Capítulo 24

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POV: Catarina

  Por um momento tudo o que eu senti foi vento e ar, a falta de ar.

  Estávamos caindo e eu nem consegui gritar.

  Nossos corpos caíram, sendo engolidos pela água completamente gelada.

  Submersa e rodeada de água por onde quer que eu olhasse, voltei a superfície ofegante e inevitavelmente furiosa.

  - Eu vou te matar - gritei quando me virei, encontrando Petruchio tão molhado quanto eu.

  - Arri, mas eu não fiz por mal - foi se afastando conforme eu ia me aproximando, eu vi o sorriso surgindo no canto dos seus lábios conforme ia contando - Levei um susto com ocê, te segurei para que num caísse e...

  - Me derrubou junto - completei brava e completamente molhada.

  Sentia toda a minha roupa colada em meu corpo, assim como fazia um esforço tremendo para manter os sapatos nos pés, pois se os perdesse ali, não teria dignidade nenhuma para procurar.

  Quando ele finalmente pareceu notar o quanto minhas roupas deixavam muito pouco a imaginar, parou de se afastar. Aproveitei sua distração para uns bons tapas conseguir lhe acertar.

  - Arri égua - disse enquanto tentava se desviar.

  - Como vou chegar em casa molhada desse jeito? - não conseguia parar de lhe acertar.

  Segurando minhas mãos, Petruchio se aproximou e pela primeira vez notei que a blusa que vestia por baixo do paletó também estava colada em seu corpo, revelando não só os contornos de seu peito, como todos os músculos.

  Eu não precisava de provas maiores para saber que ele era forte, mas sabe? Eu não consegui evitar, fugir ou deixar de olhar.

  Quando nossos olhos se encontraram, a água pareceu esquentar. Eu perdi o ar.

  Segurando minha cintura, Petruchio me ergueu, fazendo com que ficássemos na mesma altura, seu nariz deslizou molhado por minha bochecha e foi como se revirasse minha cabeça.

  Abracei seu pescoço e disse baixo antes de deixar que seus lábios me provassem:

  - Se eu perder os meus sapatos, eu vou bater em você.

  Sua língua invadiu minha boca com toda a naturalidade do mundo, buscava e me provocava.

Petruchio me apertava e me amava, me fazendo sentir tudo sem lutar, sem ter forças para escapar.

  Meus braços deixaram seu pescoço e minhas mãos percorreram seus ombros, pois tudo o que eu sentia era uma imensa vontade em lhe tocar, e eu precisava me segurar em algum lugar.

  Suas mãos também pareceram acordar e se revezavam em me segurar e me acariciar. O beijo havia chegado num ponto em que eu não sabia como interpretar.

  Nossos lábios se separaram e eu sentia os seus olhos em minha pele como se fossem capazes de me queimar.

  Sua mão subiu pela lateral de meu corpo, contornando o desenho que o vestido fazia em meus ombros, seguindo para o decote, chegando até o outro lado me causando arrepios, sem medos sombrios.

  Eu ainda o olhava, impressionada, hipnotizada, até um pouco confusa, desamparada...

  Me empurrando gentilmente para trás, Petruchio se afastou, mergulhando no rio me deixando sem ter sobre o que pensar.

  Ao emergir, um pouco mais longe de mim, vi a intensidade transmitida em seus olhos, assim como o fogo, o desejo e o amor. Os três de mãos dadas e atreladas.

Entre o Amor e a Desilusão Where stories live. Discover now