I36I - Disputa

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- Kiros, não...

Ele disparou, lascas de madeira flutuaram no ar. A áurea dos últimos raios de sol iluminando seu contorno confiante, a fumaça da pólvora flutuando em volta de seu rifle. Em microssegundos seu rosto continha apenas o espanto da revelação que eu havia tentado adverti-lo. 

- Não é educado se meter no assunto das outras pessoas, garoto. - Disse o Lobo, a voz banhada em autoridade, uma de suas mãos ainda se mantendo firme em minha cintura. Ele havia nos movido com maestria, desviando do tiro que Kiros teria acertado, se não fosse sua velocidade sobrenatural. 

- Não ira leva-la novamente, seu monstro. - Disse, mirando sua arma outra vez. - Sabia que havia algo de errado quando me beijou Aysha. Não precisa ficar assustada, irei protege-la dessa vez.

- Você o beijou? - O Lobo perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas. Ignorando qualquer tipo de ameaça que Kiros podia representar. 

- Sim, infernos, o beijei na bochecha e dai? - Admiti. - Precisava tira-lo daqui, não sabia o que você planejava. 

- Por que conversa tão informalmente com ele? Foi encantada? - Kiros se fez de desentendido. Eu me desvencilhei do Lobo e andei em sua direção, tomando o rifle de sua mão antes que ele acertasse qualquer coisa que eu gostasse.

- Vai pra casa Kiros. - Falei-lhe, escutando o Lobo se mover atrás de mim. - Eu o convidei para ficar. Não preciso ser resgatada. Mas caso eu precise, vou ficar com seu rife, acredito que consigo me virar com ele. - O empurrei para fora.

- Mas, Aysha, ele é...

- Sim, o Lobo, o algoz da vila, a grande paixonite de Viremont. - Falei cansada, finalmente havia demonstrado minha fragilidade para ter somente Kiros invadido minha casa e cobrindo-me de perguntas porque nosso falso deus pagão estava em minha sala, me consolando, mas um belo dia normal em minha vida. - E Kiros, se eu fosse você manteria isso em segredo, não queremos um massacre na vila, não é? Como futuro líder fazer qualquer coisa que prejudicasse o bem estar dos nosso valorosos homens cairia muito mal, tenho certeza que o seu pai concorda com isso. 

Sem esperar sua reposta tentei bater a porta, mas ele a segurou.

- Não pode preferi-lo a mim. - Disse ríspido, usando uma de suas mãos para tomar a porta de mim. Mas que infernos?

- Kiros. Sai. Daqui. - Falei, lutando com ele pelo controle da porta. 

Nenhum de nós venceu.  Senti a magia do Lobo se levantar antes mesmo dele decidir a disputa, empurrando a porta contra Kiros. 

- Não o mate. - Pedi. 

- Juro que isso sequer tinha passado pela minha mente. - Disse irônico, abrindo a porta novamente. - Ele podia tê-la acertado. 

- Eu não teria. - Kiros respondeu. - Minha mira é perfeita, sua cara estaria em pedaços se não fosse essa maldita coisa que fez. 

- Huh, acerte-me então, de mãos livres. - Desafiou. - Acerte um único soco e eu a entregarei para que possa salva-la, no entanto, perda essa disputa e eu a levarei comigo até o meu covil, onde a despirei em minha cama para fazer coisas que deixariam até um homem como você envergonhando.  

- Que acham que sou? Um prêmio para competir? - Falei irritada, apesar das palavras do Lobo terem tocado um lugar que eu não admitiria nem em pensamento. 

- Seu selvagem, pagará por seu insulto. - Kiros falou apontando um dedo na direção do Lobo. 

- Realmente sou um selvagem, principalmente quando tenho donzelas indefesas em meus lençóis. - Disse divertindo-se. - Mas não se preocupe, elas gostam quando mordo. - Terminou dando uma piscadinha para mim. 

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