Não me veja.

By SSMSantos

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Você já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. M... More

Personagens.
Apresentação.
Sinopse.
Teóphilo - Capítulo 2
Alessandra - Capítulo 3
Teóphilo - Capítulo 4
Alessandra - Capítulo 5
Teóphilo - Capítulo 6.
Alessandra - Capítulo 7.
Teóphilo - Capítulo 8
Alessandra - Capítulo 9
Teóphilo - Capítulo 10
Alessandra - Capítulo 11.
Teóphilo - Capítulo 12.
Alessandra - Capítulo 13.
Teóphilo - Capítulo 14.
NÃO É CAPÍTULO.😳
Alessandra - Capítulo 15.
Teóphilo - Capítulo 16.
Alessandra - Capítulo 17.
Teóphilo - Capítulo 18
Alessandra - Capítulo 19.
Teóphilo - Capítulo 20.
Alessandra - Capítulo 21.
Teóphilo - Capítulo 22
NOTA.
Alessandra - Capítulo 23.
Teóphilo - Capítulo 24.
Alessandra - Capítulo 25.
Teóphilo - Capítulo 26
Alessandra - Capítulo 27
Teóphilo - Capítulo 28
Alessandra - Capítulo 29.
Teóphilo - Capítulo 30.
Alessandra - Capítulo 31
Teóphilo - Capítulo 32.
Alessandra - Capítulo 33
Me Ajudem!
Teóphilo - Capítulo 34.
Alessandra - Capítulo 35
Alessandra - Capítulo 36
Teóphilo - Capítulo 37.
Alessandra - Capítulo 38
Teóphilo - Capítulo 39
Alessandra - Capítulo 40
Teóphilo - Capítulo 41
Alessandra - Capítulo 42
Teóphilo - Capítulo 43
Alessandra - Capítulo 44.
Teóphilo - Capítulo 45
Alessandra - Capítulo 46
Teóphilo - Capítulo 47.
Alessandra - Capítulo 48.
Teóphilo - Capítulo 49
FELIZ ANO NOVO!
Alessandra - Capítulo 50.
Alessandra - Capítulo 51.
Teóphilo - Capítulo 52
Alessandra - Capítulo 53
NÃO É CAPÍTULO.
Alessandra - Capítulo 54
Teóphilo - Capítulo 55
Teóphilo - Capítulo 56
Teóphilo - Capítulo 57
Teóphilo/ Alessandra - Capítulo 58
Desculpas.
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 59
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 60.
Teóphilo - Capítulo 61
Teóphilo e Alessandra - Final.
Agradecimentos.

Alessandra - Capítulo 1

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By SSMSantos


Dias atuais.

Olá senhores passageiros, sejam bem vindos a bordo. Observe o número de seu assento no cartão de embarque. Por medidas de segurança, acomodem as bagagens de mão nos compartimentos acima de seus assentos e as que não couberem no local indicado, coloque abaixo da poltrona a sua frente.

Olho novamente para meu assento, pego o bilhete de embarque e observo o número escrito: poltrona trinta e seis. Confirmo-a olhando a numeração acima no compartimento de bagagens. Solto um suspiro, acomodo a pequena mala de viagem no compartimento, sento-me remexendo meu quadril no assento para ver se meu nadapequenotraseiro se acomode sem se espalhar para a poltrona do vizinho, pego o cinto e tendo ajustá-lo.

Nunca havia entrado em um avião e agora teria que fazê-lo. Sempre, ao me imaginar dentro de uma aeronave sentia meu sangue gelar nas veias. Não tenho medo de altura, apenas medo que aconteça algo que faço o avião cair. Quando fiquei sabendo que viria para esta bendita viagem fiz uma pesquisa e vi que de cada milhão de aviões que decolam, menos de dois apresentarão problemas no percurso. A probabilidade é pequena de queda, mas isso não tira a possibilidade do "e se".

Estou indo para São Paulo em uma premiação de melhores do ano, onde o Ranking Leite Brasil todo ano elege treze empresas como as maiores do setor de laticínios e este ano a Graham Lacty foi eleita como uma das Maiores Empresas de Laticínios do Brasil. Ficamos em primeiro lugar neste ano e isso é uma conquista extraordinária para a empresa e para nós funcionários.

O Comandante Soares e sua tripulação, apresentam-lhes as boas-vindas a bordo do Boeing sete três sete duzentos. Este é o voo com destino a São Paulo e pousará no aeroporto de Guarulhos sem escalas.

O comissário até que é bem bonitinho!

Me pego rindo e meneio a cabeça com esse tipo de pensamento. Fico observando seus gestos e abaixo a cabeça completamente envergonhada quando vejo-o me olhar e dar um sorriso ladino e uma piscadela. Passo as mãos na fivela do cinto puxando o máximo de dá, prendo a respiração, murchando a barriga, forço mais um pouco e ouço um click e confirmo se está bem preso. Fazendo este malabarismo, lembro-me do Pateta e seus vídeos para desenvolver os músculos com seus aparelhos de ginástica. Pés em posição, um aspire, dois abaixe-se, três flexione seus joelhos, quatro segure firme com as duas mãos e cinco... Vai Alessandra que você consegue! Volto a respirar e solto a barriga bem devagar para não se desprender. Olho para o lado para ver se alguém está me olhando e para minha sorte estão todos prestando atenção as instruções.

Informamos que por determinação do Departamento de Aviação Civil o DAC, é proibida a utilização a bordo de qualquer aparelho eletrônico emissor de energia eletromagnética, principalmente telefones celulares que devem permanecer desligados ou em modo avião. O tempo de vôo até o aeroporto de Guarulhos está estimado em uma hora e dez minutos sem atrasos. São encontrados a bordo desta aeronave dois lavatórios: um na parte dianteira e outro na parte traseira.

Mais uma vez passo as mãos no cinto verifico se está bem preso, abaixo minhas mãos e passo-as em minha saia lápis tirando uma sujeira imaginária, mais uma vez pego o cartão com as instruções de voo e passo os olhos nas figuras. Fico meio perdida com as informações, pois além de termos o comissário de bordo falando, um outro a minha frente fazendo os gestos e há as mesmas informações passando em uma tela pequena logo acima da cabeça de um dos passageiros, duas fileiras à minha frente. Minha bolsa de mão que estava em meu colo, vai para baixo do banco com muita dificuldade, assim como foi instruído. Volto a minha posição anterior sentindo minhas mãos frias. Minha respiração está um caos, está rasa, estou super ansiosa.

Fecho meus olhos e conto até dez para tentar espantar o medo, medo não pavor por estar dentro desse pássaro feito com liga de ferro com carbono e aço. Preferiria ir de ônibus, ou até mesmo de carro. Sei que a viagem se tornaria mais cansativa, mas eu teria mais segurança e menos medo.

Atenção senhores passageiros sentados na fileira junto às saídas de emergência. Leiam atentamente os cartões de segurança localizados nas bolsas a sua frente. Não estando aptos a operá-las em uma situação de emergência, informem a um dos comissários para a troca de assentos.

Abro os olhos e vejo se estou em uma dessas portas. Deus me livre ficar na reta de uma delas! Seguro mais uma vez a fivela do cinto e vejo se está presa.

Meu Deus! Isso virou um tic? Por que tanto verifico isso? Olho para o lado e vejo meu colega de poltrona e tento não tomar seu lugar por causa do meu quadril largo e braços grossos. Ele me olha rapidamente e dou um sorriso sem dentes que não é retribuído. Bom, não o vi reclamar, então tudo bem!

Viagem que segue.

Pedimos a sua atenção para demonstração do nosso equipamento de emergência. Em caso de despressurização, máscaras individuais cairão automaticamente dos painéis acima de seus lugares. Neste momento, puxe a máscara mais próxima para liberar o oxigênio, aplique-a sobre o nariz e a boca, ajuste o elástico a volta da cabeça e respire normalmente. Passageiros viajando com crianças ou alguém que necessite de ajuda, lembramos que deverão colocar suas máscaras primeiro para em seguida auxiliá-los.

Olho para cima e vejo como se fosse uma tampa com alguma espécie de botão e uma luz, o comissário de borda está explicando como usar as máscaras. Fico de olho em cada movimento e pensando em mais tarde pedir para ele me ensinar na prática como colocar o objeto. Sei que não acontecerá nada conosco neste voo, mas temos que estar precavidos e saber fazer as coisas a qual nos está sendo mostrado.

Nada é à toa.

Desgrudo minhas costas no encosto da poltrona e olho para o fundo do avião e vejo ao longe uma de minhas colegas de trabalho, uma pena que o pessoal do setor administrativo não comprou nossas passagens com as poltronas próximas. Queria ficar perto do pessoal. Não sou muito de conversar, mas Alicia é uma pessoa maravilhosa e uma excelente advogada. Ela, eu e mais uma pequena comitiva estamos indo para esta viagem receber o prêmio em nome da empresa.

Foram escolhidos a dedo as pessoas que iriam para esta viagem e eu, como não tenho sorte descartei minha ida, mas para minha total surpresa e desespero -ao final- fui convocada para ir junto com a comitiva. Sei que só estou aqui por conta de minha atual posição e não por mérito como muito aqui e isso me deixa frustrada.

Esta aeronave possui seis saídas de emergência, observe a indicação dos comissários e identifiquem a saída mais próxima de seu assento. Os cintos deverão estar afivelados sempre que o sinal estiver aceso ou enquanto permanecerem sentados. Recomendamos a leitura das instruções de segurança que se encontram a frente de seus lugares. Observem os avisos luminosos de apertar cintos.

Faço uma breve oração e logo o comissário bonitinho sai do corredor, indo para sabe Deus onde. Olho para janela e me sinto feliz -mesmo que com medo- de saber que estou indo para São Paulo e ficarei -mesmo que só de passagem- em um hotel bem bacana (sim eu pesquisei sobre o lugar) e poderei aproveitar e ir na vinte e cinco de março e torrar minha grana em roupas boas e barata nos horários vagos e ainda ver algo para dar para o casal de anciões que tem sido meus amigos. Aperto meus dedos no cinto de segurança.

Mantenham os encostos das poltronas na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. Lembramos ainda que os assentos de suas poltronas são flutuantes. A Companhia agradece a preferência e desejam a todos uma boa viagem.

Sou tirada de meus pensamentos quando o avião começa a correr pela pista para a decolagem. Seguro firme os braços da poltrona e mais uma vez fecho os olhos e faço uma breve oração. Serão só uma hora e dez minutos de viagem Alessandra, só uma hora e dez minutos! Ouço o motor cheio da aeronave em sua potência máxima. Aperto ainda mais os olhos e fico aguardando que algo aconteça. De repente, o barulho alto do motor é reduzido dando uma diminuída. Sinto meu coração acelerar ainda mais.

Nós vamos cair, nós vamos cair!

OH MEU PAI O AVIÃO VAI CAIR!

Meu Deus, eu não me despedi da minha família!

Não consigo nem gritar, apenas sinto minhas pernas amolecer minhas mãos que estavam segurando os braços da poltrona perder as forças e eu como uma boa medrosa me despeço do mundo sabendo que não o verei mais.

– Adeus mundo cruel, adeus! – Fecho meus olhos com força e falo baixinho minhas últimas palavras com as mãos em oração.

Fico esperando a queda e isso não acontece, sinto um pouco de falta de ar e meus ouvidos tampam. Abro um de meus olhos e olho para frente e para os lados.

tudo normal?

Abro o outro olho e passo meus olhos de forma rápida em toda a aeronave. Suspiro aliviada por ver que nada aconteceu.

– Obrigada senhor! – Falo juntando minhas mãos. – Eu preciso parar de ter tanto medo! – Falo baixo para mim.

A empresa a qual trabalho, está nos enviando para São Paulo em classe econômica Premium. Os responsáveis nos disseram que nós funcionários devemos usufruir de mais espaço e ter um pouco mais de privacidade. Não sei para que tudo isso, eu preferiria ir de ônibus! Vejo o meu vizinho de assento tirar o cinto e no mesmo instante coloco as mãos na fivela. Penso em fazer o mesmo, mas aí me lembro como foi constrangedor fecha-lo.

– É melhor deixar como está Alessandra. – Digo baixo dando um tapinha na fivela. Pois é eu falo sozinha. Desculpa.

Estico minhas pernas e ligo a tela de uma pequena TV que fica na poltrona a minha frente, coloco os fones de ouvido e logo uma sessão de clips começa a passar. Eu amo MPB, e o cantor que eu amo de paixão é o inesquecível Tim Maia. O cara era incrível! Adoro principalmente as músicas dançantes como a música Sossego e a melhor de todas Descobridor dos Sete Mares, mas a música que amo é Azul da cor do mar. Aumento o som, fecho os olhos e tento relaxar um pouco. Eu simplesmente amo essa música!

Lembro-me dos dias de faxina e eu me requebrando igual doida pelos cômodos da casa. Coloco o som nas alturas e faço a limpeza. É uma sensação maravilhosas. Eu amo ouvir o som do contrabaixo e o pessoal do metal nas músicas dançantes! Os caras tocam demais, eles arrebentam!

Não sou das melhores dançarinas, mas seria muito bom se soubesse dançar de verdade. 

"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir

Tenho tanto pra contar

Dizer que aprendi..."

Canto baixinho sentindo a música, sem perceber, sinto uma lágrima rolar de meu rosto, passo a ponta de meus dedos em minha face e limpo o rastro deixado. Eu preciso me desprender e começar a entender o que a letra da música diz, uns nascem para sofrer enquanto outros ri. Tenho que parar de sonhar com algo impossível e que nunca estará a meu alcance. Relaxo e tento esquecer como a minha vida virou de cabeça para baixo, estou nos ares e preciso fazer com que meus pensamentos voem também. Quero me abster de qualquer um deles mesmo que por um instante, pois não me ajudarão em nada no momento, apenas me farão mais deprimida ou pior, mais do que já estou, então fico apreciando a música gostosa que toma meu corpo e minha mente. Fico viajando em sentimentos bons, enquanto ouço várias músicas do Tim.

Obro meus olhos e vejo na lista de reprodução uma música que começou a fazer parte de minha vida. Meu coração dispara ao mesmo tempo em que sinto meus olhos marejar. Desde que eu vi aqueles olhos naquela festa, eu sabia que em algum momento minha vida não seria mais a mesma. Nesta hora, toca a música da minha vida.

Sei que parece loucura, mas eu amei aquele homem vendo-o e conversando com ele na cozinha da sua mansão anos depois de nosso primeiro encontro. Não foi amor à primeira vista, mas seus olhos me acompanhavam em todos os meus sonhos, suas palavras me acolheram, me ajudaram a seguir em frente, mesmo não vendo como fazê-lo. Nunca pude esquecer seus olhos, eles pareciam olhar para mim, só para mim. Durante toda o decorrer da festa, depois de nossa curta conversa eu sentia que alguém me vigiava de longe. Parecia loucura isso, mas...

Tuumm... ouço e me assusto com o som de um beep.

Senhoras e senhoras peço que permaneçam sentados e com seus cintos afivelados. Vamos atravessar uma área de turbulência. Senhores pais, verifiquem os cintos de suas crianças. A companhia agradece e obrigado pela atenção.

Vejo os comissários interrompendo o serviço de bordo e todos se acomodam em seus assentos. De repente, o avião começa a trepidar, a balançar e isso me deixa com o coração quase saindo pela boca. Parece que isso dura uma eternidade. Mais uma vez cravo meus dedos no braço da poltrona novamente. Se este lugar onde estou sentado tivesse vida com certeza quando eu descesse deste voo ele estaria cheio de hematomas, ou se fosse o professor Horácio Slughorn de Harry Potter eu estaria ferrada ou morta, acho que ele me mataria com um de seus feitiços por apertá-lo tanto.

Não tiro o fone de ouvido e continuo ouvindo minha música de olhos fechados. Sinto uma fisgada em meu estômago e novamente uma dor insuportável vem com tudo. Eu nunca havia sentido algo nessa magnitude. É uma dor intensa como nunca senti em toda a minha vida. Antes de vir para esta viagem, quando ainda estava em casa me senti mal, muito mal. A dor era tanta que não conseguia andar. Fiquei curvada no meio da cozinha de minha casa, ajoelhei-me devido à forte dor. Senhor Alberto e dona Guiomar o casal que cuida de tudo na mansão já estavam de pé, quando me viram jogada no chão, vieram ao meu auxílio e me ajudaram a ir para meu quarto. Tomei um remédio e fiquei deitada até a dor passar, mas agora a dor está ainda mais intensa como se alguém estivessem apertando minha barriga e cortado meu estômago em dois. Pego minha bolsa e toma mais um comprimido para aliviar a dor. Estamos a poucas horas do aeroporto de Guarulhos em São Paulo e isso me traz um certo alívio, pois logo estaremos em terra firme. Fecho meus olhos e coloco minhas mãos sobre meu abdômen para que a dor passe.

Dentro de instantes pousaremos no Aeroporto de Guarulhos. Mantenham os encostos da poltrona na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. Observem os avisos luminosos de apertar cintos.

Depois de alguns instantes sinto-me melhor, a dor ainda está ali, mas com menos intensidade. Mesmo com o fone em meus ouvidos, ouço um som estranho no motor da aeronave e as luzes se apagarem. Tiro-o e vejo uma comissária de bordo correr pelo estreito corredor e em seguida pegar um telefone, ela fala algo e coloca o aparelho no gancho novamente. Pude ver seu desespero, observo ela correu e sentar-se e logo veio o impacto. A dor que sentia no estômago passa em um passe de mágica.

Vi o avião se torcer, parecia uma lâmina se dobrando. Ouvi muita gritaria e vi muitas pessoas voando, espalhadas no ar. Via tudo em câmera lenta. Pensei em tudo o que tem acontecido e no que já passei e acho que isso sim é o fim que eu mereço por sonhar demais e querer um amor impossível de ser alcançado. Esta é a lei do retorno e eu a aceito, mesmo achando que poderia ter um fim bom. Ser alguém de quem as pessoas sentem orgulho e não a pobretona, preta e gorda que se casou para pagar as dívidas de um pai bêbado que não está nem aí para ela ou para seus sofrimentos e muito menos liga para seus sonhos.

Sinto a aeronave parar depois de um impacto forte. Tento me soltar do cinto e nada, ele não abre, apertei o dispositivo da fivela e nada aconteceu. Não desmaiei em momento algum, ouvia alguns estalos e barulho do metal contorcido. Ouvia alguns gemidos, e gritos de desespero a todo o momento.

Foi bem nessa hora que me senti cansada demais para continuar lutando, para chamar por alguém, para pedir por ajuda, por algum socorro. Simplesmente, fechei meus olhos esperando a morte vir me buscar.

Não sei quanto tempo se passou, se foram horas ou dias eu só sei que quando me dei por mim não ouvia mais a gritaria das pessoas, apenas alguns poucos gemidos. Comecei a me desesperar pois sabia que a qualquer momento o avião poderia explodir devido ao cheiro forte de combustível que passei a sentir. Meu medo era morrer queimada, então mais uma vez fechei meus olhos e vi os olhos do homem que amo e que só vi uma única vez. Sorrio ao pensar que poderia estar casada e feliz ao seu lado. Vendo minha atual situação isso nunca acontecerá. Sonhar fazia parte da minha vida e isso me fazia viver, agora não preciso mais disso.

– Senhora! – Ouço ao longe. – Senhora! – Uma voz forte fala mais uma vez. – Senhora! – Tento gritar, mas sinto como se estive amordaçada. Começo a gemer alto, nenhum som sai de minha boca. Sinto um toque leve em meu ombro. – SENHORA! – Assusto-me e abro meus olhos dando um grito de pavor. Respiro forte como se tivesse corrido uma maratona, meu peito sobe e desce devido a força que faço para manter minha respiração controlada. Engulo em seco e olho para cima e vejo a comissária de bordo, ela tem um sorriso gentil em seus lábios. Desvio meu olhar e abaixo meus olhos e foco no piso da aeronave, noto que o passageiro que estava sentado ao meu lado já desceu. Sinto-me envergonhada e constrangida por ter causado este incômodo. Observo que a aeronave já pousou, olho ao redor e vejo que estamos sozinhas e que tudo está na mais perfeita ordem. – Está tudo bem senhora? – A jovem pergunta e eu apenas assinto, não tenho voz para responder. Ainda me sentindo um pouco tonta, atordoada devido ao pesadelo que tive, desafivelo o cinto puxando o ar com mais força. – Deixe que eu te ajudo senhora, vejo que ainda não está bem. Continue sentada, vou buscar um copo de água para que tome e se acalme. – Ela sai e eu fico ali parada esperando meu corpo responder, se firmar para que eu saia daquele lugar e vá para o meu destino. Eu dormi durante o voo e não percebi, com certeza foi o remédio para a dor, geralmente eles sempre me dão muito sono.

Bebo a água que gentilmente a moça trouxe, espero alguns minutos, me levanto e ela me ajuda com minha mala e minha bolsa, saio da aeronave e sigo pelo corredor até o saguão do aeroporto. Olho ao redor e não vejo nenhuma das pessoas que vieram comigo neste voo. Foi alugado um veículo para nos levar até o hotel onde ficaremos hospedados durante esses dias. Ando pelo local e logo a frente vejo uma placa com meu nome. Sorrio ao ver que o pessoal não me esqueceu e mandaram alguém me encontrar. Sigo até a mulher que segura a placa.

– Eu sou Alessandra Ferreira. – Digo com um sorriso. A mulher me olha de cima para baixo com seus olhos castanhos, ela me avalia como se eu fosse uma mercadoria, mas uma que não tem valor. – Podemos ir? – Ela volta seu olhar para meu rosto e sorri falsamente.

– Claro, me acompanhe senhora. – Ela abaixa a placa, vira-se e segue um caminho por entre a multidão. Seguro minha mala e minha bolsa com certa força com medo de ser assaltada.

Ao sairmos, ela nos leva ao estacionamento. O lugar está abarrotado de veículos, a bela mulher estende a mão e aciona o alarme de um carro muito chic todo insufilmado. Ela abre a porta do passageiro e eu entro. Olho para frente e vejo um homem ao volante, ela entra e se senta no banco do passageiro. Sinto um arrepio na coluna, um frio na barriga, o carro é acionado e começa a mover-se.

– Vocês estão me levando ao hotel Transamérica Prime International Plaza, não é mesmo? –Eles não dizem absolutamente nada, apenas olham para frente seguindo o caminho pelo asfalto quente da capital Paulista. Destravo a porta, e percebo que ela só abre por fora. – Por favor, vocês poderiam me dizer para onde estão me levando? – E mais uma vez, não há resposta.

Depois de algum tempo em movimento, o carro para, ouço a porta se destravar e, quando me movo para colocar a mão para abri-la, alguém é mais rápido e a abre. Sinto meu sangue ser drenado se minha face quando vejo à minha frente quem eu menos esperava.

– Você? – Pergunto perplexa.

– Olá Alê, sentiu minha falta? – E foi ali, naquele momento que meu pesadelo começou.



OLÁ PESSOAL, COMO ESTÃO?

Senti falta de poder escrever e postar aqui e assim poder conversar com vocês.

Ainda não estou com muitos capítulos, mas como disse que começaria as postagens em janeiro, estou aqui para apresentar mais uma história e cumprir com minhas palavras.
Espero que essa história seja tão bem aceita como as minhas duas outras. Tenho visto todo o dia mais e mais pessoas lendo-as e comentando e isso me deixa muito feliz, de verdade!

Então é isso, obrigada pelo carinho de sempre.

Beijo grande e sejam bem-vindos!

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