Capítulo 57

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POV: Petruchio

  - Bom dia - ela diz baixo, me arrancando uma risada.

  Meu corpo inteiro vibra com a risada que saiu mais alta do que eu planejava, não é apenas a surpresa, mas a doçura, a riqueza de suas palavras...

  - Bom dia, meu favo de mel! - consigo dizer ao respirar fundo e recuperar o fôlego. O fôlego que perdi ao vê-la tão linda, ao sentir seu corpo tão próximo, intenso e quente sobre o meu.

  - Não me chame de favo de mel - sua voz tão doce, baixa, manhosa e ainda assim, afiada. Não seria ela se dissesse o contrário.

  - Mas ocê é meu favinho - digo baixinho, próximo ao seu ouvido.

  Deslizo meus lábios por seu rosto enquanto meus braços envolvem seu corpo, nos mantendo coladinhos. Sinto quando se arrepia, aproveito e deposito um beijo em seu pescoço, próximo a uma de suas inúmeras pintinhas.

  Sinto sua pele completamente bonita, o contraste com a minha. Catarina rapidamente se afasta, nos lábios um sorriso, resquícios de uma risada recém formada.

  Antes que eu tivesse a oportunidade de perguntar, sua voz saiu ainda mais encantada, agora abafada, sossegada:

  - Sua barba faz cócegas -  leva o dedo até meu queijo, o resvalando em meu lábio, o que me deixou intrigado. 

  Acho que seus olhos espelham a sua alma, eles brilham, me hipnotizam, quase tanto quando projeta uma risada ou me abraça. Eu amo observá-la.

  - Antes ocê num tava rindo - digo.

  - Ridículo - me acerta um tapa no braço, sem desmanchar o imenso sorriso.

  Posso parar o mundo nesse momento, em todos os que estamos juntos, sempre que posso encarar a intensidade da verdade refletida na porta de sua alma. E não há nada que eu possa fazer a não ser abraçá-la, beijá-la, amá-la...

  - Eu amo ocê, meu favinho!!!

...

POV: Catarina

  A cada beijo trocado, algo em mim é renovado, talvez seja o calor, ou apenas a certeza do quanto ele me tem. Do quanto sou feliz em seus braços, do quanto amo olhar e tocar seu cabelo encaracolado, sua barba, seu corpo desenhado.

  Sem ar para respirar, me afasto o suficiente para poder olhar em seus olhos, sinto meu coração prestes a pular, minha alma parece transbordar. Não sei se um dia vou me recuperar. Me acostumar com tudo além do imaginar, sonhar...

  O abraço como se o mundo não pudesse mais nos afastar. Suspiro com o seu suspirar, sinto sua respiração e fecho os olhos sem ter outra coisa para pensar além do aconchego que sentimos um no outro, do conforto.

  O amo mais a cada abraço, carinho, ou beijo molhado.

  Seus dedos correm pelos fios de meu cabelo e quando vejo, estamos deitados, abraçados, ainda extasiados. Não sei dizer onde ele começa, só sei que não quero nunca, nunca terminar.

  - O que te fez acordar tão cedo? - perguntou ainda brincando com meu cabelo, eu ouço o seu coração batendo sob meu ouvido direito, num ritmo bonito, lento.

  - O galo, eu acho - senti sua risada, espontânea, baixa. O som vibra diretamente em minha alma - Os pássaros fazem muito barulho, quem consegue dormir com toda a algazarra?

  - Ocê acordou com os passarinhos? Não acredito - não preciso encarar seu rosto para saber que está sorrindo - Ocê mora na cidade, passa carro na rua da sua casa e isso a toda hora, quando dormi lá, pensei até que estivesse desmaiada.

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