amanhã.

Saio dali, com meu coração quase pulando pela boca. Sei que posso estar me iludindo querendo me aproximar de um homem que não quer aproximação, mas eu como sou uma boba quero estar por perto, quero sua amizade, quero entender o homem Teóphilo e saber os seus medos e receios e dizer que tudo ficará bem.

Sempre.

Espero conseguir isso.


Olá, pessoal, como estão?

Mais uma capítulo para vocês, espero que gostem.

Beijo grande.

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