I38I - Atração

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Despertei com a agitação na carruagem, o que era engraçado já que sequer me lembrava de ter dormido, pequenas ondulações no terreno eram a causa do movimento tubular. O amanhecer se infiltrava pelas cortinas das janelas preenchendo o mundo de cores amareladas e vibrantes. Limpei meus olhos, vendo que o Lobo ainda dormia em seu banco quase que serenamente, era assombroso o ver assim tão calmo. Contemplei sua forma adormecida recriminando-me por isso em seguida.  

Estava tão envergonhada e furiosa comigo mesma por ter me deixado levar em algum tipo de paixão momentânea que permaneci desperta em meu próprio banco questionando minha existência por mais de uma hora, mediando minhas opções. Escapar acabaria com Sweney Pines destruída e o inimigo em comum do Lobo, que havia mandado seu subordinado para arrancar o meu coração, atrás de mim. Ficar resultaria em derrotarmos o inimigo ou com a minha morte e a morte do orgulho que eu tinha usado a partir. 

Nenhuma das opções parecia boa. No entanto, ainda havia o algo a mais, algo em mim que era capaz de lidar com os Licans, minha Dominância, se eu aprendesse a controla-la então... ninguém mais ficaria acima de nós, a caixinha complementou sórdida. Eles se ajoelhariam, implorariam por...Respirei fundo, silenciando a segunda voz em minha cabeça.

Por fim espreitei a janela e não reconheci o caminho que fazíamos. Sabia pela estrada de paralelepípedos muito bem colocados que estávamos no caminho de alguma uma cidade. Não a Cidade do Leste ou como o Lobo tinha nomeado o Distrito das Cerejeiras a qual tínhamos visitado e ficava sob o comando de Kohina, até onde eu tinha entendido. Era diferente, sem nenhum sinal das árvores com flores rosadas que marcavam minha memória ou quaisquer outras, apenas a grama esverdeada recobrindo as colinas e o cheiro de algo salgado no ar.

- Acordada? 

Um calafrio subiu por minha espinha quando escutei sua voz rouca, fiz que sim com a cabeça, covardemente me recusando a olha-lo. O que era estúpido, eu não precisava sequer olha-lo para que ele tivesse algum efeito sobre mim.

- Para onde estamos indo? - Perguntei no meu melhor tom apático, mostrando mais interesse na paisagem do que em qualquer outra coisa na minha vida. Grama e rochas ocasionais. 

- Cidade do Norte. - Respondeu.

Quando o escutei se movendo parei de fingir a minha recente demência e o olhei, ele estava fechando os botões de sua camisa. Imediatamente um leve formigamento se instaurou em minhas bochechas, porque bem...Eu quem tinha aberto os botões, para não dizer quase os arrancado no processo.

- Pensei que íamos para os seus botões... - Falei nervosa percebendo meu erro tão tardiamente que ele fez questão de deixar o ultimo botão de sua camisa aberta. - Quis dizer casa! Para sua casa. - Corrigi, céus Aysha, controle-se minha mente exigiu.

- E é para onde estamos indo. - Afirmou, dobrando as mangas de sua camisa até os cotovelos. Percebi que seus movimentos eram tardiamente lentos, com propósito, deixando meus olhos aproveitarem a visão dos seus músculos se movendo abaixo do tecido.

Tive que passar alguns segundos organizando meus pensamentos para falar novamente.

- Pensei que a casa na montanha... - Comecei, parando assim que percebi meu erro, ele nunca havia se referido à casa da montanha como sua, mas como do outro homem de sua história. - Além de Mestre Lobo e aterrorizador de vilas, o que mais você é? - Perguntei, lembrando-me do comentário do subordinado de Kohina acerca da Cidade do Norte.

- Um noivo comprometido com a sua amada. - Respondeu divertido. 

- O que há com todo esse seu novo humor? - Lhe lancei um olhar questionador gerando alguma confusão em seu belo rosto. - Você me seduziu. - Acusei, movendo novamente minha visão para a paisagem da janela. Que os deuses menores me perdoassem, mas eu teria ido além se ele não tivesse parado.

VermelhoWhere stories live. Discover now