Capítulo 30

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POV: Petruchio

  Parei a carroça enfrente ao portão já apinhado de carros e de gente.

  Do lado de fora já era possível ver a movimentação colorida do lado de dentro; a música estava um pouco alta, alguns convidados já dançavam e carregavam copos nas mãos.

  Calixto foi o primeiro a saltar e correr para a entrada, me deixando para amarrar Duque num dos postes da calçada. Por sorte, encontrei um livre bem de frente para a entrada.

  Ajeitei o chapéu na cabeça e suspirei antes de seguir enfrente, estava ansioso, mas um pouco inseguro também.

  Não conseguia parar de pensar no que ela acharia, o que sentiria ao me ver ali também.

  Passei pelo portão aberto, meus olhos ansiosos, vagando por tudo e todos, procuravam por ela como se ela fosse o sol ou então o fogo.

  Fui recebido por Buscapé, nunca vi o menino tão animado, saltando na ponta dos pés, jogando papéis picados nos convidados que chegavam.

  Não fui poupado e o sopro de papéis coloridos cobriu quase a frente inteira de minha camisa. Acredito que isso o divertia.

  - Arri, o senhor está chique - me cumprimentou sorrindo.

  - Você também não está muito mal - brinquei tocando e dobrando a gola de sua camisa  - Sabe onde está a Catarina?

  - Ih, eu não vi a madrinha não, mas ouvi, ouvi e sei que estava brava.

  - Arri, mas por que? - quis saber.

  - Isso eu não sei, não - franziu o cenho, parecia confuso, mas também curioso - Acho que ela quebrou o quarto inteiro. Dr. Batista quis subir, mas Dona Mimosa não deixou, deve ser coisa boba, então.

  Fiquei um pouco pensativo, já que ela não era fácil de se irritar por coisas bobas.

  Tudo bem, eu estava mentindo, a coisa mais fácil que existe nessa vida é conseguir irritar Catarina. Ou talvez eu só tivesse um dom, em específico, o de irritá-la tão fácil e rápido.

  - Arri égua, será que ela já desceu?

  - Num sei, não, mas por que o senhor quer saber, tá interessado nela, é? - me olhou e notei um sorriso surgindo no canto esquerdo de seus lábios, agora coloridos pelos papéis picados.

  - Eita, o que é que ocê sabe sobre isso, moleque? - neguei com a cabeça, passando a mão por seu cabelo.

  Segui mais para dentro da festa, os olhos atentos procurando por ela, avistei Calixto conversando com algumas senhoras, peguei um copo com uma bebida um pouco rosada e provei um gole enquanto ainda a procurava.

  No meio da multidão, achei Bianca do lado de dentro da casa, estava com uma máscara bonita nas mãos, mas o rosto parecia abatido e preocupado.

  Caminhei até ela sem me fazer de rogado, afinal, ela já sabia mesmo, o que é que poderia dar errado?

  - Bianca - a chamei de forma educada.

  - Petruchio - se virou para mim com um sorriso educado - Que bom que chegou, como vai?

  - Muito bem, obrigado. Ocê por acaso sabe de Catarina?

  - Catarina? - perguntou - Minha irmã ainda está no quarto, estou tentando convencê-la a se arrumar um pouco mais rápido - sorriu, agora um sorriso forçado.

Entre o Amor e a Desilusão Where stories live. Discover now