Nilo

Jiddani

~Avó~

Sim, a vovó Amira é a Whoopi Goldberg (pelo menos no meu imaginário), a foto está mais jovem, mas vão entender.

36.

A senhora ouvia minha história atentamente, prestando toda a atenção. Amira concordava aos poucos com a cabeça, mostrando preocupação em seus gestos e sua personalidade cada vez mais intrigante transparência pela primeira vez compreensão.

Ao terminar tudo que tinha para dizer ela me observou por alguns segundos e permaneceu parada, deu um longo suspiro e voltou a sua postura primordial.

- Eu entendi tudo, fique tranquila- Encarou-Me como se fosse capaz de decifrar meus sentimentos- Inti tem problemas reais e não posso deixar de ver isso.

- Obrigada pela compressão!- Falei imediatamente e ela acenou positivamente.

- Tudo bem, mas eu quero lhe pedir um favor, pelo seu próprio bem- Levantou e chegou bem perto- Quero que deixe Khalid longe, ele ainda é para mim um asir habib, eu jamais vou permitir que essa pessoa crie algum problema com ele, entende?

- Sim senhora!- Abaixei a cabeça, mas voltei a encara-la depois.

- Eu já tive sua idade, eu já vi muita coisa, e isso...- Mostrou meu anel novamente- Isso simboliza sua dor, por isso é tão importante para ele que tenha isso, não consegue se livrar de um anel, nunca vai e livrar dele.

Saiu e pude olhar para Mirela que permanecia tão atônita quanto eu, comecei a mastigar a unha do meu dedo mindinho em um ato de nervosismo e minha amiga sentou-se a minha frente.

- Vai ficar tudo bem!

- O problema é se não ficar.

- Manas a senhora Faris vai servir o jantar- Joe entrou e logo concordamos de não comentar que parte de nossa farsa tinha sido revelada, passado, acidente...Tudo, deixaríamos o assunto para depois.

Acabei nem secando os cabelos, secariam naturalmente, deixei a toalha no banheiro e descemos para comer. O barulho era natural, mas o senhor Amir conseguia exagerar, sua esposa também possuia muito vigor para conversar, mesmo que parte da família parecesse nada confortável, todos pareciam ter algo a mais parar se preocupar.

Fui posicionada na mesa me sentia observada enquanto comia, me limitei a olhar a parte inferior, onde estava confortavelmente sentado, era um milagre suportar uma refeição em família, não entendo a sua aversão até hoje. Olhava com dedicação em minha direção e me limitei a respirar fundo e encarar Tarek que estava bem a minha frente, com a mesma cara de quem teve um dia daqueles.

O Grão de bico ainda não me enchia totalmente, fico com uma fome anormal quando estou me sentindo mal e me obriguei a repetir e repetir. E enquanto isso alguém desconhecido se sentou bem ao lado do guia, era muito bonita e simpatizava com todos ali rapidamente, tirou seus óculos e me observou por alguns instantes.

- Parece que temos visitas- Sorriu receosa- São suas sobrinhas tio Farid?- Perguntou e recebeu um aceno negativo.

- São amigas- Khalid respondeu me observando, não parece próprio, mas eu não conseguia mais o observar sem lembrar beija-lo no rio e dormir ao seu lado na noite passada, e mesmo com o pouco significado que isso pudesse ter me formava um nó sentir tudo aquilo.

A moça percebeu os olhares na mesa e também me voltou sua atenção, ótimo. Esperei que ela esquecesse um pouco e fosse a qualquer outro assunto para pedir a Joe que me levasse, dando tchau a todos de maneira geral.

No último andar me sentei na varanda, coloquei um puff para meu pé quebrado e cruzei o outro olhando a noite.

- Cansada?- Olhou e virei o rosto.

- Com toda certeza- O respondi e me isolei no canto do sofá.

- Eu sei que não está em condições, mas tem interesse em trabalhar conosco em Saqqara?

Pensei um pouco e deu de ombros, não iria a lugar nenhum nos próximos dias e isso é evidente, seria um milagre arranjar as passagens. Olhei um pouco mais a vista e voltei a encarar o homem que esperava uma resposta, seria melhor ficar, esperar e seguir, mas eu não posso controlar minha teimosia.

- O que estamos procurando lá?

...

A jovem loira permanecia esperando um táxi na porta da casa da tia, olhou para cima e teve a visão de Khalid e a desconhecida do jantar conversando com muita sintonia, limpou os óculos na blusa e observou novamente bufando um pouco.

Não gostava dos olhares, muito menos a atenção que ele depositava sobre a moça, não esperou muito depois que ela e retirou para subir. Mesmo sendo seu primo ele representava para Dhafny mais que isso, ela sabia que ninguém concordava, nem mesmo seu pai.

Por conta dos sermões decidiu ficar em um hotel durante o trabalho, chegou ao hall fuçando sua bolsa, e se escorou em busca de seu celular, na tentativa de tentar contato com Khalid, mas ele não atendia, pretendia perguntar mais, saber mais e já estava raivosa.

- Quer um conselho? Se ele não atende é porque não vale a pena- Um homem jovem, alto e bonito estava parado bem na sua frente.

- Quer um conselho? Não se mete onde não é chamado- Guardou o aparelho e seguiu para o elevador batendo na tecla do mesmo.

- O Khalid não vai atender não é?!- Ela se virou e encarou o homem- É Khalid- Sorriu e ela voltou o encarando- Senhorita Henry, muito prazer, eu sou Eric Góes.

- O que quer Eric?- Ajeitou sua blusa azul e olhou ao seu redor.

- Eu? Nada, agora meu chefe quer uma coisa- Ele fez sinal para ela se sentar- Ele sabe sobre seu primo, sabe sobre a moça que está na casa da família e quer que você saiba de algumas coisas, e depois decida. 

Ela pensou um pouco, olhou para o jovem e respirou fundo Khalid era seu, precisava saber.

- Pode falar.

- Se você quiser ajudar o senhor Flatiner eu garanto que tudo volta ao normal- Piscou e sem paciência ela torceu o nariz e passou as mãos pelos cabelos- Nós começamos pela sua tia Nancy e Íman Faris, eles trouxeram uma arqueóloga para Cairo, Thália, meu chefe tem um interesse especial nela e você pode ser útil.

- Por que eu faria?

- Por causa disso- Mostrou uma foto, era Khalid no lago abraçado a mulher em um beijo intenso.

- O que querem?- Falou rangendo os dentes e decidida a ajudar o misterioso senhor Flatiner independente do motivo.