Capítulo 6

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POV: Catarina

  A semana passou sem que eu ao menos me atentasse ao que acontecia a minha volta, papai não voltou a me dirigir a palavra e acredito que esteja com medo da minha reação.

  Ele não poderia esperar outra reação que não fosse a minha fúria, ele continua com aquela ideia inadequada de que eu devo me casar.

  Se não fosse pelas aulas que tenho dado ao Buscapé, poderia claramente dizer que meus dias foram vazios e insignificantes, mas descobri que ensiná-lo é muito mais prazeroso do que eu imaginei.

  Ontem de noite Bianca pegou no meu pé, disse que eu não poderia continuar agindo como se papai não existisse, mas o que ela queria que eu fizesse? Pedisse desculpas?

  Isso estava fora de questão, não estava errada para pedir por perdão, tudo bem que ele é meu pai e merece respeito e tudo mais, mas ele também não tem me respeitado.

  Sei que ele é muito mais tolerante do que todos os outros pais de nossa época, mas no fundo ele deve saber que não faz mais que sua obrigação.

  Odeio ser coagida e enquanto ele não abandonar essa ideia, não voltarei a lhe dirigir uma palavra, muito menos o olhar.

  - Você é egoísta, Catarina - minha irmã me acusara.

  - Ora, Bianca, por favor - pedi ainda sentada em minha cama.

  - É egoísta sim, não vê que enquanto se nega a casar eu não posso ser feliz? - perguntou.

  Até aquele momento eu não tinha parado para pensar nisso, pois ao contrário de mim, minha irmã sonhava com o casamento, queria construir uma família e eu a impedia.

  Não, não eu, mas meu pai e as crenças ridículas dele.

  Que diferença faz se uma filha casa depois da outra?

  - Pois arrume um jeito melhor de ser feliz, Bianca, sabe muito bem que não pretendo me casar.

  - Papai insiste que só posso me casar depois de você, case-se de uma vez, Catarina - pediu.

  - Você acabou de me acusar de egoísta, mas também é, até mais que eu, Bianca - apontei chateada - Não está pensando no quanto isso me deixaria infeliz.

  - Só te deixaria infeliz se você se casasse com a pessoa errada.

  - Você não entende, não é? Não existe pessoa certa! Eu não quero me casar, não quero ter que me mudar e seguir regras, seguir ordens ou o que quer que seja, não foi isso que eu planejei para mim.

  - Você prometeu que cuidaria de mim, mas só tem me feito mal.

  - Não seja infantil, você só está pensando em você, não é mais uma criança, não posso passar toda a minha vida me sacrificando por conta do seu sonho de se casar.

  - Está vendo? - perguntou chateada - Você não cuida de mim como prometeu.

  Sei que ela estava sendo baixa, usando daquelas palavras para me ferir e talvez me fazer mudar de ideia.

  Eu havia sim prometido fazê-la feliz e protegê-la, mas até que ponto eu poderia chegar? Até que ponto eu poderia cumprir uma promessa e quebrar outra?

  Prometi a minha falecida mãe que cuidaria de minha irmã e que faria de tudo para ser feliz, para alcançar os meus sonhos, mas todas as decisões que eu pareço tomar me trazem consequências.

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