XVI | 1

49 10 80
                                    

Relutantemente, Elysium concordou com o plano de Calendra, que saiu em disparada de volta para o próprio corpo esticado no sofá da sala

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Relutantemente, Elysium concordou com o plano de Calendra, que saiu em disparada de volta para o próprio corpo esticado no sofá da sala. Quando voltou a si, uma dor do tamanho do mundo se abateu sobre sua cabeça, e teve de admitir que talvez houvesse superestimado suas habilidades. Custou-lhe um tempo somente para conseguir respirar sem entrar em colapso, pois sua pele tremia sem controle e os músculos saltavam em espasmos violentos.

Ninguém na casa notara o que tinha acontecido, por pensarem que Calendra dormira. Em razão disso, levaram um tremendo susto quando ela retornou, aos rebuliços. Entretanto, muito embora a enchessem de perguntas sobre o que lhe ocorrera, ela não teve condições de lhes responder logo. Após ingerir mais algumas xícaras de chá com calmante e apoiar na cabeça uma nova compressa aquecida fornecida por seu irmão, Calendra enfim pôde contar o que se passara.

Era tarde quando finalizou o relato, pois, mesmo sem se dar conta, ocupara toda a manhã na companhia de Elysium. Ao notar isso, apressou-se na execução do plano, mesmo que sob os protestos ferrenhos de Rohden, que insistira para que ela permanecesse mais um tempo descansando. Como não poderia se permitir aquilo, Calendra o convenceu de que separaria um momento para repousar assim que tudo se finalizasse. Mesmo contrariado, ele concordou, sob a condição de que pelo menos se alimentasse. Então, dirigiu-se para a cozinha a fim de preparar o jantar, bem como as guloseimas que seriam servidas mais tarde — com a ajuda de tia Marion, é claro —, deixando-a enfim só para poder agir.

— Tem certeza de que isso vai funcionar? Nimbas não me parece o tipo de criatura que pode ser manipulada. — Aspen perguntou à Calendra quando ela terminou de enlaçar a fitinha com o seu recado para a raposa na pata direita de Ishtar. Apesar do teor preocupado do questionamento, havia uma excitação no fundo de seu olhar que ele não conseguia disfarçar. Sentados em um banco abaixo da janela, ambos observaram o corvo alçar voo e sumir entre as folhagens das árvores.

Calendra soltou um suspiro.

— Eu não vejo outra alternativa.

— Mas dizer a ele que teve uma visão? E outra, mandar-lhe um bilhete para que Sooúl o abra e leia? Você confia em seu juízo?

— Tudo bem que ela não bate bem das ideias...

— Eu não diria apenas que ela não bate bem das ideias. A velha é completamente maluca!

Ela o olhou com repreensão.

— Você tem uma ideia melhor?

— Bom, não. Mas, mesmo assim...

— Então, já que não temos um plano melhor, faremos assim. — Afirmou, categórica. Viu-o se debruçar no peitoril da janela, seu olhar fixo no horizonte. Aspen estava ansioso, todos estavam, pois as coisas haviam mudado um pouco de figura quando descobriram o que acontecera à família de Elysium. Segundo ele, outras criaturas buscavam caçá-lo, e tais seres poderiam descobrir seu paradeiro mais cedo ou mais tarde. Isso queria dizer que a aventura pela qual tanto aguardaram poderia significar um perigo real. Ainda assim, o desejo de enfrentar aquela situação ardia em suas veias e, na tentativa de passar confiança a Aspen, aproximou-se a fim de tomar sua mão, puxando-o com suavidade para mais perto. Ele não hesitou e a permitiu envolver os braços ao seu redor. Descansou a cabeça em seu peito e respirou fundo, aspirando seu perfume. — Não precisa ficar desse jeito, sentindo essa culpa. Sabemos bem onde estaremos nos metendo, e não há mal nenhum em querer isso.

OcultosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora