POV: Petruchio
Eu não esperava um movimento daqueles em plena quinta-feira, costumava ser o dia mais fraco da feira, embora também terminasse com eira.
Antes do meio dia já não tínhamos mais queijos e por isso começamos a organizar nossas coisas para voltarmos para a Fazenda.
O sol já estava alto e eu estava faminto, por mim, poderia acabar comendo qualquer coisa por aqui mesmo.
- Calixto - o chamei - Estou com tanta fome que acho que não aguento chegar até a Fazenda, não.
- Arri seu Petruchio, o que vamos fazer, então?
- Podemos comer uma pamonha - opinei.
Tudo bem que não mataria de todo a minha fome, mas ajudaria a enganar o estômago até que alcançassemos a Fazenda.
- Se o senhor faz tanta questão - deu de ombros.
As vezes Calixto é um pouco calado demais. Uma pena não ser sempre assim.
Terminamos de arrumar os caixotes vazios de volta na carroça e subimos, guiei Duque pelas ruas ainda apinhadas de gente.
Paramos alguns metros a frente e descemos de frente com a barraca de pamonha. Me apressei em pedir duas.
- Para a viagem? - perguntou-me uma mulher mais velha.
- Não, para comer agora mesmo - afirmei com um sorriso.
Retirei meu chapéu e com ele comecei a me abanar, fazia um calor tremendo, já até mesmo podia sentir o suor brotando por de baixo das minhas roupas.
Enquanto a mulher preparava nosso pedido, eu pensava no avanço do nosso faturamento, pedindo para que os ventos continuassem sobrando para o nosso lado e logo traga o dinheiro necessário para livrar minha fazenda das dívidas.
Calixto estava calado, o que eu achei estranho, mas não me sujeitei a perguntar, melhor deixar quieto, se ele abrisse a boca eu corria o risco de nunca mais conseguir fazê-lo fechar.
A espera não foi longa, paguei pelas pamonhas e a experimentei, estava muito boa.
- Nossa senhora, está realmente muito gostosa - elogiei.
Comemos em silêncio, apreciando a movimentação, mas em determinado momento se tornou tão grande que eu já não sabia identificar o motivo.
Algumas pessoas se formaram em volta de alguma coisa que não consegui ver muito bem, aquele ditado bem dizia que a curiosidade havia matado o gato, mas não consegui evitar.
Terminei de comer minha pamonha e segui até a multidão, pela expressão das pessoas parecia briga, cheguei sem o chapéu e já com as mangas da blusa esticadas para caso precisasse separar.
Só que não tinha briga nenhuma.
No centro da roda estava ela, Catarina estava caída no chão e todas aquelas pessoas a rodeavam sem fazer nada para acudir.
- Arri Égua - choraminguei já me aproximando.
- Ei, tenha modos - uma mulher gritou quando passei por ela sem ao menos pedir licença.
Não tive tempo para me desculpar, estava preocupado, o que havia acontecido?
Consegui finalmente furar a roda de pessoas e me aproximei de seu corpo estirado sob a rua quente. Me abaixei ao seu lado e hesitantemente toquei seu pulso, suspirei ao descobrir que ele ainda batia.
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Entre o Amor e a Desilusão
FanfictionSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...