I51I - Palavras melhores

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Engoli em seco. Sangue de Laldean? Então...não tinha sido apenas um sonho, você sabe que não foi, sussurrou a caixinha. O odor de carne queimada fez meus olhos se voltarem para os cadáveres nas cadeiras por um instante. Orbitas sem olhos, peitos abertos com camadas de crosta escura os cercando. Ele havia os queimado de dentro para fora. Não podia ser um Liones, mas Fogo e Sombras. Outra Casa Antiga. Outro desafio que eu não podia lidar no momento.

Cautela, Aysha, era algo que eu podia escutar Raymond falar.

- Não lembro de fazer dividas com você e acredite eu não esqueceria. - Falei, tentando soar firme, andando pela sala como se estivesse confortável de mais com aquela situação, quando obviamente era totalmente o oposto.

- Meus serviços foram evocados para encontra-la, agora que fiz minha parte você deve vir comigo cobrar a divida do meu empregador. - O Homem Pálido respondeu, sua voz indiferente não combinava com sua aparência, ele usava um manto escuro e puído, de forma que eu não podia vislumbrar suas demais roupas e seus olhos eram de um azul profundo, que reluziam apesar de não ter nenhuma fonte de luz na sala.

- Quem é o seu empregador? - Perguntei, sentindo o nó dos meus dedos se enrijecerem. Quanto tempo eu ainda tinha? O sol já teria se posto, o Lukoi já teria cansado de esperar minha chegada e feito algum mal a Raymond? Eu havia falhado em conseguir o poder necessário, em conseguir mais poder, a Cidade do Sul era apenas um conjunto de blocos sem uso agora. Tempo é vida.

Em resposta o homem pálido estendeu sua mão, seu braço emergido do manto era igualmente pálido, mas adornado por um grosso bracelete dourado, um contraste com todo o resto. Com um movimento os dedos pressionados contra a palma se levantaram revelando um pequeno objeto circular.

Quando ficou claro que eu não me aproximaria, ele jogou o objeto em minha direção. Uma moeda prateada rolou pelo chão até tocar minhas botas, que se danasse a cautela, eu não tinha tempo para mistérios. Peguei a moeda mantendo meus olhos no homem pálido, uma insígnia de rosa marcava ambos os lados, não, em um dos lados o caule camuflado pelas pétalas estava repleto de espinhos.

Quem vê apenas a beleza da flor esquece seu espinho, o meu pai havia dito essas palavras. Quando você for mais velha florzinha, um dia te levarei até lá... Não podia ser que... A possível verdade caiu sobre mim como a água fria de uma tempestade.

- Quem...quem é o seu empregador? - Falei, dando um passo, sentindo as palavras se engasgarem em minha garganta, apertando a moeda contra a minha palma enluvada. Seria possível que fosse o meu pai? E se fosse, depois de todo esse tempo, por que justo agora? Minha mente divagava procurando conexões, motivos, respostas.

- Se está tão curiosa, venham comigo, Sangue de Laldean. - Falou, novamente as sombras na sala se aprofundaram, cobrindo as paredes, moveis e piso, até que tudo que eu pudesse ver fosse a mim mesma e o homem pálido em uma imensidão de sombras. O sabor metálico da magia inundou meu nariz, cobrindo minha língua com uma amargura.

Eu poderia ir com o Homem Pálido, desvendar a verdade de uma vez por todas, finalmente compreender quem eu era. Mas, eu odiaria saber que você perdeu para um Lican fraco, essas poderiam ser minhas ultimas palavras para Raymond, se tudo desse errado, se a paciência do Lukoi se esgotasse.

Respirei fundo.

Antes que eu pudesse mudar de ideia desembainhei minha espada, estendendo meu poder contra o Homem Pálido, apontando minhas laminas, magia e metal ao mesmo tempo.

- O que quer que esteja fazendo, ordeno que pare agora ou a ultima coisa que sentirá é o sabor do próprio sangue. - Afirmei, andando com minha espada erguida até que sua ponta encostasse no pescoço dele.

VermelhoWhere stories live. Discover now