⤷ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟑

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Minha cabeça estava latejando. Aos poucos uma pequena alfinetada se transforma na dor de várias agulhas espetando o mesmo lugar, como se não conseguissem enxergar o furo que haviam feito. Começo a sentir um embrulho no estômago, e então a dor aos poucos se espalha pelo meu corpo inteiro, fazendo questão de lembrar cada membro que me constituía.

Sinto as pernas formigarem e fraquejarem, as quais me levam para o chão de imediato. Não conseguia me aguentar em pé. Aos poucos a audição também vai voltando. Estava tudo abafado até então. Ouvia um mesmo barulho inquietante se repetindo várias e várias vezes, como se tivessem esquecido de desligar o despertador pela manhã. Conforme o volume aumentava, o som assemelhava-se ao de uma sirene. Tento abrir os olhos, mas enxergava tudo embaçado.

Busco guiar-me pelo tato enquanto isso. Meus braços parecem ter sido os primeiros a se recuperar da viagem. Será que realmente havia dado certo?

Espera só um minuto, eu me lembrara da viagem. Ufa, neurônios em ordem. Um problema a menos.

Rápido! Tem muito mais deles!!!! – ouço ao longe.

Muito mais deles? Deles quem?

Abro os olhos novamente na tentativa de visualizar algo, mas ainda sem sucesso. Nada era nítido. Minha cabeça parecia estar atordoada com o transporte, apesar de conseguir raciocinar.

Sinto a força das minhas pernas voltarem, e logo procuro por apoio. O chão e paredes do lugar eram frios, e a textura e resposta sônica lembravam a de um metal. Meus ouvidos captam passos apressados em direção à leste. As pessoas pareciam desesperadas, e o local cheirava à fumaça e circuito queimado. Deduziria que estavam sendo atacados.

Procuro me deslocar cuidadosamente esgueirando-me pela parede. Vez ou outra abria os olhos e piscava repetidamente para adaptar minha visão à iluminação. No meio do caminho quase tropeço em algo. Abro meus olhos novamente e por fim noto que a visão voltara ao normal. Porém, não era um cenário muito agradável de se apreciar. Talvez fosse melhor se não tivessem voltado.

Havia alguns homens deitados no chão, e meu olfato começava a detectar um odor desagradável de carne queimada. Esforço-me para manter as forças e checar o batimento cardíaco de cada um deles. Estavam todos sem pulso, e alguns até com queimaduras de primeiro grau ou pior pelo corpo. Trajavam uniformes de tecido leve, e não se via proteção extra alguma que fosse resistente o suficiente para protegê-los de fato.

Ao analisar o último dos corpos noto um tipo de arma atada à sua cintura. Era diferente de qualquer outra que já tivesse visto: Não tinha trava, nem uma entrada pro estojo de projéteis nela. Lembrava uma pistola, mas não era como a que os padrões militares ou vigilantes costumavam utilizar. Também parecia ser mais leve que um revólver comum. Seu corpo era todo liso de material irreconhecível. Como é que carregavam isso, afinal?

– Techno, ana--

GRAAARLLL!!!!

Assim que vejo a silhueta deformada no corredor me jogo pra cobertura mais próxima.

Não era bem uma cobertura, mas dava pro gasto. Se tratava de um caminho para uma sala, a parede recuava aproximadamente quarenta centímetros pra dentro. Tinha uma porta ao meu lado, porém sem sinal de maçaneta. Parecia até que eu estava em um filme de ficção científica.

A criatura enfim se revela. Possuía uma longa cauda de couro forte, tom de pele alaranjado, e sua estrutura se assemelhava a de um réptil. Pra falar a verdade, eu só o conseguia ver como um dinossauro de armadura; e pela coloração diria que é de obsidiana, mas vai saber. Tá tudo tão esquisito até agora que não posso ter certeza de nada.

𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Star TrekOnde as histórias ganham vida. Descobre agora