POV: Petruchio
- Bom dia - ela diz baixo, me arrancando uma risada.
Meu corpo inteiro vibra com a risada que saiu mais alta do que eu planejava, não é apenas a surpresa, mas a doçura, a riqueza de suas palavras...
- Bom dia, meu favo de mel! - consigo dizer ao respirar fundo e recuperar o fôlego. O fôlego que perdi ao vê-la tão linda, ao sentir seu corpo tão próximo, intenso e quente sobre o meu.
- Não me chame de favo de mel - sua voz tão doce, baixa, manhosa e ainda assim, afiada. Não seria ela se dissesse o contrário.
- Mas ocê é meu favinho - digo baixinho, próximo ao seu ouvido.
Deslizo meus lábios por seu rosto enquanto meus braços envolvem seu corpo, nos mantendo coladinhos. Sinto quando se arrepia, aproveito e deposito um beijo em seu pescoço, próximo a uma de suas inúmeras pintinhas.
Sinto sua pele completamente bonita, o contraste com a minha. Catarina rapidamente se afasta, nos lábios um sorriso, resquícios de uma risada recém formada.
Antes que eu tivesse a oportunidade de perguntar, sua voz saiu ainda mais encantada, agora abafada, sossegada:
- Sua barba faz cócegas - leva o dedo até meu queijo, o resvalando em meu lábio, o que me deixou intrigado.
Acho que seus olhos espelham a sua alma, eles brilham, me hipnotizam, quase tanto quando projeta uma risada ou me abraça. Eu amo observá-la.
- Antes ocê num tava rindo - digo.
- Ridículo - me acerta um tapa no braço, sem desmanchar o imenso sorriso.
Posso parar o mundo nesse momento, em todos os que estamos juntos, sempre que posso encarar a intensidade da verdade refletida na porta de sua alma. E não há nada que eu possa fazer a não ser abraçá-la, beijá-la, amá-la...
- Eu amo ocê, meu favinho!!!
...
POV: Catarina
A cada beijo trocado, algo em mim é renovado, talvez seja o calor, ou apenas a certeza do quanto ele me tem. Do quanto sou feliz em seus braços, do quanto amo olhar e tocar seu cabelo encaracolado, sua barba, seu corpo desenhado.
Sem ar para respirar, me afasto o suficiente para poder olhar em seus olhos, sinto meu coração prestes a pular, minha alma parece transbordar. Não sei se um dia vou me recuperar. Me acostumar com tudo além do imaginar, sonhar...
O abraço como se o mundo não pudesse mais nos afastar. Suspiro com o seu suspirar, sinto sua respiração e fecho os olhos sem ter outra coisa para pensar além do aconchego que sentimos um no outro, do conforto.
O amo mais a cada abraço, carinho, ou beijo molhado.
Seus dedos correm pelos fios de meu cabelo e quando vejo, estamos deitados, abraçados, ainda extasiados. Não sei dizer onde ele começa, só sei que não quero nunca, nunca terminar.
- O que te fez acordar tão cedo? - perguntou ainda brincando com meu cabelo, eu ouço o seu coração batendo sob meu ouvido direito, num ritmo bonito, lento.
- O galo, eu acho - senti sua risada, espontânea, baixa. O som vibra diretamente em minha alma - Os pássaros fazem muito barulho, quem consegue dormir com toda a algazarra?
- Ocê acordou com os passarinhos? Não acredito - não preciso encarar seu rosto para saber que está sorrindo - Ocê mora na cidade, passa carro na rua da sua casa e isso a toda hora, quando dormi lá, pensei até que estivesse desmaiada.
ČTEŠ
Entre o Amor e a Desilusão
FanfikceSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...