POV: Catarina
Não sei dizer exatamente como passei o resto do dia, acho que dormi tanto que já estou perdida no tempo que foi gasto.
Quando acordei, o sol já não invadia mais a janela do meu quarto e não sei se isso se devia apenas pela cortina estar fechada ou se a noite já havia sido iniciada.
Olhei ao redor do quarto e não encontrei minha irmã em nenhum canto. Tentei me levantar e agradeci por minhas costas já não reclamarem como antes.
Caminhei até a sacada e notei que o sol realmente já não brilhava mais, a noite estava bem iluminada e com a cura da febre, notei que também estava um pouco quente, agradável de fato.
Minha garganta já não queimava e a única coisa que ainda me incomodava era o meu nariz entupido e congestionado. Isso não só atrapalhava minha respiração, como meu olfato e não havia nada que eu gostaria mais naquela noite do que poder sentir o cheiro do vento calmo acariciando o meu rosto.
Parece bobo, mas quando não podemos fazer alguma coisa, por mais tosca ou simples que ela seja, verdadeiramente a valorizamos, percebemos sua verdadeira importância.
Levei um pequeno susto quando a porta do quarto foi aberta, me virei a tempo de ver Mimosa se aproximando com uma xícara nas mãos.
- Catarina, nem bem se recuperou e já está pegando friagem de novo? - me repreendeu - Venha, venha tomar esse chá que eu preparei para você.
- Não precisa brigar comigo - fiz bico e ela acabou sorrindo - Não sou mais criança.
Me afastei da sacada, mas não fechei a porta, puxei apenas a cortina.
- Mas vai ser sempre a minha menina!
Voltei a me sentar na cama e Mimosa se sentou ao meu lado, me entregando a xícara de vapor quente.
- Obrigada!
- Que bom que você já está bem - acariciou brevemente meu cabelo que pelo jeito, não parecia estar nenhum pouco apresentável - Bianca está terminando de se arrumar para o jantar, pensei em trazer esse chá para você antes de trazer sua sopa.
- Sopa, Mimosa? - perguntei chateada.
- Sim, sopa é sempre muito bom, sem contar que a que eu estou fazendo está ficando deliciosa - afirmou orgulhosa.
- Tudo bem, já que é você quem está fazendo, eu tomo - me dei por vencida.
- Já já sua irmã vem te ajudar a se arrumar.
- Não preciso de ajuda, Mimosa, já estou melhor, obrigada.
- Você nos preocupou, Catarina!
- Eu sei, mas não foi nada sério, já estou pronta para outra - sorri segurando a vontade que senti em tossir.
Era só o que me faltava, fazer um super discurso de como estava ótima e vir uma crise de tosse me entregar e mostrar que não, ainda não estava completamente tão bem assim.
Bom, estava melhor do que estava ontem e isso já é bastante significante!
- Não fale isso nem brincando. Todos ficamos preocupados com você, seu pai até mesmo encerrou a festa.
Não que ele merecesse aplausos por isso, era o mínimo que ele deveria fazer, afinal, com todos os meus defeitos, eu continuo sendo filha dele.
Estava prestes a te responder quando novamente a porta foi aberta e ele em carne e osso passou por ela.
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Entre o Amor e a Desilusão
FanfictionSão Paulo, anos 20. Catarina Batista é filha do banqueiro mais bem sucedido de toda a cidade, dona de uma beleza extraordinária, mas tanto quanto bonita, é teimosa e geniosa. Tem ideias modernistas e luta por elas da maneira como pode. Defende o...