Ojesed - Dramione (EDITANDO)

Não mais do que isso. ❤️

19:39pm - Jardim de Hogwarts.

   Narração Hermione.

"Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão."

Córmaco não havia desmentido minha história mesmo eu tendo o humilhado em pleno Salão Principal, acho que no fundo ele sabe que as pessoas não acreditariam muito na palavra dele. Gina, que ainda ria da sua cara toda vez que ele passava, estava caminhando ao meu lado, contando que havia visto ele de conversa com outra garota, e eu não poderia me importar menos.

- E você e o Malfoy, hein? - perguntou de repente. Eu quase tropecei em meus próprios pés.

- O-o que? Do que você está falando? - gaguejei, e as imagens do Malfoy castigando Córmaco voltaram para o primeiro plano da minha mente, olhei-a aflita mas ela manteve uma expressão neutra.

- Ele não está pegando muito no seu pé? Se tem alguém para te aborrecer é ele...

- Eu finjo que ele nem existe. Quase não o vejo também, se quer saber.

- Nossa, sorte sua que ele não sabe a verdade. Se soubesse, faria questão de convocar todo seu grupinho para te atormentar... - comentou, e eu concordei brevemente. Logo ela saiu para seu treino de quadribol e eu ia em direção a biblioteca.
Filch estava ralhando com dois garotinhos que carregavam consigo frisbees dentados e eu parei no caminho para cumprir meu papel de monitora, descontando deles 20 pontos. Os corredores estavam quase desertos, uma vez que já estava escuro e os alunos se abrigavam em seus salões comunais. Mas como eu tinha que consultar uns livros na biblioteca para uma pesquisa, me apressei até lá. Percorria os olhos nas prateleiras procurando o livro que estava precisando sem muita atenção, só consigo pensar no quão Harry está obcecado com a ideia de que Malfoy é um comensal e que fora culpado por enfeitiçar Katie Bell, imagino que eu teria visto algo estranhando acontecendo, agora que divido dormitório com ele... mas não posso negar que às vezes ele some por um bom tempo e eu só o vejo no dia seguinte. Compenetrada nesses pensamentos, quase derrubo os livros que tinha pego ao ouvir a voz de Malfoy ao meu lado.

- Não te avisaram que é proibido sair sozinha tão tarde, Granger? - perguntou esboçando um sorrisinho zombeteiro. - Você não deveria arriscar sua vida só para pegar um livro.

- Já me arrisco dormindo ao lado do inimigo toda noite, não é mesmo? - brinco, colocando os livros na minha mochila e indo até a saída. Ele vem apressado ao meu encalço.

- Vamos aproveitar que estamos os dois aqui e fazer logo aquela ronda, beleza? - sugere, pegando seu distintivo no bolso da capa.

- Tenho que deixar essa mochila no dormitório primeiro, está muito pesada. - digo e ele revira o olhos.

- Não seja por isso, você está ao lado de um atleta - diz batendo no peito, pegando a mochila das minhas costas e eu arqueio uma sobrancelha.

- Que horas o atleta chega? Só estou vendo um palitinho... - zombo e ele me olha ofendido.

- Essa doeu mais do que aquele tapa que você me acertou no terceiro ano.. - comparou e eu dei uma risada, nem lembrava mais disso.
Os corredores já estavam deserto após vinte minutos de ronda, o frio faz com que os alunos prefiram suas salas comunais quintinhas a vadiarem pelos corredores gelados, e era no meu salão comunal que eu queria estar agora.

- Seria tão mais fácil se todas as noites fossem como essas... - comentou Malfoy, quando já estávamos bem mais longe, a caminho do dormitório dos monitores.

- Não vejo a hora de ir para casa no natal. São menos preocupações e eu vou poder relaxar na minha própria cama. - digo enquanto atravessamos a passagem, retiro gentilmente a mochila das costas dele e sento no sofá.

- Queria poder dizer o mesmo... - sussurrou Malfoy, mas eu fingi que não ouvi. Ele se sentou ao meu lado, curvando-se para receber o calor da lareira. - Não faço a mínima ideia de como seja o mundo dos trouxas, é como um assunto proibido lá em casa.
Essa afirmativa fez com que o assunto se estendesse pelo resto da noite, contei para ele tudo o que sabia do mundo dos trouxas e ele ficou bem espantado com o modo que funcionamos sem magia, "imagina ter que gastar meu tempo precioso descascando batatas". Esse assunto abriu brechas para outros tópicos, como histórias de infância e desejos futuros. Malfoy relembrava seu pai com muita amargura, e naturalmente não mencionou nada sobre magia das trevas, mas presumo que ele não seria bobo a esse ponto, pois sabe que eu contaria a Harry.
Me despedi de Malfoy depois de umas duas horas de conversa para poder trocar minhas vestes, entretanto ele pediu para que nos encontrássemos novamente na sala comunal para que eu o ajudasse no dever de Transfiguração, um pedido que me deixou extremamente surpresa. Ele estava me esperando com algumas garrafas de cerveja amanteigada e uma caixa de caldeirões de chocolate quando voltei.

- Nunca imaginei que estaria fazendo dever de casa com a sabe-tudo da Granger. - confessou dando risadas, e eu transfigurei a garrafa em sua mão em uma borboleta que logo saiu voando para sacada.

- E eu com você, não era você que me achava a sangue-ruim desprezível?

- E achava. Fui criado assim, Hermione. - deu ênfase no meu nome, até hoje ele só me chamava pelo último. - Mas algumas coisas que vim vivenciando me fizeram perceber o quão estupido esse pensamento era.

- Agora estou curiosa para saber o que te transformou assim. - indaguei franzindo a testa, ele se aproximou de mim lentamente e por um momento pareceu que ele estava se perguntando se contaria ou não, até que disse:

- Bom, um dos motivos é esse aqui... - e então, subitamente me beijou. Suas mãos frígidas me puxaram pela cintura, fazendo com que eu estivesse quase em seu colo. Sua língua calorosa e ágil na minha fez com que uma chama se apossasse do meu corpo e os meus pensamentos fossem varridos da minha mente. Bruscamente, Malfoy aparta nossos corpos e me olha aflito.

- Granger, eu não deveria ter feito isso, foi um impulso! - exclama agitado e fica em pé, colocando suas mãos na cabeça.

- Nós não deveríamos ter feito isso! O que estávamos pensando?! - replico, com a mente ainda anestesiada pelas chamas. - Foi legal termos conversado e tal.. mas não pode passar disso!
Malfoy me olha exasperado, concorda balançando e cabeça e sobe as escadas correndo, indo até seu quarto.