Capítulo 56

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  POV: Petruchio


  - Nem hoje, nem nunca, você é minha vida, Catarina!!!

  Seus olhos brilham ao ponto que as palavras avançam, alcançam e curam. Não evito me aproximar, me curvar e depositar um beijo em sua boca recentemente molhada. O beijo foi prolongado, seus lábios têm um gosto levemente salgado e o degustar alivia aquilo que precisa ser aliviado. Quando nossas línguas se entrelaçam, seus dedos se fecham em minha mão, transmitindo todo amor misturado à sofreguidão. Calor e sensação. Algo muito além de minhas próprias condições, como se precisássemos do toque para comprovar e transbordar emoções.

  Com um suspiro, separo nossos lábios, mantenho a respiração e o coração levemente acelerados, afasto um pouco o rosto e encaro seus traços agora suavizados, levanto minha mão e acaricio sua bochecha, apagando os rastros da dor que esteve presente em seus olhos ainda fechados, molhados.

  Não precisamos de palavras, a comunicação acontece entre as nossas almas, como se estivessem interligadas, completamente conectadas. 

  Quando ela abre os olhos, não preciso ouvir para entender o que sussurram pra mim, sorrio e acaricio a ponta do seu nariz, vejo o reflexo de seu sorriso surgir e me sinto quase completo, feliz. Feliz por tê-la aqui.

  Com uma leve carícia, sua mão solta a minha, aproveito e me afasto para trocar de roupa, pego meu "pijama" antes de ir até o banheiro, a princípio, não havia pensado em tomar banho, mas olhando a banheira ainda cheia, testando e sentindo a água ainda morna, decido e tomo um banho sem demora. Depois de vestido, volto para o quarto, notando que ela ainda está acordada e me espera com um semblante preocupado.

  - O que houve, favinho? - me sento ao seu lado após deixar a toalha sobre um banquinho.

  - Nada - balançou a cabeça e forçou um sorriso. 

  Não acreditei, algo a chateava.

  - Quer dormir de qual lado? - perguntei desviando do meu alvo.

  - Não tenho um preferido, você tem? - me olhou e eu neguei.

  Aproveitei e me deitei, estiquei o braço e apaguei a luz, ajeitei nossa coberta e suspirei, não demorou muito para que ela se aproximasse, deitando a cabeça em meu peito, me deixando sem fala, embriagado por seu cheiro.

  - Quero ficar com você aqui pra sempre - sussurrou me fazendo abraçá-la fortemente.

...

  POV: Catarina


  Como das outras vezes, Petruchio me abraçou e seu calor transpunha toda dor que aquele dia me causou.

  Enquanto estive sozinha, não pude deixar de pensar no quanto tudo isso me angustia, a certeza de um amor que papai não incentiva, que a todo custo, aniquila. O pior não foi a proposta, mas sim a mentira.

  Ele me fez acreditar que mesmo depois de tudo, aceitava o nosso noivado, me fez planejar uma festa que ao menos estava disposto, nem sequer duvidoso. Recorreu ao mais baixo, propondo algo completamente inadequado, uma venda, um amor acabado, comprado.

  Não ouso mentir e dizer que não gostei de ter brigado, ter exposto o mal que havia me causado, mas talvez o preço nem tenha sido pago. Afinal, o que são mais alguns pratos, jarros, taças e copos quebrados?

  Para ele, nada! 

  Talvez nenhuma de nós duas lhe signifique algo. Apenas dinheiro parado. Gasto.

Entre o Amor e a Desilusão Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang