Entre o Amor e a Desilusão

Capítulo 32

POV: Bianca

  A festa de carnaval nunca esteve tão bonita e animada. A única coisa que me chateava era a falta de Heitor.

  Gostaria tanto que Catarina assumisse de uma vez o seu compromisso com Petruchio para que Heitor e eu pudéssemos começar a namorar sem que fosse escondido.

  O pior é que eu prometi não contar, também não seria justo, ela confiou em mim e isso eu jamais poderia quebrar.

  Eu me surpreendi bastante quando desconfiei de todos aqueles encontros, seria coincidência demais eles viverem se esbarrando, você também não acha?

  Também nunca imaginei que justamente Catarina fosse começar um romance às escondidas, mas o mundo dá voltas, não é mesmo? O que o amor nos faz mudar...

  Ela pode negar, mas seus olhos brilham quando ele está por perto, seu rosto inteiro parece feito de espelhos refletindo a mais pura verdade.
Verdade que ela não consegue mais ocultar.

  Fiquei um pouco culpada pelo drama de mais cedo, na verdade, fiquei muito assustada dela realmente não comparecer para a festa. Eu realmente não deveria ter mandado trocar sua fantasia!

  Papai teria uma crise de gastrite? Sim, com certeza teria. Seria um escândalo? SIM, talvez o maior da nossa família, mas minha irmã também teria ficado um pouco mais feliz, genuina.

  Por volta do meio da festa, no canto da sala, avistei uma máscara diferente, a pessoa estava sozinha e aproveitei para me aproximar e matar a recente curiosidade.

  Era o professor Edmundo. Ele estava diferente, bonito, culto.

  Nós conversamos um pouco, mas logo fui chamada para outro canto e sim, eu quase pulei de tanta felicidade por Heitor ter conseguido vir me visitar.

  Comentei o quanto ele estava se arriscando, mas com a fantasia que estava usando, duvido muito que papai fosse notar.

  De relance vi Catarina e Petruchio juntos durante toda a festa. Eles estavam apaixonados demais para se afastar.

  - Ali não é a Catarina? - me perguntou Heitor.

  - Sim, sim, por que?

  - Ela não viria de pirata?

  - Sim, viria, mas eu pedi para que Dona Dalva trocasse sua fantasia por outra.

  - Ela não ficou brava?

  - Por que todo esse interesse em minha irmã? - estranhei.

  - Não é nada, é só que ela está diferente.

  - Diferente como? - quis saber.

  - Está mais bonita, mais feminina.

  - Heitor - o repreendi irritada.

  - Não, não, Bianquinha, a beleza dela não chega nem perto da sua - desconversou.

  - É sobre isso mesmo que vamos conversar depois de todos esses dias separados? Sobre a Catarina?

  - Não, claro que não. Eu só fiquei curioso. Aquele não é o Petruchio? Sobrinho do Cornélio?

  - Sobrinho do Cornélio? Seu cunhado, Cornélio? - perguntei um pouco confusa, demorando um pouco para me recordar, Catarina mesmo já havia comentado - Sim, é o Petruchio.

  - Catarina está conversando com ele sem brigar ou atira vasos ou eu estou tendo algum tipo de miragem?

  - Eles estão namorando - confessei baixo.