Capítulo 19

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- Ficaram mudos de repente? Querem que eu ore para Deus operar um milagre? - Perguntou sarcástica.

- Onde está sua reverência, Tracy? - Questionou Evans irritado com a mulher.

- Calmo, filhinho, foi só uma brincadeira! - Levantou as mãos em sinal de redenção.

- Já está na hora de irmos. - Disse Roy vindo ao nosso encontro. Isso fez com que a tal da Tracy me encarasse, e eu sustentei o olhar até sentir a mão e do meu vizinho em minhas costas, como um sinal de que era para eu começar a andar. Virei-me para Evans.

- Mais uma vez, foi um prazer em conhecê-lo! Espero nos ver em breve - Sorri e me virei para a loira, que ainda me encarava com uma cara feia - Tracy! - Caminhamos rapidamente em direção ao carro.

Entrando no veículo, Roy solta um suspiro e liga o carro. Eu olho para trás e vejo Emily de cara emburrada e braços cruzados.

- O que aconteceu para deixar a princesa assim? - Questionei. Ela olha para mim e desfaz o bico se aproximando do meu ouvido.

- Eu não gosto da Tracy. - Sussurra, mas não tão baixo, pois pude notar Roy ficando tenso e apertando o volante com força ao meu lado.

- Emily, senta direito e coloque o cinto de segurança! - Ordena seu irmão. A pequena bufa fazendo o que ele disse.

A volta foi silenciosa, assim como a ida, mas percebi que o clima estava mais tenso. Chegando no hall do nosso andar, pensei em falar com Roy, mas ele estava fechado demais. Então me despedi dos dois e entrei.

Chegando no meu apartamento, livro-me das roupas e vou para debaixo do chuveiro. Coloco uma roupa confortável e quentinha. Ajeito as coisas de amanhã e sigo para a varanda. Abro a porta e assim que meto o pé para fora, vejo o homem da casa ao lado apoiado no guarda-corpo. Na mesma hora penso em retornar, lembrando-me de como ele parecia querer ficar sozinho há alguns minutos, mas ele percebe minha presença e vira em minha direção.

Seu olhar me deixou um pouco desconcertada. Não sei explicar, mas fez com que as borboletinhas e as minhoquinhas se agitassem dentro de mim.

- Desculpa, não sabia que estava aqui! - Virei-me para entrar.

- Espera! - Virei-me para ele - Pode ficar se quiser.

- Eu... - Olhei da varanda para minha sala. O ventinho que vinha da área externa estava realmente tentador - Ok! - Vou em sua direção, mas ao invés de me aproximar muito, sento em um dos bacos. Ele se aproxima de mim e faz o mesmo. Ficamos os dois olhando para frente sem dizer nada. - Está tudo bem? - Questiono sem olhar para ele.

- Ficará tudo bem! - Viro o rosto em sua direção e vejo um pequeno sorriso de lado em seus lábios.

- Está me imitando, Roy Carter? - Pergunto estreitando os olhos fazendo-o rir.

- Vamos fazer o seguinte, você me conta o que estava te afligindo e eu te conto o que está me afligindo. - Olhou para mim.

Eu não estava com muita vontade de me abrir no momento. Mas resolvi ceder, ao lembrar de nossas últimas conversas e perceber que ele sempre se abria.

- Tudo bem! - Respirei e comecei a contar tudo o que estava acontecendo, desde a traição da minha mãe até a ligação que recebi do meu pai nesta noite. Minha mãe... Era estranho dizer aquilo, mas resolvi ignorar.

- Nossa, Clara! Essa é uma situação bem delicada. Mas foi a melhor decisão que você tomou, e eu tenho certeza que o Senhor te ajudará nesse processo. Fico feliz em ter colaborado, de alguma forma, em sua decisão de querer perdoá-la, mesmo que indiretamente - Sorriu - Saiba que a partir de hoje eu estarei aqui, diretamente, para te ajudar! - Abriu ainda mais seu sorriso, fazendo-me sorrir também.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 [Livro 1]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang