I62I - FIM

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Entrei no salão do trono ocultando minhas mãos atrás das costas.

Meu pai e Raymond estavam um de frente para o outro, sem nenhuma ameaça evidente sendo proferida naquele momento. Elikham estava parado no fim do salão, sua mão casualmente próxima do cabo da espada que levava. Eu não precisava de mais indicativos para saber que a situação tinha mudado de tom até a minha chegada.

Raymond caminhou até mim e me abraçou, não pude retribuí-lo, encontrei o olhar do meu pai sobre o seu ombro, seus olhos escuros tais como os meus totalmente ilegíveis.

- Estou feliz que esteja bem. - Disse Raymond, me apertando contra si.

- Também estou feliz por estarmos bem. - Respondi.

Dei um passo para trás assim que ele me soltou, não podia correr o risco de que August suspeitasse das minhas intenções.

- Aysha, você...

August o interrompeu.

- Deve estar exausta por lidar com o Lukoi.

- Estou bem. - Afirmei. - Descansei o suficiente e até apaziguei o meu coração. - Antes que ele mencionasse, tomei a iniciativa. - Não irei para Laldean, fizemos um acordo e eu venci a minha parte.

Qualquer linha que tivesse adicionado a fazer acordos com Eksean não significava nada para mim.

- E eu não estou aqui para quebrar nosso acordo, florzinha. - Respondeu, colocando a única mão no bolso de seu casaco.

- Estávamos conversando sobre o casamento. - Interveio Raymond. - Pedi que seu pai concedesse sua mão e ele aceitou.

Minha ansiedade de que eles estavam prontos para se matar sumiu, sendo substituída por outra. Olhei de um para o outro esperando ter entendido errado.

- Reconheço que não fiz o pedido apropriado, então farei agora. - Falou Raymond.

Rapidamente ele se apoiou em um joelho e tirou algo de seu bolso, eu não conseguia imaginar quando ele havia conseguido tempo para comprar um anel.

- Aysha Nowak, aceita se casar comigo? - Perguntou.

As palavras colocadas de forma casual arrepiaram meu estômago, me fazendo sentir como a garota de meses atrás, vulnerável e inocente. Tive que soltar o bracelete e me beliscar.

- Não é um sonho. - Murmurei, sentindo a fisgada em minha pele.

Ele sorriu de forma simples e cativante.

- É como um sonho para mim, nunca pensei que pudesse me apaixonar por alguém. Todos os meus desejos eram completar a vingança do meu pai, mas depois que você matou o Lukoi e caiu em meus braços, eu percebi que nada daquilo fazia sentido para mim. - Confessou. - Eu só quero você, Aysha. Então, me daria a honra de ser minha esposa? Minha companheira pelo resto de nossas vidas?

Não precisei pensar muito.

- Eu aceito, é claro que aceito. - Falei.

Ele ficou de pé e colocou o anel em meu dedo, me inclinei para beija-lo, mas antes que eu fizesse, August fingiu limpar a garganta e caminhou até nós.

Eu ainda não sabia como reagir a ver a figura do meu pai, tinha sido um longo tempo de ausência que tornava as memórias da minha infância mais doces do que eram e as mágoas mais profundas, só que depois de tudo, fazer as pazes parecia o correto. Mal pude acreditar que minutos atrás estava planejando usar o bracelete nele e o mandar para o mais longe que pudesse da minha vida.

- Pai, eu gostaria...

Minhas palavras morreram quando vi seus olhos irem repentinamente até o bracelete no chão e sua expressão mudar totalmente de indiferença para raiva.

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