Capítulo 36

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POV: Petruchio

  - Eu ainda num tô acreditando que ocê tá aqui - disse após alguns segundos parado, apenas apreciando seu rosto, seus olhos, seus lábios. Seu corpo bem formado.

  Sentia medo de lhe tocar e despertar do sonho bem sonhado.

  - Por isso me recebeu tão mau?

  Seus olhos brilharam naquele mesmo desafio, mas seus lábios não me escondiam, ela estava se divertindo, prendia até mesmo um sorriso.

  Estendi a mão e fechei a porta do carro, acenei para o motorista num gesto de agradecimento, dizendo que ele já podia partir. No mesmo instante o carro voltou à vida, aos poucos se afastando, nos deixando de frente para a saída, agora completamente vazia.

  - Agora num tem mais jeito, nem se ocê tivesse ficado braba ia poder ir embora - sorri satisfeito, afinal, ainda teríamos tempo.

  - Mas eu pensei que você não me quisesse aqui - fez drama, me olhando com uma das sobrancelhas levantada, arqueadas, era um pedido silencioso para dizer, afirmar o que ela já sabia.

  Mas palavra nenhuma significaria o tanto que era estar perto dela.

  - Eu acho que esse é um sonho que nem mesmo dormindo eu me atreveria a admitir.

  - E por que? - quis saber.

  - Porque é melhor que tudo o que eu já quis e eu sempre quis ter ocê aqui - respondi feliz.

  Nossos corpos já estavam próximos e se aproximaram ainda mais, nossos olhos sempre conectados, carregavam nossas mais íntimas emoções, as mais lindas das sensações.

  Eu me via no brilho de seu olhar, meu peito se estufava na ânsia de guardar todo o ar para não ter que parar de lhe beijar.

  Seus olhos se fecharam no instante que meus dedos a tocaram. Eu sentia na ponta dos dedos a textura macia de sua pele, os traços finos e bonitos do rosto mais que conhecido.

  Lhe toquei as bochechas, e desci contornando sua boca bem feita. Seus lábios se abriram e com isso, senti não só sua respiração, como toda a vida, transmitindo, nos unindo.

  E assim nossas bocas se aproximaram, se tocaram, se provaram. Nossas respirações se misturaram e nossos lábios se fundiram no beijo simples, carinhoso e verdadeiro que foi surgindo. Emergindo.

  Traduzindo tudo aquilo que não precisava ser dito, apenas sentido, transmitido. E eu sentia tudo, naquele momento eu era o tudo.

  O beijo tinha sabor de saudade e não levou apenas o nosso ar, como também toda a minha capacidade. Capacidade de respirar, de pensar em outra coisa que não fossem os lábios dela, estar ali, ao lado dela.

  A abracei forte desejando que o mundo parasse.

  Parasse só para que eu a abraçasse, a guardasse inteira e completamente para mim, sem intensão nenhuma, sem ninguém para dividir.

...

POV: Catarina

  Me segurei em seus ombros fortes e largos, Petruchio tinha a capacidade de bagunçar todo o meu raciocínio, ainda mais quando sua boca me tocava, me provava, me desejava daquela forma.

  Era como se o tempo necessário nunca fosse alcançado e a saudade infinita, nunca despercebida, nunca de fato preenchida.

  O poder, a eletricidade em tê-lo, ali, no alcance das minhas mãos, me abraçando e me instigando, me transmitindo tantas coisas, tantas sensações, emoções...

Entre o Amor e a Desilusão Where stories live. Discover now