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Horas mais tarde, quando a noite dava indícios de que estava prestes a cair sobre o vale agitado e o fogo crepitante era aceso pelas ruas apinhadas de gente, Calendra seguia seu caminho até o Círculo de Vaugalath, ansiosa demais para conter o sorr...

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Horas mais tarde, quando a noite dava indícios de que estava prestes a cair sobre o vale agitado e o fogo crepitante era aceso pelas ruas apinhadas de gente, Calendra seguia seu caminho até o Círculo de Vaugalath, ansiosa demais para conter o sorriso que ocupava seu rosto, mais aceso até do que as próprias luzes da vila.

O Círculo de Vaugalath era um local bem afastado de onde estava, em Absalaeth, em um pátio vasto e recheado de árvores. Encontrava-se no que se convencionara chamar a Fronteira, pois ladeava o grande bosque próximo a Nurim Juraruinm-dê. Ela observou abismada enquanto os estudantes acendiam uma fogueira em frente a um grande círculo de pedra, repleto de entradas em forma de arco. Lá dentro era possível ver mais focos de fogo, provavelmente pertencentes ao Círculo dos demais conselheiros. Como sempre, as árvores ao redor estavam enfeitadas com lanternas, com a diferença de que fitinhas foram habilmente enroladas ao redor dos galhos do carvalho antigo que ficava na entrada. Chamavam-no de Ruinmmaléa.

Circulando ali por perto, estava Namath, vestindo um longo manto cerimonial que balançava suavemente conforme caminhava. Não era o traje verde vibrante daquela tarde, mas, sim, um que lembrava o reflexo de um lago no escuro, tão cintilante e belo que quase ofuscava o horizonte. Calendra se perdeu no movimento suave do tecido, na forma como o tom exato se parecia com um céu limpo de nuvens e salpicado de estrelas, paisagem possível somente em uma noite quente de verão. O azul era de uma profundidade que quase parecia preto, tomado de pequenos cristais que brilhavam conforme ela se movia. Nas orelhas, sustentava-se um par de argolas de prata, com uma carreira de pedrarias subindo pelo restante da cartilagem. No pescoço, repousava uma fita de cetim prateada com uma pedra da lua, amarrada a nós feitos da mais sutil das delicadezas.

Calendra sorriu ao observar a pedra, lembrando-se das tantas histórias que especulavam a respeito da sua origem. A mais popular rogava que Namath ganhara a pedra da lua das mãos de um homem misterioso, em uma das ocasiões em que participara do festival de Beltane. Diziam que ele ficara tão encantado com sua beleza e desenvoltura austera que, segundo ele, ofuscara o brilho da própria lua, a qual ela deveria carregar como um amuleto. Desde então, ela de fato a usava, sinal do encanto que passara naquela noite.

Vários dos estudantes estavam sentados em círculo ao redor do fogo, que estalava suavemente. Havia uma porção de pedras e troncos de madeira que serviam de assento improvisado. Conversavam baixinho enquanto Namath preparava, em um altar próximo, os utensílios que seriam utilizados naquela noite e, quando notaram Calendra se aproximar, olharam pare ela com surpresa e um pouco de curiosidade. Acenou com a cabeça para lhes cumprimentar, mas, apesar de ser retribuída, ninguém se voltou para falar com ela.

Aparentemente notando o movimento pela visão periférica, Namath ergueu a cabeça e encontrou os olhos de Calendra, abrindo um largo sorriso de boas-vindas.

— Ah, Calendra! Que bom que se juntou a nós! Estávamos prestes a começar. — Exclamou, movimentando os braços de modo que suas muitas pulseiras se agitaram. — Venha, sente-se. Não percamos mais tempo! A Lua está alta e não nos falta mais nada!

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