Capítulo 53

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Da janela, observava os pequenos flocos de neve caírem lentamente, cobrindo a grama e tudo o que via pela frente. Era uma cena lindíssima de ser vista ao amanhecer. Diante disso, deixo minha mente viajar pelas memórias da infância. Por muitos anos, desde os meus sete para ser mais exata, sonhava em conhecer a neve.

Lembro-me do dia em que tive o primeiro contato com os lindos e encantadores cristais de gelo. Minha família e eu estávamos na Itália, na casa da vovó Beatrice. Era um dia frio, mas Sofi e eu não nos importávamos com o ar gélido da manhã de domingo. Brincávamos de pega-pega, quando senti algo gelado entrar em contato com minha pele, fazendo-me arrepiar dos pés à cabeça.

Assim que percebemos do que se tratava, gritamos nossos pais, que vieram imediatamente ao nosso encontro achando que algo tinha acontecido com nós. Que lembrança deliciosa...

Suspiro, ainda contemplando a neve se espalhar pela paisagem de Durango. Roy, Emily, Charlotte e eu, tínhamos chegado à cabana Dalyon há dois dias. Faltavam exatamente três dias para o natal e, consequentemente, meu noivado com o homem mais lindo do mundo.

Só de pensar nisso, meu estômago começa a embrulhar, deixando-me um pouco enjoada. Sorrio ao recordar de algo que Lauren me disse em uma de nossas várias conversas na época do seu noivado, na França.

- É Lau, agora sei como se sente... - Digo para mim mesma.

Toc Toc

As batidas na porta do meu quarto me fazem despertar. Caminho em direção a mesma e, sem perguntar quem era, abro-a.

- Charly, acordou cedo! - Saúdo a senhora, que muito em breve poderei chamar de vovó. Ela segurava em suas mãos uma pequena bandeja de prata com duas xícaras e alguns biscoitos doce.

- Querida, para mim é normal acordar às cinco. Faço isso todos os dias há anos. Mas você não tem motivo para estar de pé uma hora dessas - Ela me olha atentamente - Está nervosa, não é?

Suspiro e dou um passo para o lado, permitindo que a mulher entre no cômodo.

- Muito! - Digo por fim - Sente-se! - Pego os objetos de sua mão e coloco na mesinha entre as poltronas.

- Por causa do noivado? - Questiona já sabendo a resposta.

- Exatamente! - Seguro uma das xícaras e relaxo um pouco ao sentir o calor que emanava do líquido aquecer minhas mãos.

- Sei bem como se sente! - Diz tomando um gole de seu chocolate quente - Na minha época, não tínhamos nenhum tipo de comemoração diferente, como hoje em dia. Mas me lembro muito bem, como fiquei nervosa no dia em que o meu marido pediu minha mão em casamento diante dos meus pais. - Observa a lareira com um olhar distante - Foi assustador e mágico ao mesmo tempo.

- Isso só está me deixando mais nervosa, Charly! - Levanto-me e começo a andar de um lado para o outro - Fico pensando em tantas possibilidades. Tantos "se". Será que o Roy desistirá de tudo isso? Será que vai dar tudo certo? Será que me adaptarei à França? - Paro colocando as mãos na cabeça e solto um longo e pesado suspiro.

A risada da senhora à minha frente me faz encará-la.

- O que foi? - Uno as sobrancelhas.

- Você! - Ri mais uma vez, colocando sua xícara na mesinha e vindo em minha direção - Ana, eu relevarei suas dúvidas devido o momento. - Coloca as mãos em cada um dos meus ombros - Acho que é natural toda mulher, ou quase toda, na época do noivado ter algumas dúvidas, afinal é um compromisso seríssimo diante de Deus e dos homens. - Sorri - Mas posso lhe assegurar que todas essas preocupações não têm fundamento, querida!

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 [Livro 1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora