Revelações ❤️

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  "A realidade não esvanece como esvanecem os sonhos. Nenhum murmúrio ou campainha as dispersa, nenhum grito ou estrondo pode interrompê-la."  WISLAWA SYZMBORSKA

  Aquela noite ficará marcada para sempre em minha memória. A noite em que nossas armaduras caíram e decidimos nos entregar ao nosso sentimento e sermos honestos com nós mesmo. Sinto que a partir de agora as coisas vão se tornar mais difíceis, porém, estaremos de mãos dadas. Não conversamos ainda sobre tornar nosso relacionamento público, pois sei que é um assunto delicado. Por enquanto, a escola está vazia e estamos aproveitando o máximo disso.

Passamos o dia inteiro juntos, comemos as refeições na sala dos monitores, e ficamos alternando entre a sala e o meu quarto. Enquanto estou estudando ou lendo, ele fica fazendo anotações em um rolo de pergaminho e às vezes pego ele me observando, mas sempre desconversa quando pergunto o motivo. Estou receosa de perguntar a ele sobre a Chloe, se ele planeja mandar uma carta ou está esperando para contar a ela pessoalmente... se apenas vai terminar com ela, ou vai contar que está comigo. Entretanto, não sei se quero que as outras pessoas saibam ainda, mas também não sei quanto tempo aguentarei guardando esse segredo.

Respiro fundo e foco no presente, que é a única coisa que posso controlar. Draco saiu para dar uma volta e eu estou tomando uma ducha. Combinei que ia encontrar Astoria hoje para tricotar e conversar. Ela está se sentindo muito solitária nessas férias, sem a família e os amigos. Gostaria de poder convidar Astoria para ficar aqui no salão comunal um pouco, mas não sei se ela vai acabar descobrindo meu relacionamento com Draco. Prometo a mim mesma conversar com ele sobre isso quando eu voltar. Deixo o banheiro, vou até o quarto e coloco uma roupa. Antes de sair, deixo um bilhete informando onde eu iria.

Ainda estou abismada com o fato de Astoria estar grávida e eu só ficar sabendo recentemente. Minha mente estava tão ocupada pensando em Draco que eu não fiquei sabendo de nada esses meses todos? Pelo visto, Harry e Rony também não sabiam, pois não comentaram nada comigo... e para variar, não durmo mais na torre da Grifinória para acompanhar as fofocas. Mas o que mais está me intrigando é o fato de que ela nunca mencionou o pai da criança, e essa é uma pergunta delicada para uma pessoa que a conheceu apenas uma semana atrás fazer, então me segurei. Mas estou bastante preocupada com ela, sem a família por perto e sem nenhum amigo, o que ela vai fazer quando o bebê nascer? Para onde vai?

Avisto ela de longe no gramado coberto de neve, a pequena barriga coberta por um xale de tricô torto e de cores diferentes, demonstrando que foi ela mesma quem fez. Respiro fundo e suavizo meu rosto, para que ela não perceba a minha preocupação. Vou caminhando até ela e só consigo pensar: "Que dó! " "Que pena! " E eu odeio esse sentimento de pena e de impotência.

- Como você amanheceu hoje? Está se sentindo melhor? – Pergunto, me referindo as náuseas que ela vinha sentindo ultimamente.

- Um pouco. Mas está tudo bem, não é nada que eu não possa aguentar. Você precisa parar de se preocupar tanto comigo, Hermione.... Sou uma sonserina, eu fico bem sozinha. – respondeu, o que me fez lembrar de Draco e me perguntando se o conceito de "ficar bem sozinha" é o mesmo do dele, porque se for, fico ainda mais preocupada. Uma coisa que pude notar dos sonserinos é que eles se fazem de forte, mas estão desmoronando por dentro.

- Me preocupo e vou continuar me preocupando. Você não quer que eu peça nada para Madame Pomfrey? Eu até prepararia uma poção, mas tenho medo de algo dar errado e fazer mal para você e o bebê.

- Eu agradeço sua preocupação, mas não preciso de nada.

- Você vai me avisar se precisar de algo, não vai? – Suplico.

Astoria ri e nega com a cabeça. Continuamos nossa caminhada em silêncio, minha mente matutando sobre maneiras que eu poderia ajuda-la e tornar essa experiência um pouco menos pesada. Me peguei após um tempo imaginando o que eu faria se estivesse nessa situação, nesse momento, penso que também não abandonaria os estudos... Meus pensamentos são interrompidos quando Astoria me chama.

- Sim?

- Vamos voltar ao castelo, estou ficando muito cansada e está muito frio aqui fora. – Pede, e assim fazemos. Voltamos ao castelo e o aroma do almoço sendo servido no Salão Principal invade meu olfato, não percebi que estava com tanta fome até agora. – Senta comigo na mesa da Sonserina, só ficamos eu e o Draco Malfoy nas férias, sei que vocês não se gostam, mas ele não aparece muito aqui, então não se preocupe.

Não soube nem o que responder, apenas a segui. Servi-me de torta de carne, um pouco de vegetais cozidos e beterraba assada, comecei a comer e achei graça quando Astoria brincou de alimentar o bebê, bom, pelo menos ela está se divertindo. Quando estava prestes a terminar minha refeição, engasgo quando Astoria diz: "Oi, Draco, que milagre você aqui! " Levanto minha cabeça devagarinho e nossos olhos se encontram, ele se senta na nossa frente e começa a servir um prato.

- Como está o caçula da Sonserina? – Pergunta gentilmente para ela, e fico feliz que tenha demonstrado interesse.

- Está muito bem, obrigada por perguntar! – Agradece Astoria, alheia da troca de olhares entre eu e ele. Fico quieta, incerta de como devo me comportar com ele quando estamos em público. Draco está agindo como se nada está acontecendo, então só estou apenas seguindo sua deixa. – Hermione, que tal fazermos uns macacões hoje? Fico tão feliz em saber que terei meu neném na primavera, mas há tanto a se fazer até lá.

- Você deveria levar a Greengrass para o salão comunal dos monitores, Granger. Ficarei no meu quarto. – avisa Draco, dando uma última garfada em sua comida e deixando o Salão Principal.

- Malfoy é um sujeito peculiar, não concorda? Morar como ele deve te levar a loucura. – Observa Astoria. E como leva!

Na manhã seguinte, ainda deitados na cama, eu e Draco debatemos sobre Astoria ter livre acesso ao nosso Salão Comunal e algo em comum que estávamos sentindo: compaixão.

- Acho que concorda comigo quando digo que o nosso mundo já está pesado demais, não imagino como é esperar uma criança nessas circunstâncias. - constata.

- É doloroso para mim ouvir ela falar sobre a rejeição da família e o pior de tudo, Draco, é que ela nunca mencionou o pai da criança e estou louca para saber. Você não tem ideia de quem é? – Pergunto, torcendo para que ele saiba.

- Não faço a mínima ideia, e desconfio que nem a própria saiba. Ela sempre foi muito reservada, ela era amiga da Parkinson antigamente, mas como você sabe, ninguém é capaz de aguentar aquela criatura por muito tempo. – Suspira, e eu lembro que se não fosse por ela, não estaríamos assim agora.

- Você acha que eu deveria perguntá-la ou seria muito invasivo?

- Vocês estão juntas a maior parte do tempo, e você está sendo uma amiga muito fiel, ela não deve ficar ofendida. E eu vou levantar agora e me preparar para sair, vocês não marcaram de se encontrarem antes do almoço? – Pergunta, vestindo seu suéter e me dando um casaco. Respondo que sim e ele me dá um selinho, deixando o quarto.

Faço o mesmo que ele e me arrumo para encontrar minha nova amiga. Depois do almoço, em que eu e ela vamos para o meu salão comunal, respiro fundo e me preparo para a pergunta.

- Astoria, sente aqui no sofá comigo, tem uma coisa que quero perguntar para você. – Peço.

- Aconteceu alguma coisa, Hermione? - Pergunta aflita. 

- Astoria, quem é o pai dessa criança?

- Ele está morto.

Ojesed - Dramione (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora