Capítulo 20 - O Primeiro e Último Ato

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Essa é minha lembrança, não tenho nome, não tenho lembranças de quem eu era. Alguns diziam que eu perambulava pelos mundos coletando memorias para meu próprio conhecimento. Não sei dizer se estavam certas. Vocês podem me chamar de Nahak.

As pessoas do Grande Continente tiveram há muito tempo acesso a magia e tudo que ela proporcionava, alguns com marcas em seus corpos, outros com habilidades vindos de fontes terceiras, mas isso começou a se perder quando preconceito misturado ao medo começou a tomar conta daquele continente. Era algo muito estranho, na minha sincera opinião

Pelo meu ponto de vista, as pessoas passaram a cultuar divindades que não usavam magia e passaram a atacar aquele que tinha. Mas o Universo compensa tudo que existe, então o filho de um Rei de Reagan foi escolhido para pagar pelos crimes do pai e de seus antepassados. Kaime e Kyara foram amaldiçoados pelas Bruxas de Heda.

A maldição que receberam das Bruxas de Heda demorou um pouco para acontecer, levou um tempo.

Na noite seguinte que foram amaldiçoados, suas mentes foram jogadas num mar de pesadelos onde eram mortos pelas mãos uns dos outros. Esses sonhos se enraizaram na forma como eles agiam entre os dois. Kaime se afastou de Kyara, assim como ela de ele. Depois dessa separação vieram os efeitos físicos pelos ataques de pânicos que ambos tinham durante a noite, gritos eram possíveis serem ouvidos tanto da Zona Fauna onde Kyara morava quanto Castelo Reagan onde Kaime vivia.

Kaime passou a ficar noites em claro por medo da dor que sentia quando acordava. Em umas das noites percebeu certas linhas brancas em sua pele ― quase como escamas de peixe ― furavam sua pele. Kyara sentia seu corpo esquentar todas as noites, deixando o lençol de sua cama chamuscado, sua mãe e a irmã ficaram preocupada se algo poderia acontecer com a garota..

Na noite em que se transformaram, eles sonharam. Juntos.

Sonharam com a noite caindo a oeste de sua casa.

Então, quando acordaram, sentiam a vontade de se encontrar

Kyara ficou feliz, pois era a hora que ela veria Kaime, o único amor que teria em sua vida. Algo dentro dela dizia que ele era seu único amor. Era algo que seu corpo pedia.

― Aonde você está indo, Kyara? ― perguntou sua irmã mais nova, Lana. ― Está escurecendo... você sabe o que acontece na cidade, não sabe?

― Sei sim ― falou Kyara com segurança para deixar a irmã confortável. ― Não vou demorar muito, Lana. Pode ficar despreocupada. Eu vou ficar bem.

― Tudo bem, mas tome muito cuidado. ― Kyara saiu pela porta de casa colocando o capuz. Ela amava a irmã, que tinha apenas sete anos de idade, como a sua alma. Nunca pensou em viver um dia sem ela ou a mãe, Nayra. Seu pai há muito tempo estava fora, viajando pelo Continente de Omni ao lado do irmão, tio de Kyara.

Ela partiu sem pensar que aquela poderia a última vez que veria a irmã.

O Castelo de Reagan tinha seu lindo brilho, pois era feito de vidro com uma construção de pedra por dentro. Kyara raramente entrava naquele castelo, pois segundo o rei daquele castelo, plebeus não podiam entrar nem mesmo se apaixonarem pelo príncipe que vivia ali. O Rei era um babaca.

Kyara ficou em frente a escadaria que levava a porta de entrada do castelo, não havia guardas, o jardim estava vazio. Ela só tinha que esperar, olhar para as torres e janelas, esperar por ele. A porta se abriu com um rangido alto. Era Kaime Mrak, o príncipe de Reagan, e o amor de sua vida.

Ele correu para abraçá-la, quando finalmente fez, foi o bom misturado com o mau. Ela pode sentir o calor do corpo de Kaime, ele trazia o cheiro de cravos e flores da primavera. Ela o olhou e lhe deu um beijo calmo. Logo o beijo se intensificou, sentiu seu coração explodir no êxtase. O calor corporal dela passou para o dele quando foram para dentro do castelo. Cada toque, cada exalada de ar era quente assim como o amor dos dois. Juntaram seus corpos e incendiaram o local por completo.

Quando acordaram estavam voando. Kyara via um dragão. Kaime via uma fênix. O amor não existia, a chama tinha consumido seu amor. Agora estavam no céu aberto lutando mesmo que não quisessem.

O Primeiro Ato e Último Ato. 

Místicos - As Crônicas De Myustic - Livro 1Where stories live. Discover now