⤷ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟖

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- Hrm...

- Ei, nem pense em levantar. Você precisa descansar até seu corpo recompor todos os nutrientes.

Kirk abre os olhos com dificuldade, adaptando-se aos poucos à luz ambiente. Estava confuso e começando a ficar inquieto, mas continuava mole.

- O que aconteceu? Onde estou?

- Na Enfermaria - responde o doutor. - Você foi exposto a intoxicação através de contato alienígena.

Jim não parecia compreender ou assimilar as informações com clareza. Ainda estava acordando. Ele observava o local a volta em busca de se orientar melhor.

- Não se preocupe, logo estará bom para voltar ao trabalho. Enquanto isso, trate de dar um tempo para o seu corpo se recuperar. Caso contrário, terei prazer em aumentar os dias de repouso necessário. Está ouvindo? - McCoy o confronta com seu jeito valente.

Não importava a diferença de patentes, o médico era seguro de si o suficiente para defender o que achava certo. Sem contar que o conhecimento profissional que carregava não era pouca coisa, e ele sabia disso.

Kirk o observa, agora mais ciente da situação em que se encontrava - talvez, e somente talvez, o jeito do amigo tivera dado um empurrãozinho em sua reação.

- Sim senhor, doutor - um resquício de ironia é encontrado em meio a resposta, porém McCoy não se abala. Muito pelo contrário, parecia ter ganho mais confiança ainda.

Nos lábios do médico um sorriso satisfatório se apresenta. Nada mais é dito após a troca de olhares. Para o nível de amizade que tinham, aquela ação era suficiente como resposta.

Ao passar por mim, McCoy comenta em sussurro:

- Os níveis de oxigênio ainda estão abaixo do normal. É melhor deixá-lo descansar.

Resolvo ignorar o diagnóstico médico para concentrar a atenção no rapaz deitado à maca. Techno já tivera me passado o resumo da coisa toda sem ao menos ter pedido, não estava a fim de ouvir tudo de novo. Só queria sentir aquela mistura de sentimentos positivos que me preenchiam ao saber que o jovem capitão estava bem. Seu olhar em resposta com toda serenidade e...

- Olha, se estiver procurando por qualquer pedido de desculpas vindo de mim depois do que você fez...

E lá se vai toda serenidade ganha.

Acredito que a interrupção ao momento teria se dado a falta de expressão em meu rosto. Era o que eu esperava, para o bem dele.

- Do que eu fiz? Me desculpe, não foi minha intenção injetar veneno diretamente nas veias do capitão da nave, doutor. Seja lá como eu tenha realizado tal feito - o respondo firme.

- Não foi isso o que eu quis dizer, e você sabe muito bem - ele rebate com o tom ríspido de praxe ao me encarar.

- E o que o senhor quis dizer então, doutor McCoy? - prontamente esperava por sua resposta.

Em situações comuns eu teria apenas deixado aquilo pra lá. Não valia a pena, claro que não. Mas por algum motivo ainda estava com esse mecanismo defensivo ativado. Talvez por conta das situações tão intensas vividas nesse curto período relativo de tempo. Talvez por conta do turbilhão de sentimentos que aparentavam estar sob controle, e então davam as caras logo em seguida. Talvez porque a resolução dos problemas fosse apenas uma ilusão. Talvez porque eu pensava demais e me deixava dominar por esse impulso tão forte. Afinal, isso tudo era importante? O que era meu presente no fim das contas? O que eu queria que fosse meu presente? Eu tinha liberdade pra escolher isso? Se sim, por que então me sentia culpada das escolhas que poderia tomar?

𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Star TrekWhere stories live. Discover now