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Uma risadinha escapuliu dos lábios de Pavetta, atraindo seu olhar para cima

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Uma risadinha escapuliu dos lábios de Pavetta, atraindo seu olhar para cima. A jovem estava sentada diante da penteadeira, encarando-a pelo reflexo do espelho enquanto Calendra trançava seu cabelo. De início, não compreendeu a fonte da graça, mas, ao espiar a si mesma pelo reflexo, viu que expunha uma expressão hilária. Os grampos estavam presos entre seus dentes arreganhados e seu nariz se enrugava para um lado, o cenho franzido em concentração.

Quié? — Ela resmungou entredentes, revirando os olhos.

— Nada não. — Respondeu a amiga. Mesmo assim, seguiu sorrindo, volta e meia lançando olhares na sua direção. Calendra a ignorou solenemente, ocupada em fazer com que as mechas soltas do cabelo dela se cruzassem uniformemente. Como era longo, liso e muito fino, embolava-se facilmente entre seus dedos, exigindo atenção constante, senão o entrelaçamento não daria certo e teria de iniciar tudo outra vez. Ouviu-a pigarrear e, em seguida, ela murmurou: — Você fica bem usando calças. Deveria usar mais vezes.

— Obrigada. — Ainda era estranho para Calendra vesti-las. Na noite anterior, quando discutiam as coisas que deveriam preparar para o próximo dia, estabeleceram que seria muito melhor se ela usasse calças em vez de um vestido, caso fossem obrigados a se embrenhar no meio da mata; afinal, não sabiam o que esperar do desafio e toda precaução era bem-vinda. No entanto, Calendra nunca imaginou como seria a sensação de realmente vestir aquele tipo de roupa. A peça se grudava em suas pernas e a apertava em locais que não estava acostumada. Em compensação, dava-lhe muito mais mobilidade e agilidade, justamente por não precisar carregar montes e montes de pano a tiracolo. — Nunca pensei que usaria uma.

— Certamente é minha má influência. — Gracejou Pavetta, referindo-se à vez em que Rohden a acusara de levar Calendra para o mau caminho. Ambas sorriram uma para a outra.

— Isso daí já é passado. Agora, se há alguém influenciando a quem, essa sou eu, metendo você nessa enrascada.

Pavetta soltou um "tsc" e balançou a mão no ar.

— Nah, besteira. Sei bem onde estou me metendo, você não precisa se preocupar com isso.

— Aham. Quero só ver, hein!

— Verdade! Estou com muito mais medo do que pode acontecer com você do que comigo. — Pavetta ficou séria de repente, a voz baixando para apenas um sussurro. — Depois do que descobrimos sobre a sua mãe, eu comecei a ficar realmente preocupada com esse desafio. E se você tiver que passar por algo assim tenebroso? O Ancião está desperto, afinal de contas. Sooúl mesmo nos contou que as brumas estavam ao seu redor, não pense que me esqueci disso. A mensagem foi bem clara: ele ainda não conseguiu o que queria. E se ele fizer com você o mesmo que fez com a sua mãe?

Calendra já havia pensado naquela possibilidade, mas tentou demonstrar confiança à sua amiga, em vez do medo que sentia.

— Minha mãe tentou impedir o que aconteceria comigo, isso foi o que Nimbas falou. Talvez seu sacrifício tenha servido para que eu não precisasse morrer, não sei. — Ela suspirou, mordendo o lábio inferior com força. — Por favor, vamos falar de outra coisa? Eu não quero mais lembrar desse assunto, nem pensar no que aconteceu.

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