⤷ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟏

26 4 0
                                    

"Stark!", é a última coisa que ouço deles antes de focar totalmente na missão. Em pouco tempo as comunicações seriam confundidas, e não poderia deixar com que pegassem os rapazes de surpresa. Spock e eu éramos os únicos capazes de enfrentar as criaturas no corpo-a-corpo sem muitas desvantagens, mas eles precisariam do cientista. Dois estrategistas pensavam melhor que um, e o tempo de resposta do vulcano para raciocínio era excepcional.

Seguia a trilha que os carrinhos de mão haviam feito no solo para chegar ao local que Matthew dissera. O rastro estava meio apagado, mas com ajuda do olfato e seguindo o sinal sonoro incessante das criaturas, a localização não fica difícil.

Após sair do bosque recebo a confirmação visual dos metamorfos. Eram criaturas brancas esqueléticas, de aproximadamente 3 metros de altura, com grandes olhos vermelhos desprovidos de pupila. Pareciam exoesqueletos gigantes de louva-a-deus. Estavam todos andando em bando, procurando por alguma coisa – certamente alguma forma na qual pudessem se camuflar ao ambiente.

– Tech? – o chamo em volume baixo.

° Pois não, Stark? °

– Preciso que crie uma distração.

Analiso o vale que Matt descrevera e vejo as elevações das quais falara. Realmente remetia a um canyon, só que menor. Havia ainda pontos por cima com coberturas rochosas, cujas davam ótimas guaritas naturais. Era um lugar perfeito e muito vantajoso na parte topográfica do plano.

° Que tipo de distração? °

– Preciso de um sinalizador sonoro da mesma frequência em que as criaturas estão se comunicando. Quando disser, emita pelo bracelete.

° Certo. Analisando padrão de frequências... °

Enquanto Tech fazia a varredura, aproveito para entrar no território do vale. A cada passo que dava estudava o terreno ao meu redor. Detecto pequenos buracos no chão, lembrando rapidamente dos gêiseres de que o engenheiro havia mencionado.

° Análise de frequência finalizada. Propagação sonora em 20 kHz °

– Quando quiser, Tech.

Sem demora, Techno começa a emitir o chamado. Era extremamente irritante. Se aumentasse o volume mais um pouco, provavelmente estouraria meus tímpanos.

Depois do grito do acasalamento ter sido divulgado, me posiciono estrategicamente atrás de uma coluna. Aciono o novo mecanismo que configurara de madrugada no bracelete, e com um gesto rápido e ensaiado, o acessório cobre minha mão direita numa luva robótica. Era quase igual a que eu havia projetado para a viagem temporal, só que com mais funções de uma armadura básica.

Estava dando certo, as criaturas adentravam o vale na esperança de encontrar mais um dos seus. Não fazia a mínima ideia do que aquele som havia transmitido para eles, mas contanto que pudesse segurá-los por tempo suficiente até os garotos chegarem, já estava valendo.

Coloco a cabeça pra fora da coluna no intuito de saber qual tivera sido a reação deles. Vejo então aquele aglomerado de artrópodes mexerem suas presas e antenas sincronizadamente, se comunicando entre si numa frequência bem mais alta que a anterior. Só consigo captar por conta dos meus sentidos aguçados, mas ainda assim os ouvia quase que em sussurro. Se encontravam há uma distância de aproximadamente 50 metros.

Um deles olha em minha direção. Todos param com o zumbido por um minuto e observam este, aguardando as ordens do suposto líder.

– Tech, consegue traduzir o que estão falando?

° Posso tentar °

– Então tente, por favor – ordeno sem tirar os olhos da criatura.

O mestre louva-a-deus fala alguma coisa, e os demais começam a virar as costas e caminhar na direção oposta. Estavam se retirando do local, seguindo rumo a casa de Matthew. Eu não poderia deixar que encontrassem Jim e os rapazes no meio do caminho.

Resolvo sair da cobertura, setando uma armadilha entre duas colunas rochosas paralelas com um longo e fino fio de aço que saía da minha luva. Esperava que não tivessem uma visão tão boa.

– Tech, o áudio novamente.

° Reproduzindo... °

O mesmo Camaleão que me analisara outrora se vira em minha direção. Eles não pareciam muito preocupados com o que eu tinha a oferecer, talvez estivessem até me subestimando. Tinham uma missão em mente, e de certo sabiam que eu não era daquele mundo, por isso ignoravam minha presença. Uma reação bem diferente do outro que havia conhecido na nave, se for parar pra notar.

O esqueleto à direita da criatura que tinha voz ativa fala alguma coisa enquanto me observava, e ele o responde da mesma forma.

° Idioma não detectado. Formas de expressão corporal não condizem com padrões de ondas emitidas °

– Droga... Continue analisando. Me informe se conseguir algo.

° Entendido °

As criaturas me encaravam esperando por qualquer reação. Teria que me mostrar interessante, pra que pudessem manter a atenção em mim e esquecerem a ideia da casa. A pior parte é que eu sempre odiei atenção, então não tinha a menor ideia de como fazer isso.

– EI, SEUS FILHOS DE ZORAK, OLHA EU AQUI! QUEREM TIRAR A VIDA DE ALGUÉM? QUE TAL TENTAREM TIRAR A MINHA?

Eles permanecem da mesma forma, me encarando e vezes até mexendo a cabeça de lado, procurando compreender o que eu dizia. Suas antenas e presas aparentavam ter vida própria.

Que droga é essa? Ela está tentando se matar? – ouço próximo à mina.

Finalmente estavam por perto. Teria que garantir a segurança deles até que chegassem ao topo. Por sorte essas coisas não possuíam asas, então a não ser que pudessem escalar ou se deslocar rapidamente em sua forma natural, demorariam muito para chegar até os rapazes. A altura da menor coluna era de 10 metros.

Vejo um dos aliens girar a cabeça em cento e oitenta graus, olhando em direção à voz do doutor. Logo o bando repercute a ação do curioso.

– OW, EU TO AQUI! – me esforço pra retomar a atenção deles sem ter que aumentar o volume da distração sonora. – EU MATEI O IRMÃO DE VOCÊS, VENHAM ME PEGAR!

Na verdade eu não tinha feito aquilo, mas parece que acreditaram. Foi o suficiente para confundí-los. Os insetos albinos começavam a zumbir todos de uma só vez, como políticos no senado discutindo durante uma votação. Tentavam entrar em um consenso para saber que movimento fariam em seguida – pelo menos é o que eu deduzia.

Enquanto se ocupavam com o debate, aproveito para armar mais armadilhas sem que vissem. Atiro um explosivo com detector de movimento numa coluna central e jogo pequenos dispositivos que gerariam campos de força em coberturas no nível superior do canyon – pontos estratégicos que o Capitão e o vulcano certamente saberiam aproveitar.

Ouço passos cautelosos na parte superior do vale. Os rapazes já estavam lá em cima, procurando por um local seguro em que tivessem uma visão melhor de tudo. Spock e Matthew estavam de um lado, e Kirk e Scott de outro com o doutor McCoy. Vendo a escassez de gente, me leva a acreditar que os sinais de comunicação tiveram sido confundidos desde o momento em que os deixei.

𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Star TrekWhere stories live. Discover now