Capítulo 13 - Um Coração Partido

17 1 0
                                    

Foram guiados por Vladir para um outro corredor na casa, para outro cômodo para ser mais exato. Era apenas um local com mais portas. Três para ser mais exato. Os quartos de hospedes.

Gabriel sabia que isso era parte de Maika, expandir sua casa internamente para que pudesse colocar tudo que tem. As portas dos quartos tinham um símbolo diferente talhado no alto, era como se fosse uma cobra comendo a própria cauda. Um ourobouro.

― O que é? ― perguntou Amanda apontando para o símbolo. ― Uma cobra comendo a própria cauda?

― Um ourobouro ― respondeu Gabriel. ― A família de Maika tem esse símbolo como marca familiar. Um símbolo que explica imortalidade.

― Mas é seguro, não fico muito segura com cobras...

― Pode confiar nele ― falou Cameron. ― Sabe aquele feiticeiro na praça, a estátua dele? ― Ele foi para porta do meio. ― Ele é antepassado direto do Maika.

― Mas o Maika tem o sobrenome Koupry... ― Amanda ressaltou.

― Cassius pode ter mudado o sobrenome de seus filhos para não levantar suspeitas ― disse Gabriel indo para porta ao lado de Cameron. ― Maika ainda usa só por razões familiares.

Gabriel acenou, e entrou em seu quarto.

O quarto era bem aconchegante, ficou maior assim que Gabriel entrou. As paredes eram marrons como tronco de árvore, os móveis eram mais claros que as paredes, e cama continha uma muda de roupas escuras. Gabriel tirou a roupa suja que vestia e colocou a nova sem pensar duas vezes. Ao relaxar pela primeira vez depois de alguns dias, sua mente foi tomada por pensamentos.

Primeiro, ele estava feliz por Amanda estar ali com eles, porém dentro de seu ser, achava que ela estar naquele local não estava sendo saudável para já que poderia estar vivendo novamente o que aconteceu na Torre Norte.

Segundo, as coisas estavam acontecimento muito rápido, já tinha se passado dois dias desde que saíram do castelo. Você terá até o dia do Tratado para achar o assassino, isso é daqui sete dias, lembrou do que o pai tinha lhe dito.

Gabriel encontraria respostas enquanto estava com Maika, então teria que fazer as duas coisas: achar as respostas e controlar seus poderes.

E agora tinha uma terceira coisa que tinha colocado em sua lista: resolver as coisas com Amanda de uma vez por todas.

Como ainda era começo da tarde, teriam um tempo até o jantar.

Gabriel tinha que resolver isso.

***

Gabriel bateu na porta suavemente, não esperava que ela fosse responder na primeira vez, então, quando Amanda abriu a porta Gabriel recuou um pouco.

Amanda vestia uma camiseta azul com algumas estrelas, seus cabelos estavam presos com um grampo de metal em formato de Lua. Gabriel se lembrou do primeiro dia que a conheceu, então, logo foi coberto pelo dia que a perdeu a perdeu. Sentiu o laço do seu poder vacilar.

― Oi ― disse Amanda olhando com uma cara confusa para Gabriel. ― Está tudo bem?

― Sim, está ― respondeu Gabriel ao coçar atrás de sua cabeça. ― Quero conversar com você sobre... ― Gabriel parou por um momento.

― Sobre o que, Gabriel? ― Amanda franziu no cenho levemente.

― Sobre nós ― ele respondeu tão rapidamente que nem parecia que sua voz. ― É que...

Amanda ficou com uma expressão séria.

― Gabriel ― sua voz estava carregando uma seriedade tão forte que o coração de dele apertou. ― Vou ser sincera com você. Não existe nós para conversar ou nada semelhante. Estou aqui com vocês, pois quero ajudar a minha amiga que está presa em uma cidade, e o quanto antes acharmos o assassino, ela poderá sair para seguirmos juntas para onde estávamos indo. Prefiro deixar as coisas do jeito que estão.

Gabriel ficou em silêncio.

― E assim, perante as coisas que aconteceram ― ela não tirou o olhar dos olhos dele. ― Eu só pensaria em conversar ou reatar as coisas com você quando o Inferno congelar.

― Tudo bem. ― Foi a única coisa que Gabriel conseguiu dizer.

― Sinto muito ― Amanda disse pôr fim ao fechar a porta lentamente.

Você mereceu isso, pensou Gabriel na mesma hora ao voltar para seu quarto.

***

O jantar não estava sendo um dos melhores para Gabriel.

A mesa estava repleta de comidas para os mais diferentes gostos, em uma bandeja tinha pedaços de carne de carneiro ao molho de laranja, em outra bandeja tinha uma salada de maionese com pimentões vermelhos. Todos os comiam com uma paixão, como se nunca tivessem comido.

Maika estava em um canto com Vladir ao seu lado, Amanda estava do lado oposto a Vladir, Cameron ao lado dela e Gabriel de frente para Cameron. Comeram em um silêncio por uns minutos.

― Bem ― disse Cameron depois de comer uma grande colherada de comida. ― Vladir, você é um ótimo cozinheiro.

Vladir deu um sorriso gentil.

― Obrigado ― disse com um sorriso maior ainda.

― Você deu sorte, hein Maika? ― Cameron começou a dizer. ― Sua comida é horrível, então acho que é um equilíbrio com a de Vladir.

Gabriel pensou que Maika iria xingar Cameron de novo, mas ele riu do comentário.

― Tenho que concordar ― seus olhos castanhos brilharam com as luzes das velas. ― Sou bom com feitiços e poções, mas com comida humana... Sou um desastre.

― Isso é verdade, Amanda ― afirmou Cameron ao encostar o ombro dela para chamar sua atenção já que ela olhava para o prato sem piscar. Seu olhar voltou para a mesa. Logo se tocou do assunto.

― Ah, mas o Maika é bom com feitiços ― afirmou. ― Acho que deve pelo menos saber cozinha um ovo.

Maika soltou uma risada.

― Pelo menos, isso eu sei ― falou olhando para o marido. Gabriel sorriu ao imaginar a felicidade de Maika por ter alguém ao seu lado, com um amor incondicional. Algo que queria para si. ― Mas vamos falar de coisa séria ― lançou um olhar para Gabriel, que ficou reto na mesma hora. ― Bem, dei uma pesquisada. Conclui que não podíamos usar a mesma técnica da última vez.

Todos começaram a prestar atenção.

― Encontrei um livro que contava sobre os tempos antigos, no começo quando esse continente não era um lugar para humanos viverem. Existiam dois povos, esses são Na e Ka

"Esses povos eram conhecidos por sua magia solar e lunar. Ka era lunar e Na era solar. Todos que nasciam, nasciam sem poderes, conforme cresciam a magia se desenvolvia. Então, quando completavam 17 anos, recebiam a skanteij. Uma marca capaz de controlar o poder da pessoa ou designar qual o poder através dos padrões de marcas. Passado o tempo, os povos de Na e Ka foram esquecidos no tempo, e o povo trofhtiano encontrou os segredos desses povos, e passaram a usar as marcas em suas castas.

Amanda levantou a mão.

― Trofhtianos?

― Sim. Vocês são descendentes diretos de castas, famílias trofhtinianas. Os Griffen eram capazes de conversar e controlar um animal, o grifo, por isso seu símbolo era o mesmo animal. Os Specktrum eram capazes de controlar a luz a seu favor.

― Espectrais... ― Amanda sussurrou.

― Por que eu não consigo conversar com um? ― Gabriel ficou intrigado. ― Quero dizer, não sei se saberia conversar...

Cameron foi quem respondeu.

― Não lembra, Gabriel... ― sua voz era pensativa. ― Todos foram mortos na Batalha da Noite.

― Enfim ― Maika deu uma tossida. ― A skanteij é a melhor forma de ajudá-lo a controlar seus poderes, que acho que aumentaram desde a última vez que nos vimos. ― Ele coçou a cabeça. ― Começamos amanhã. E quero Amanda junto também, se você quiser, pode ter uma skanteij.

― Estaremos lá ― disse Cameron por todos.

― Quero você longe de qualquer coisa relacionada com magia. ― Maika comentou com um sorriso falso.

― Pode deixar, Maika ― falou Gabriel. ― Vamos estar lá. 

Místicos - As Crônicas De Myustic - Livro 1Where stories live. Discover now