Capítulo 8

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POV: Petruchio

  Eu não esperava um movimento daqueles em plena quinta-feira, costumava ser o dia mais fraco da feira, embora também terminasse com eira.

  Antes do meio dia já não tínhamos mais queijos e por isso começamos a organizar nossas coisas para voltarmos para a Fazenda.

  O sol já estava alto e eu estava faminto, por mim, poderia acabar comendo qualquer coisa por aqui mesmo.

  - Calixto - o chamei - Estou com tanta fome que acho que não aguento chegar até a Fazenda, não.

  - Arri seu Petruchio, o que vamos fazer, então?

  - Podemos comer uma pamonha - opinei.

  Tudo bem que não mataria de todo a minha fome, mas ajudaria a enganar o estômago até que alcançassemos a Fazenda.

  - Se o senhor faz tanta questão - deu de ombros.

  As vezes Calixto é um pouco calado demais. Uma pena não ser sempre assim.

  Terminamos de arrumar os caixotes vazios de volta na carroça e subimos, guiei Duque pelas ruas ainda apinhadas de gente.

  Paramos alguns metros a frente e descemos de frente com a barraca de pamonha. Me apressei em pedir duas.

  - Para a viagem? - perguntou-me uma mulher mais velha.

  - Não, para comer agora mesmo - afirmei com um sorriso.

  Retirei meu chapéu e com ele comecei a me abanar, fazia um calor tremendo, já até mesmo podia sentir o suor brotando por de baixo das minhas roupas.

  Enquanto a mulher preparava nosso pedido, eu pensava no avanço do nosso faturamento, pedindo para que os ventos continuassem sobrando para o nosso lado e logo traga o dinheiro necessário para livrar minha fazenda das dívidas.

  Calixto estava calado, o que eu achei estranho, mas não me sujeitei a perguntar, melhor deixar quieto, se ele abrisse a boca eu corria o risco de nunca mais conseguir fazê-lo fechar.

  A espera não foi longa, paguei pelas pamonhas e a experimentei, estava muito boa.

  - Nossa senhora, está realmente muito gostosa - elogiei.

  Comemos em silêncio, apreciando a movimentação, mas em determinado momento se tornou tão grande que eu já não sabia identificar o motivo.

  Algumas pessoas se formaram em volta de alguma coisa que não consegui ver muito bem, aquele ditado bem dizia que a curiosidade havia matado o gato, mas não consegui evitar.

  Terminei de comer minha pamonha e segui até a multidão, pela expressão das pessoas parecia briga, cheguei sem o chapéu e já com as mangas da blusa esticadas para caso precisasse separar.

  Só que não tinha briga nenhuma.

  No centro da roda estava ela, Catarina estava caída no chão e todas aquelas pessoas a rodeavam sem fazer nada para acudir. 

  - Arri Égua - choraminguei já me aproximando.

  - Ei, tenha modos - uma mulher gritou quando passei por ela sem ao menos pedir licença.

  Não tive tempo para me desculpar, estava preocupado, o que havia acontecido?

  Consegui finalmente furar a roda de pessoas e me aproximei de seu corpo estirado sob a rua quente. Me abaixei ao seu lado e hesitantemente toquei seu pulso, suspirei ao descobrir que ele ainda batia.

Entre o Amor e a Desilusão Where stories live. Discover now