O fim de junho

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(Junho)

"Eles mostraram quem realmente são quando me ajudaram, e eu sempre os guardarei em meu coração"

Shivani Paliwal

— Onde, onde estou? — minha voz sai tão baixa que eu quase não a escuto.

— Shiv? Sabina, Sabina acorda — mesmo com minha vista embaçada consigo notar uma movimentação estranha.

— Shiv? — faço um pouco de esforço e indentifico a dona da voz, é Sabina.

— Oi — digo ainda mais baixo, ela tira o aparelho que estava em meu rosto e me olha com calma.

— Como se sente? — olho para o lado e vejo Joalin.

— Bem — tusso um pouco — Mas essa pergunta quem deveria fazer era sou, eu sou a médica aqui — dou uma risada frágil e elas riem também.

— As vezes os médicos também precisam de cuidado — Sabi toca meu rosto com delicadeza e eu sorrio.

— Será que posso falar com a Joalin por um minuto? — peço a olhando e ela assente.

— É claro, vou atrás de um médico para te ver — eu concordo calmamente.

— Obrigada — tento sorrir o mais largo possível — Obrigada pela ajuda Sabi e desculpe pelo o Jack.

— Ei, não precisa se desculpar — ela pisca para mim e se afasta saindo do quarto.

Fecho os olhos em um suspiro fundo.

Não me lembro de muita coisa, mas sei que tudo aconteceu por conta do Jack.

— Tudo bem? — ela pergunta baixinho.

— Sim — Joalin não está mais da última forma que a vi, ela está limpa e parece mais descansada — Eu só queria te agradecer por ter salvado minha vida, não sei o que seria se você não tivesse se arriscado por mim.

Na vida eu sempre soube que existiria poucas pessoas com as quais eu poderia contar, mas se eu tenho uma certeza e que Joalin agora era uma delas.

Que ela e Sabina teria para sempre um lugarzão em meu coração.

— Sabe Shiv, eu apenas fiz o que deveria ter feito — ela se aproxima — Eu meio que tenho uma parcela de culpa nisso, então não poderia ter me retratado da melhor forma.

Sorrio olhando em seus olhos e eles estão mais azuis do que nunca.

Eu nem sabia que ela tinha toda aquela habilidade que mostrou.

Eu tenho tantas perguntas, são tantas dúvidas, Vick está bem? Eu prometi que voltaria e a ajudaria.

Olho então em volta e sinto um vazio passear por meu corpo.

— Joalin?

— Sim?

— Onde está o Bay? — ela junta as sobrancelhas.

Pressiono meus olhos quando um filme começa a correr por minha mente.

E de repente tudo está claro, eu me lembro de tudo e isso me vem como uma bomba.

— Joalin? — sinto minha respiração ficar ofegante — Onde ele está — ouço um barulho de tiro que me faz lembrar do que aconteceu — Que barulho foi esse?

— Shivani se acalma — suas mãos alcançam meus ombros — Não tem barulho nenhum.

Eu a olho confusa, seus olhos não me transmitem mais tanta calma.

— Ele está bem? — inspiro e solto o ar com calma, tentando me manter estável, sentir desespero agora poderia me fazer ter uma crise.

— Não se preocupa, estão cuidando dele.

— Eu quero vê-lo — meu tom sai quase em súplica — Eu preciso.

~

Depois de algumas horas em observação me liberaram para ver Bailey, os médicos temiam que eu poderia delirar e ao vê-lo piorar.

Mas o que eles não sabem é que eu só vou estar realmente bem quando estiver com ele.

Sabina me contou que ela e alguns "amigos" foram quem ajudou Bailey, que o trouxe até aqui e sou tão grata a isso.

Enquanto ando com calma pelos corredores reconheço o lugar, é o mesmo hospital que Noah está.

Paro em frente ao quarto falado e suspiro baixinho antes de entrar.

Fecho a porta atrás de mim, o cheiro de hospital não está muito forte, a luz está fraca, o doutor disse que ele perguntou por mim quando acordou.

Também comentou que ele teve sorte, pois o tiro quase toma em cheio uma artéria importante de seu corpo, já eu apenas precisei de um soro e analgésicos, está tudo bem agora.

— Paliwal? É você? — sorrio fraco assentindo, sua voz está baixinha e rouca.

— Como sabe? — pergunto entre uma risada e sinto que meus olhos marejam.

— Não acho que mais alguém use camélias por aqui — eu sorrio — E também me avisaram que você estava vindo.

— Bobo — nós rimos juntos e então me aproximo de sua cama — Como se sente?

— Acho que bem — ele procura por minha mão e então a estendo para ele — Eu tive tanto medo de te perder — sussurra.

— Eu também — ele deixa um beijo em minha mão — Não faça mais isso — sinto a primeira lágrima escorrer — Não se arrisque mais dessa forma por mim meu amor.

Ele dá uma risadinha e nega prontamente.

— Ainda não entendeu que eu faria de tudo por você, não é?

— Acho que depois desses dias eu comecei a entender — seco uma das lágrimas — Que bom que está bem — minha voz embarga e sinto que vou desmanchar por ali mesmo — Foram dias horríveis.

Ele aperta minha mão e em seguida solta um gemido baixo de dor.

— Não se esforce — peço.

— Não se preocupe — ele diz se movimentando — Vem, chega mais perto.

Olho para um pequeno espaço na cama, então com um pouco de calma e dificuldade me deito ao seu lado.

Enlaço meus braços em volta do seu corpo, pousando minha cabeça em seu peitoral, sentindo uma paz me invadir.

Eu senti tanta falta disso.

Falta do meu lar.

— Vou cuidar de você — ele diz — Me desculpe por ter falhado dessa vez.

Eu rio boba e nego com minha cabeça.

— Você não falhou meu amor.

— Pelo que eu saiba foi uma loira quem te salvou — ele da uma risadinha e eu o acompanho, logo tossindo em seguida — Como você está?

— Vou ficar bem — fecho meus olhos — Eu te amo.

— Eu também te amo minha pequena Spring — seus dedos começam um carinho pelos fios do meu cabelo.

Faço uma trilha de beijinhos por seu rosto até sua boca, onde deixo um selinho demorado.

Logo volto a me aninhar a ele.

Permito que meu corpo descanse ali mesmo.

Para mim a vida poderia acabar naquele exato momento.

Porque se ele estava comigo, eu não tinha medo.

//💜

Um teto para dois //ShivleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora