⤷ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟗

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Não era do meu feitio demonstrar aquele tipo de gesto normalmente, mas o calor do momento fez com que reavaliasse o caso. Parece que até mesmo o médico ficou surpreso. Entretanto, não protestou contra. Era a cereja do bolo, eu precisava disso. Humanamente, eu precisava. Não sabia que seria algo que faria uma super diferença e me traria o conforto necessário sem uma palavra sequer precisar ser entoada.

Mantenho o abraço por mais alguns segundos, aproveitando a massagem cerebral que o mesmo tinha a capacidade de prover, enquanto desfrutava do silêncio em minha mente. Momento raro, posso afirmar.

- Obrigada.

McCoy responde com um consentir interno assim que desapego. Ele continuava a me avaliar, mas eu não sentia mais o mesmo incômodo de antes. Não fazia sentido me preocupar com aquilo.

- Não se esqueça da sua humanidade. Pode ser difícil em alguns momentos por conta de algumas situações pelas quais passamos, mas ela estará sempre lá para lembrar que nenhum de nós é perfeito. Essa é a graça da vida.

- É, tem razão - respondo satisfeita com ar tranquilo.

- Mas é claro que tenho.

McCoy era um figura. Sua personalidade sincera facilmente lhe servia o devido respeito que merecia. Me ajudara a recordar do próximo objetivo, agora sem muitas distrações. Dessa vez a sensação seria permanente. Estava certa disso.

- Hmr.. Magro? - uma voz tênue sobrevém a nossa conversa.

A atenção é voltada para a nova direção.

- Fala, meu belo adormecido.

Caminhamos novamente para o outro lado da sala. Um garotinho loiro de olhos castanhos, inocente e intocado pelo mundo, acabava de acordar de um sono profundo e cheio de informações à procura de seus pais. Com aquela expressão serena e confusa no rosto de Kirk, esse era o quadro imaginário. E assim, um sorriso ingênuo me escapa.

Da mesma forma que tivera feito anteriormente, Jim tenta se orientar pela sala. Seus olhos percorrem todo e qualquer canto em busca de explicações. Acredito que o doutor havia aplicado algum anestésico por precaução no amigo.

McCoy faz uma checagem com a ajuda dos instrumentos médicos e parecia estar tudo certo, com exceção da dor de cabeça que Kirk sentia. Ele não tirava a mão da têmpora, e sua feição reforçava a mensagem de incômodo.

- Está tudo bem? - pergunto ao me aproximar.

- Todos os níveis normalizados - afirma o doutor com seu olhar analítico. - Está sentindo alguma coisa?

Acompanhando o gesto preocupado do profissional, minha atenção é voltada ao paciente, aguardando da mesma forma pela resposta.

- O que aconteceu? Está tudo bem com a nave?

Duas sobrancelhas são erguidas, uma delas sendo a minha. Magro começa a calcular com seus parafusos outra vez.

- Sim, estão todos bem. Mas você não me convence do mesmo. Por acaso se lembra de alguma coisa?

Jim toma tempo para buscar fragmentos em sua memória da última informação que recebera enquanto acordado.

- Eu estava na ponte. Comecei a sentir tontura e uma pequena fraqueza, e... eu tentei chamar Spock, mas a minha voz não saía. Depois disso tudo ficou escuro.

– Certo... Vou fazer mais alguns exames.

O paciente se preocupa um pouco, voltando sua atenção ao médico.

– O que aconteceu? Onde está Spock?

– Na ponte, como toda vez em que você vem me visitar. Detectamos uma pequena dose de material tóxico em seu organismo, mas já demos um jeito nisso. Não se preocupe, só preciso ter certeza de que não tem mais nada ai dentro passível de complicações.

𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Star TrekWhere stories live. Discover now