Hali

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( O desenho na mídia é meu S2).

43.

Acordei sem muito ânimo, me sentia vazia por dentro, não conseguia discernir nada a um palmo, ele não estava mais lá, mas ouvia um barulhinho de fundo, meu celular apitava.

Atendi rápido achando ser minha mãe, cocei os cabelos e bocejei.

- Mamãe?- Falei, uma risada nasal veio a tona acabando com todo o resquício de esperança com um dia bom.

- Bom dia querida- Respondeu irônico.

- Pelo amor de Deus, o que você quer?- Estava ficando sem paciência, consequentemente corajosa.

- Trazer boas notícias- Suspirou- Bom... Eu fui te fazer uma visita mais cedo...

...

~Poirot

- Entra, eu não sabia que ela tinha amigos aqui- Me espreguicei na janela olhando para baixo, Joe, Mi e Tarek foram tomar café na rua, portanto a casa estava bem vazia, ouvi Farid abrir a porta e levantei uma das orelhas, me cheirava a algo podre.

- Bom, cheguei esses dias, somos amigos de longa data- Me inclinei um pouco, sabia que meu instinto não me enganava, um canalha rico vestindo roupas casuais subia com um sorriso no rosto, um sorriso de assustar, Flyn- Obrigado pela informação senhor- Deu tchau e continuou, parou na porta e me notou- Oi! Poirot, sentiu saudades do papai?

Arranhar o rosto dele era atraente, mas eu era impedido por um vidro, e estava de olho no resto da casa, torcendo para Thalia não acordar com seu chamado, eu queria que outra pessoa acordasse.

- Sabah al Khayr?- Abriu a porta piscando rápido os olhos, desci me escondendo atrás de suas pernas.

- Oi? Vim falar com Thália Alves.

Khalid riu e maneou a cabeça negativamente.

- O que está fazendo aqui senhor Flatiner?

- Eu já disse- Emanava raiva.

- Não, Thália está dormindo, não vejo motivo algum para que eu a acorde, vai demiti-la também?

- Eu não estou brincando seu árabe imbecil, eu quero aquela... Eu quero ela aqui agora!

Khalid enrijeceu a postura, deu um passo para frente encarando Flyn, sentia que o caos rondava aqueles dois.

- Continue! Mas eu aviso, ninguém entra na minha casa, ofende a mim e aquela mulher...

- Você não sabe de nada- Debochou.

- Você já me disse o bastante sobre o quão desprezível é, ninguém desmerece um homem pela sua cultura.

Flyn ia rebater, provavelmente contará tudo, mas Khalid entendeu que iria retrucar e lhe deu um soco, um soco bem forte. Podia ver nos olhos a fúria, a raiva o corroía.

- Isso é pelo meu trabalho, sai da minha casa!- Me pegou no colo e bateu a porta, parou na entrada do quarto e a observou dormir- Por que ele queria tanto falar com alguém que nem conhece?

...

- Não foi nada gentil entende?- Coloquei as mãos na cabeça.

- Ele não sabe, não tem motivo para te bater, eu já te pedi, se um dia realmente foi real, deixa ele em paz.

- Ele vai pagar por aquele soco, ops, já pagou- Senti meu coração acelerar, levantei chamando por ele, mas nem ele, nem ninguém apareceu.

- O que aconteceu?

- Eu disse, pagou pelo soco, e vai pagar ainda mais quando eu arrebentar a sua cara e acabar com você na frente dele, e ele odiar você por ser uma maldita mentirosa.

Fechei os olhos sentindo as lágrimas descerem, queria saber por que Khalid não estava lá e o que Flyn quis dizer com isso.

— … só me diz onde ele está- Falei baixo.

- Na pista de corrida- Desligou e vesti meu casaco não me importando com mais nenhuma outra coisa, eu iria andar até a pista nem que minha perna se partisse ao meio, eu precisava ver.

A senhora Faris tentou um bom dia mais eu não respondi, arrastava meu membro quebrado até aquela pista, as pessoas olhavam uma descabelada de gesso passar entre eles, eu ignorava. No meio de um dos bancos muita gente estava reunida, tentei correr, mas cai no meio do caminho, assim que me recompus continuei.

Escorado no banco com uma mancha enorme na roupa e um rosto bem machucado ele reclama e falava em árabe com as pessoas.

- Hali? O que aconteceu?- Cheguei perto, mas ele perdeu a consciência.

As pessoas chamaram uma ambulância e segui junto dele para o hospital, quando ele foi levado senti toda a minha respiração cessar, minhas mãos tremiam, andava de um lado para o outro, sabia estar tendo uma crise de síndrome do pânico.Fazia muito tempo que não tinha uma, já sentia que não podia respirar, me sentia colocando a cabeça entre as mãos, só me sentiria melhor quando ele  melhorasse.

- O que aconteceu com o meu filho?- Liguei para Nancy há um tempo, ela parecia preocupada e foi direto para o acesso às salas, estava desesperada, eu não consegui explicar nada, mas Farid a abraçou e eu vi minhas amigas entrando mais preocupadas comigo.

- Meu Deus! Saímos para tomar café, você está bem?- Mi soltou e Joe se abaixou ao meu lado.

- Eu... Ele levou uma baita surra- Maneei a cabeça secando os olhos- Foi tudo culpa minha Joe, eu vou acabar matando Khalid- Soltei baixo.

- Lia, respira, ele tá legal, calma- Segurava minha mão e me observava carinhosamente, logo depois me dando um abraço apertado.

- Khalid?- O médico saiu e voltei completamente minha atenção para ele- Farid! Al ibnak ma btnam.

- Ele está acordado!- Traduziu e só me sentia mais nervosa- Nahna mnruh chuf hue.

- La, hue btaddi chuf...Thália.

- Pode entrar- O senhor Faris me observou e me levantei abraçada ao meu corpo acompanhando o médico. No quarto ele parecia bem melhor! O rosto ainda estava machucado, mas ele estava acordado olhando para a janela.

Abri a porta, e ele voltou totalmente seu olhar para mim, ajeitou o braço que estava tomando soro e sua postura, ele sempre quer parecer mais forte, nunca admite que não está bem. Parei na frente na cama e não queria olhar para ele, ele está bem e isso é muito bom, mas algo no rosto dele me lembrou de mim, isso já aconteceu comigo.

- Oi, Lia.

NiloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora