I14I - Uma mulher tem que tentar

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- Estava curioso para saber quem era a mente estúpida por trás disso. – O Lobo continuou, fingindo interesse por um momento. – Mas é só você Kohina, devo dizer que estou decepcionado. – Ele balançou a cabeça e repentinamente nos deu as costas. - Estou indo embora agora. – Disse, fazendo uma dispensa sobre o ombro.

Até para mim aquilo tinha soado rude.

- Rayzinho! Não se atreva a me deixar! – Kohina gritou, agarrando a sacada de madeira.

A principio tinha pensado nela como uma rainha devassa de lábios vermelhos, ela até usava um diadema prateado nos cabelos castanhos. No entanto, gritando dessa forma ela só me lembrava uma criança mimada. Tinha o rosto redondo com um delicado nariz arrebitado e cabelos curtos na altura do pescoço que disparavam mechas para todos os lados. Ângela teria sido mais temível e de alguma forma também conseguia ser mais bonita.

O Lobo parou voltando-se lentamente para ela. Aberlian parecia segurar o riso.

- Já havia lhe dito para não me chamar dessa maneira. E mesmo que tenha se tornado a Mestra da cidade, Kohina, não tem nenhuma autoridade para me trazer contra minha vontade ou me ordenar algo. – Falou, arrogância escrita por toda sua cara.

Kohina fez uma leve careta criando dobras em sua testa, por um momento foi como se tivesse envelhecido alguns anos. Não que eu lhe pudesse atribuir uma idade, não era capaz de atribuir a nenhum deles.

- É que você aparece aqui depois de cinco anos e nem decide me fazer uma visita. – Lamentou-se ela, depois me olhou novamente. – E além do mais trás uma garota, quem é ela? – Falou apontando um dedo com uma unha terrivelmente vermelha em minha direção.

- Minha noiva. – Disse, com um sorriso maldoso e então me puxou para seu lado. – Não é uma gracinha? – Ele segurou meu queixo entre os dedos.

- O que esta fazendo? – Sussurrei.

Ele me ignorou.

- Estamos incrivelmente apaixonados. – Acrescentou. – E já que viemos até aqui, o que acha de ser nossa madrinha?

Kohina rosnou, ela literalmente rosnou e pulou da sacada para uma das plataformas do chão. O que ele estava tentando fazer? Dizendo coisas dessa forma, ele só iria enfurecê-la. O plano não era sairmos dali intactos?!

- O Mestre Lobo Precito e uma humana, que combinação drástica. E ainda há rumores na Cidade do Norte que o posto deveria ter sido seu. Devo supor que sejam apenas boatos. – Aberlian falou, encolhendo os ombros em um gesto elegante. E de novo ele havia se referido ao Lobo como Mestre Precito, o que ele queria dizer com aquilo?

- Sabe o que dizem sobe rumores, não deves acreditar em tudo que ouve. – O Lobo falou enfim me soltando. Me afastei dele rudemente, queria sair dali, não entendia metade do que vinha falando. Kohina ressurgiu de trás da plataforma central, sua cara contorcida em uma expressão de raiva.

- Eu não aceitarei essa união! – Falou, percorrendo a mesma passarela que estávamos. O vestido de faixas duplas acabava em seus joelhos, era de um azul claro e completamente transparente, ela não usava nada por baixo dele.

- Sua benção não é necessária. – O Lobo rebateu.

- Você! Sua coisinha repugnante, é tudo culpa sua. – Ela gritou. – Enfeitiçando o meu Rayzinho dessa forma. Totalmente imperdoável!– Prosseguiu. Fiz uma expressão de surpresa.

Eu era a vitima! Não ele!

- Eu não fiz nada, ele é que...

Ela não me deixou terminar.

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