Um teto para dois //Shivley

Preciosa demais

Março

Pov' Bailey

- ...Shivani por favor - pare de ser tonto Bailey, ela está irredutível não vai olhar para trás - Você precisa me escutar, por favor para de ficar fugindo, você está parecendo até uma criança desse jeito

Ao dizer minha última palavra ela se virou, virou tão bruscamente que fez seu cabelo voar com o movimento e bater contra o seu rosto, seu rosto que estava vermelho, olhos cheios de lágrimas

Naquele momento me odiei, me odiei ao lembrar que eu havia a deixado assim, quantas vezes ela já tinha passado por essa situação? E eu só estava a relembrando disso

- Não estou fugindo, só não quero falar com você - subiu um degrau em minha direção - por favor Bailey, me deixe! 

Apesar de sua voz ser de choro, ela falou firme e com precisão, da mesma forma que se virou para me olhar, se virou para sair, desceu rapidamente os últimos degraus com seu pequeno caderno roxo na mão e abriu a porta

- Shivani, não vá, o tempo está horrível, vai cair uma tempestade, tenho certeza - ela assentiu evitando me olhar e calmamente andou em direção a cozinha

~

Fechei meus olhos enquanto a água gelada caia sob o meu rosto e logo após pelo meu corpo, pressionei com força meus olhos e passei meu cabelo para trás com minhas mãos, a imagem de Shivani se encolhendo ao ouvir meu grito passava constantemente por minha mente, ela tinha ficado com medo de mim, isso me engolia por dentro, causava um estrago enorme a minha alma

Meu pai nunca foi de me ensinar o quanto devíamos ser carinhosos e cuidadosos com as mulheres, mas Isabel uma gentil senhora que foi minha babá por muito tempo me ensinou que mulheres são como flores, elas precisam de amor, proteção, cuidado, precisam de alguém para apoia-las e ama-las, também me ensinou que eu nunca deveria gritar ou levantar minha mão para uma, que elas são como jóias preciosas difíceis de achar e de conquistar, que algumas são até raras

Sempre levei muito a sério todos os conselhos que ela me dava, e sempre os segui com muita lealdade, não tive intenção de assustar Shivani, eu não reconheci aquele cara, nunca gritei nem com Any que sempre acabava com toda a paciência que eu tinha, e apenas com uma mulher que só queria ter seus segredos guardados eu explodi, sei que não justifica mas quando ela me chamou de egoísta e vidinha perfeita eu pirei, ela não pode me julgar dessa maneira, sempre coloquei as necessidades de quem eu amo acima das minhas, nunca fui um egoísta, muito menos um vidinha perfeita!

Eu não sabia que ela pensava assim de mim, mas eu estava pronto e disposto a mudar esse conceito

Desliguei o chuveiro e sai do banheiro, vesti uma calça de pano e um moletom, não sei porque, mas semana retrasada um dos meus moletons estava com um cheiro exageradamente doce. Passei a pequena toalha branca pelo meu cabelo na intenção de seca-lo e respirei fundo, Shivani ainda estava na sala ou na cozinha, não sei direito, só sei que não ouvi mas nenhum um barulho, ela era boa em ser silenciosa

Desci com calma o primeiro degrau e senti um cheiro familiar, tão familiar que me fazia lembrar a minha mãe, quase que por um segundo me senti em casa novamente, era lavanda eu reconheceria em qualquer lugar, a qualquer momento, levei meu olhar até a cozinha enquanto descia o último degrau e la estava ela, derramando com cuidado seu chá na mesma xícara de sempre, me direcionei para onde estava, seu olhar encontrou com o meu por um segundo, pelo que eu consegui ver ela não chorava e não me parecia mais assustada, um alívio percorreu meu corpo

- Me desculpa - falei com calma analisando a mulher a minha frente - Sei que sou o errado, eu realmente não queria que tudo isso tivesse acontecido