I12I - Regras

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Detive-me, não podia falar sério.

Primeiro me dizia que era sua noiva e agora isso. Era uma piada.

- Faça você mesmo, não deve ser difícil já que é um monstro. – Falei irritada, de costas para ele.

- Não é tão simples. – Disse, como não podia ser? Transfigurava-se na forma de um lobo negro com olhos infernais, homens menos poderosos já tinham feito estragos similares. – Pense nisso como um contrato, você mata essa pessoa para mim e em troca continua com sua vida.

Que vida? Ele me deixaria ir depois de saber seu segredo? Se fosse esperto não deixaria. Acabaria comigo de uma forma ou outra.

- Certo, um contrato você diz, imagino que não posso recusar. – Falei, me virando, ele ainda permanecia de costas.

- Esteja pronta antes do amanhecer. – Mudou de assunto e se foi. E ainda dizia que EU era quem tinha péssimos hábitos.

Matar para ele... Isso definitivamente não aconteceria. Quem ele pensava que eu era? Andei até meu quarto topando com uma cesta de frutas e um jarro com água postos ao lado da minha porta. Não fiz pouco caso e os levei para o quarto, estava faminta. A noite chegou antes que eu me desse conta, tinha feito o meu melhor para deixar o quarto habitável. Tirei o vestido e pus uma das camisolas, a porta estava bem presa com a cadeira. Nada a temer.

Foi fácil adormecer.

Despertei antes dos primeiros raios de sol. Vesti minhas próprias roupas limpas e secas e amarrei meu cabelo com uma tira de tecido que tinha rasgado de um dos lençóis que cobriam os moveis. Não iria por o vestido novamente, especialmente quando uma certa viagem prometia uma alternativa de fuga.

Você ainda não tinha visto nenhum dos meus péssimos hábitos Lobo.

Tirei a cadeira da porta e encontrei outra cesta, com o acréscimo de pães e suco invés de água no jarro. Comi tudo, depois segui até a sala principal.

Ele já estava a minha espera.

Suas roupas eram uma cópia mais rica das que tinha visto o usar ontem, com o acréscimo de um colete escuro de três botões sobre a camisa branca, luvas sem dedos e um casaco que chegava até embaixo dos joelhos.

- Pensei ter dito que estivesse pronta. – Falou, uma sobrancelha escura levemente arqueada. Essa era uma das suas duas únicas expressões.

- Essa é a única roupa que tenho. – Informei com leve desgosto – E não irei troca-la. – Acrescentei.

- Então compraremos novas, de preferência femininas. Boas roupas podem disfarçar sua falta de beleza.

Não respondi, se não gostava da minha aparência podia ir ao inferno. Claro que uma garota como eu ficaria apagada do seu lado.

- Antes de irmos até a carruagem, tenho três regras que deve seguir a risca. – Falou, enumerando nos dedes. – Não fale com ninguém, não se afaste de mim e não tente fugir. Sei que a ideia deve ter passado por sua cabeça. Tenho sido afável contigo por esse tempo Aysha, demonstre o menor sinal de rebeldia e irei punir-te. – Ameaçou.

- Não precisa falar duas vezes Lobo, sei seu modo de atuar. – Falei, acordar naquela cela escura e úmida não teria sido de nenhuma utilidade a não ser para me intimidar.

- Então estamos entendidos.

- Estamos entendidos – Repeti.

Saímos pela porta da frente, o mesmo cenário de descaso dos fundos da casa estava em sua fachada. Podia ter sido uma construção admirável no passado, mas agora passava apenas de um fantasma envelhecido coberto por heras. Uma mancha negra se espalhava por volta de uma das janelas do andar superior, deveria ser o cômodo que havia pegado fogo. Me surpreendia que toda casa não tivesse sido engolida por chamas.

VermelhoWhere stories live. Discover now