Estendendo para o fim

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(Junho)

Narrador

Shivani não sabia quanto tempo já estava gritando, porém sentia sua garganta seca e seu corpo cansado.

Sua voz estava tão rouca que era quase inaudível.

No canto do pequeno quarto escuro e úmido Vick estava jogada no colchão velho, abraçando seu corpo e se lembrando de quando parou nesse lugar pela primeira vez.

Ela sentia raiva de si mesma, nojo por ter se relacionado com Taylor por tanto tempo, mas sabia que eles não iriam ceder, e depois do tapa que sua parceira levou teve ainda mais certeza.

Eles não a tirariam dali.

Não importa o quanto a outra gritasse.

— Shivani — Vick a chamou em um sussurro quando a mesma calou seus gritos por um tempo — Por favor, desiste — talvez essa não fosse uma boa escolha de palavras.

— Não....— o sussurro de Paliwal foi ainda mais baixo, inquieto — Não posso —  ela encostou seu corpo cansado e suado na porta de ferro — Precisamos sair — a garota deslizou até que pudesse descansar sob o chão, sentando no mesmo.

— Você vai apanhar de novo, eu já estive aqui, não adianta gritar — a dos olhos azuis disse, completamente exausta.

Sua mente pesava por não ter conseguido livrar Shivani dos acontecimentos, por não ter sido uma boa anônima.

— Já esteve aqui? — apenas um resmungo consentindo veio da outra.

Shivani suspirou profundo, sua pálpebras pesavam e sua bochecha direita ainda ardia pelo tapa de mais cedo.

Um filme correu por sua mente, voltando para anos atrás quando ela viu Jack pela primeira vez, quando se apaixonou pelo seu olhar e seu jeito gentil.

Quando jurou que o amaria para sempre, que ele seria único em seu coração, seria o único que a teria por completo.

Uma lágrima quente escorreu pelo seu rosto, mesmo ela querendo não conseguia segurar, as lembranças voltavam feito raios rápidos e sombrios.

Trazendo a sensação de estar chovendo lá fora, ela odeia chuvas, mas sabe que ninguém nunca conseguiria a tirar dessa tempestade que é sua vida, que ela está sendo condenada a viver.

Mas de repente aparece um relento de luz que a faz sorrir, sorrir de verdade, com o coração.

Isso acontece porque ela acaba de se lembrar da carinha de cachorro abandonado que Bailey faz quando quer a convencer de algo, da intensidade que foi o primeiro beijo entre eles, suas peles conectadas uma a outra na primeira vez que fizeram amor. 

Quando deu por si ela estava sorrindo feito boba, com o coração cheio de paz porque a mesma vida que a ferrou lhe mandou alguém, alguém que a ama de verdade, que não mede esforços para o seu bem.

Sim, ela entende que é uma garota de sorte, mas isso não diminui o fato de estar entre a vida e a morte.

Quem dera a mesma ter aceitado quando Sofya e Krys pediram para que ela se afastasse de Jack, que não o deixasse ter o controle.

Já era tarde demais.

Jack estava mais do que no controle agora, ele a tem e não pretende solta-la.

~

Depois de muito esforço por parte de Vick, Paliwal se rende e acaba encerrando seus gritos.

As duas finalizam dormindo, fracas e com frio.

Com medo do que poderia acontecer.

Já pelo lado de fora, um pouco mais do que três peças depois do mini quarto que está servindo de cativeiro para as garotas. Jack tem uma conversa com Taylor.

— Você o matou? — ele pergunta incrédulo.

— Não — Jack responde friamente, acertando a bolinha com seu taco — Mas o dei uma lição, ele não pode sair batendo na minha garota — acerta outra.

— Pepe deixou bem claro que não queria seus homens machucados.

— Foda-se, não ligo — o dos olhos verdes vira o resto de whisky, deixando seu taco de sinuca de lado.

Quando tudo começou estava claro, Jack iria machucar Shivani, a machucaria por ter o deixado, por ter recusado o seu amor.

Ele sentiu seu ego ferido por ter perdido uma pessoa que no seu ver era dele.

Por ter sido rejeitado.

Se passou por um pobre vizinho, tendo mais intimidade com Bailey, fez toda uma estrutura para analisar e seguir os passos dos dois.

Envolveu com seus amigos de gangue e com vantagem deu três tiros em Noah.

Chantageou Joalin e ainda tomou o cuidado de deixar Bailey sem espaço.

Por fim, era um plano perfeito.

Ferindo quem Shivani gostava, primeiramente tirando o emprego de Bailey, se amigando com Giovanna e tendo os maiores advogados de Los Angeles em sua lista de pagamento.

O cara é realmente um gênio quando quer.

Tem seu ar psicótico.

Mas só não contava com uma coisa.

Que Bailey também teria esse mesmo lado.

Que não desistiria até ter Paliwal de volta.

E dar um fim no louco perseguidor, tirando a vida de quem só machucou Shivani.

Matando Jack.

//💜

Um teto para dois //ShivleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora