Místicos - As Crônicas De Myustic - Livro 1

Capítulo 24 - A Ira de Gabriel

Gabriel sentia seus pulsos doerem, não conseguia se mover da mesma forma. Ao abrir os olhos, percebeu que estava em um lugar escuro, sem vida. Não conseguia ver o próprio corpo a sua frente. Era possível ouvir o som de outras correntes ao seu redor. Não conseguia acessar seus poderes para derretê-las, era como se estivessem adormecidos.

Ele olhou ao redor, mas nada via, somente o breu.

― Amanda? ― Chamou. Mas não teve resposta. ― Maika?

Silêncio.

Passados alguns minutos, uma porta se abriu.

Duas figuras entraram. Uma estava sendo empurrada por outra. Os olhos de Gabriel demoraram para se acostumar com luz que porta a sua frente emanava. Uma das figuras, com um estalar de dedos, acendeu as velas ao longo do local. Gabriel conseguiu em si ver onde estava, era uma sala circular enorme com correntes presas as paredes por ganchos. Pessoas inconscientes estavam amarradas ali. Algumas deveriam ser Seres Sobrenaturais.

Gabriel percebeu que Amanda estava amarrada assim com ele. Seus olhos ainda estavam fechados. Ela não tinha acordado por completo. Maika também estava ali. Todos os outros, assim como eles, inconscientes.

Uma das pessoas a sua frente era Kaime, com seu rosto rígido, sem expressão feliz a não ser o rancor. Usava uma túnica escura e segurava uma adaga em uma de suas mãos. Essa estava apontada para o pescoço da segunda pessoa.

― Cameron! ― Gabriel respondeu na mesa hora que reconheceu o rosto do amigo.

― Olá...

― Eu disse que você só abre a boca quando eu mandar ― respondeu Kaime na mesma hora apertando mais a adaga no pescoço de Cameron. Ele olhou para Gabriel. ― Olá, Gabriel Griffen.

― Kaime Mrak ― disse Gabriel com desgosto na voz. ― Que desprazer o conhecer.

― Você já me conhece ― Kaime afirmou. ― Conheço você há mais de 20 anos...

― Não lembro, mas sei que você foi responsável por eu não lembrar ― Gabriel se arrumou no chão ficando mais ereto, mesmo estando com os braços esticados. ― Você quase matou seu irmão...

― Primeiro, não fui responsável pelo poder que o ligava aos outros ser tão imprevisível. A magia dos Quinque Sanguinis ajudou a todos naquela época, só vocês que não. ― A voz de Kaime era plena. ― Nunca pensei que a burrice continuaria depois de vinte anos, vir atrás de mim pensando que conseguiram me impedir... Morgan, Moonllyn e Roman tentaram me encontrar e quase colocaram a vida de vocês dois em perigo enquanto ainda estavam na forma de bebês.

― Já disse que não lembro de nada ― retrucou Gabriel na mesma hora. ― Você fala como se eu lembrasse de algo, no entanto, não lembro... E segundo, viemos até Cameron, pois queríamos acabar com tudo isso. E ele corria perigo, então viemos...

Kaime deu uma risada alta.

― Ele já estava morto quando partiu ― ele olhou bem no rosto de Cameron. ― Mandar Delfim foi uma ótima ideia. Eu, como um príncipe renegado, e ver você, Gabriel Griffen, tomar meu lugar por simplesmente conseguir salvar meu irmão... Foi algo digno de ser observado ao longo desse tempo. Eu sabia que vocês viriam atrás de mim, então...

― Você sabia dos nossos passos... ― Gabriel concluiu. ― Delfim sabia onde nós estávamos, pois Amanda contou a ela na carta avisando que iriamos para Maika.