Taças de vinho

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(julho)

Bailey May

Os empregos a minha volta não me aceitam, me recusam a todo custo, qual é a droga do problema?

Aquele cara para quem eu dava xícaras de açúcar fez mesmo tudo isso?

Ele conseguiu acabar com toda a minha reputação e carreira de uma vez só.

— Mamãe, não vou trabalhar na empresa da família, já falei que não quero esse dinheiro sujo de vocês — porque ela sempre insiste tanto nisso?

— Claro, porque você prefere se focar em ter um caso com uma farsante do que ter uma vida estável com Gabrielly.

Eu reviro meus olhos pegando o dinheiro do café que tomamos.

Todas as vezes que nos encontrarmos ela vai querer pautar esse assunto? 

— Não vou discutir isso com a senhora — ela bufa — Amo Shivani e nada irá mudar esse fato.

Não mesmo, principalmente depois de tudo o que passamos, eu seria louco de deixá-la.

Ficaria louco se não a tivesse.

— Bailey, não sei o que fiz de errado na sua edução — ela se levanta e eu faço o mesmo.

Como se esse fosse o maior dos nossos problemas.

— Mamãe porque simplesmente não aceita? Eu e Paliwal vamos ficar juntos — começo a andar ao seu lado em direção a saída da cafeteria.

— Eu não posso — sua voz sai baixa.

Decido terminar o assunto por ali mesmo, realmente não estava afim de discutir com ela.

— E sobre o trabalho diga ao papai que não estou interessado.

— Vou dizer meu filho, mas saiba que está cometendo um grande erro, pense um pouco mais, essa mulher está virando sua vida de cabeça para baixo.

Ela fala antes de entrar no carro e sumir em meio ao trânsito de Los Angeles.

Porém pensando melhor....

Bem que trabalhar para meu pai não seria tão ruim, o dinheiro que eu iria receber daria para tirar Shivani daquele apartamento.

Poderíamos levar uma vida tranquila.

Mas minha consciência não estaria tranquila.

Pego meu celular enquanto ando em direção de casa, tive que vender o carro para conseguir manter Noah em um bom hospital.

Já que a dona Vanessa não mostrou um pingo de preocupação quanto a ele.

— Gabrielly? — paro meus passos.

— Oi baby, hoje é o último dia — sua voz sai vitoriosa do outro lado da linha.

Merda, ainda não tenho o dinheiro.

Antes de ir ao México a única pessoa que veio a minha mente foi Any, eu sabia que ela me emprestaria o dinheiro necessário.

Pensei que conseguiria pagá-la de volta.

Porém o prazo estendido não foi muito grande, e ainda teve os gastos com meu braço.

Ao menos salvei Paliwal.

— Será que podemos nos encontrar? — eu pergunto um pouco nervoso, não tenho ideia do que vou fazer.

— É claro baby, na sua casa as sete.

— Não Any, tem que ser...— eu encaro a tela do celular.

Ela finalizou mesmo a ligação na minha cara? Sem nem me deixar terminar?

Não queria que esse encontro acontecesse no AP, já que ele também e de Shivani e no momento ela está o pagando sozinha.

Sei o quanto se sentiria desconfortável em saber que Gabrielly esteve em nossa casa.

Aproveitando que já tocamos no assunto Shivani, precisamos mesmo comentar sobre ela, que nos últimos dias está estranha.

Conversa todo o tempo com Heyoon no celular, fica me pedindo coisas diferentes para comer.

Eu não a pertubei porque sei que pode ser algo causado pelos traumas dos últimos dias, porém tudo isso está começando a me intrigar.

Já que ela nunca foi de agir assim.

~

— Sun pare de morder o tapete — eu puxo Sun que já estava um pouco mais grandinho.

Paliwal jogou um tapete colorido na sala e agora nosso cachorro não para de morde-lo.

Suspiro ao escutar a campainha, já até sei quem é.

— Quanto tempo baby — Gabrielly diz assim que abro a porta.

Ela usa um vestido azul escuro extremamente colado, seu cabelo está volumoso em cachos e seu rosto iluminado.

Parece ter algo diferente.

— Entra — digo sem sorrir muito, porém preciso ser o mais simpático possível, ou ela não irá querer estender meu prazo.

— Sua namoradinha está?

— Não — tranco a porta.

— Que tapete horrível — ela diz ao se aproximar mais da sala.

Any da um pulinho para trás quando Sun começa a latir sem parar na sua direção.

— Sai cachorro pulguento — ela diz movimentando as mãos enquanto arma um escândalo.

Acabo rindo da cena, lembro então o quanto ela odeia Sun.

— Vem bebê — eu pego o cachorro no colo e o levo para a lavanderia — Não precisava desse show — digo assim que volto para sala, Sun ainda late, aposto que se ele soubesse falar me dedudaria para sua mãe.

— Eu tenho nojo de cachorros — sua voz é áspera — E você sabe disso baby.

Rio irônico e nego com minha cabeça, dou a volto e me sento no sofá, ela faz o mesmo.

— Não vai oferecer nem um café? — pergunta deixando a bolsa na mesinha e eu nego.

— Você não gosta de café Any — digo e ela ri escandalosamente.

— É verdade — ela recupera o ar — E o dinheiro?

— Não quer nem saber como Noah está? — desvio o assunto, mas bem que ela poderia se preocupar um pouco com ele.

— Ele está internado, sua mãe falou, quer dizer minha sogra.

— Ela não é mais sua sogra — a corto e sua atenção sai de mim.

Seus olhos escuros percorrem o apartamento até pararem em um porta retrato, onde eu e minha Paliwal sorriamos juntos.

Esse dia foi incrível, foi a primeira vez que eu a levei ao parque, a energia daquele lugar é tão boa.

Precisamos voltar lá.

— Mas quem sabe um dia voltará a ser — Any retorna ao assunto e eu volto a olha-la.

— Preciso de mais tempo, ainda não tenho o valor que me emprestou — ela respira fundo.

— Tudo bem — da de ombros em concordância.

Um nó se forma em minha mente.

Como concordou tão rápido?

— Olha o que eu trouxe — ela se inclina levemente para frente em direção a sua bolsa e logo tira uma garrafa de vinho da mesma — Pegue as taças baby — ela diz animada e minha cara não é nada boa — Pelos velhos tempos May.

//💙

Um teto para dois //ShivleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora