Capítulo 21

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POV: Petruchio

  Catarina encerrou o beijo quando ficamos com falta de ar, seu rosto estava corado, seu peito subia e descia descompensado, seus olhos brilhavam, seu cabelo estava bagunçado e ela nunca esteve tão linda.
 
  Um sorrio não tão inocente me curvou os lábios e tudo o que eu mais queria era recomeçar a beijá-la até não exitir mais ar para respirar.

  - Você acha que vai me comprar com seus beijos, Julião Petruchio? - perguntou com os dentes cerrados - Eu continuo muito brava com você.

  - Está braba atoa, porque é só em ocê que eu consigo pensar.

  - Já disse isso para a sua amiga, a que fazia tanta questão de se insinuar para você? - perguntou.
 
  - Não, não disse, mas estou dizendo pro'cê, Catarina.
 
  Suspirei cansado quando ela manteve uma distância até que grande entre nossos corpos, sem me dar chance para me aproximar e me desculpar.
 
  Sim, eu esperava que ela me desculpasse com os beijos que eu estava idealizando lhe dar.

  - Está tarde, preciso ir para casa.
 
  - Está fugindo, Catarina?
 
  - Fugindo de você? - riu, mas não havia humor em sua risada - Era só o que faltava - revirou os olhos irritada - Está se dando muita importância, Grosseirão.
 
  Foi quando ela me deu as costas, fazendo com que todo meu corpo se frustrasse, eu não esperava brigar quando finalmente a tinha inteiramente só para mim.

 - Catarina - a chamei antes que se afastasse e fosse tarde demais para que eu pudesse me desculpar.
 
  Se era isso o que ela queria, sim, eu pediria desculpas, pediria desculpas pelo encontro mau calculado, pelas marcas de batom que não evitei, pelo cheiro de perfume barato impregnado em mim.

  - O que foi? - se virou ainda com os olhos irritados.

  - Eu senti sua falta - suspirei voltando a me aproximar, estendi gentilmente as mãos para que as dela me tocassem.
 
  Seus olhos encaravam as linhas das minhas mãos e acredito que pensava se era uma boa ideia se deixar levar.
 
  Minha coragem já vacilava quando senti suas mãos delicadas tocarem as minhas.

  - Posso te acompanhar até em casa?

  - Pode - disse por fim, tirando suas mãos das minhas.
 
  Corri até Duque e a carroça, o desprendi do poste e fui puxando suas redéas pela rua, sentia os olhos de Catarina me acompanhando e assim começamos a andar.

  - Pensei que preferisse ir de carro.
 
  - É, com certeza seria muito mais confortável - respondeu sem vontade - Se quiser posso pegar um e te poupar do trabalho.
 
  Mas arri égua, será que ela não entendia que tudo o que eu queria era estar ao lado dela?

  - Por que é tão difícil fazer ocê entender que eu gosto d'cê? - questionei baixo.
 
  - Talvez porque você ainda esteja sujo de um batom que não saiu da minha boca - respondeu - E cheirando um perfume que eu nunca usaria - concluiu com a boca franzida.
 
  - Arri égua, mas eu já limpei as manchas de batom.

  - Sim, limpou, mas não as evitou - disse e pela primeira vez reconheci o sentimento em sua voz.
 
  Não era apenas ciúmes, afinal.
 
  Catarina havia mesmo ficado chateada.
 
  Isso me deixou péssimo.

 Suspirei novamente sem saber sobre o que falar, como me desculpar e fazer essa situação se encerrar.

  - Pois se ocê quiser nunca mais que eu me aproximo dela.
 
  - Você não entende, não é? - perguntou se virando para mim - Eu não sou como ela e nem como nenhuma das outras mulheres com que você já ficou. Não sou fácil de lidar e não sei se estou pronta para quando você se enjoar dos beijos que trocamos e resolver me deixar, porque uma hora você vai querer alguma coisa que eu não vou conseguir te dar, Petruchio.
 
  - Por que que ocê tá falando isso? - perguntei - É claro que ocê não é como ela e é por isso que é tão burra, tão burra que não percebe o quanto que eu tô - suspirei sem achar a palavra certa para me expressar.
 
  Apaixonado? Encantado?
 
  - Olha como fala comigo - empinou o queixo, me encarando de baixo - Não percebo o quanto você está o quê, Julião Petruchio?

Entre o Amor e a Desilusão Where stories live. Discover now