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Com as pernas espichadas de todo comprimento no sofá, Pavetta lia um livro sossegadamente

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Com as pernas espichadas de todo comprimento no sofá, Pavetta lia um livro sossegadamente. Bom, talvez não tão sossegadamente, uma vez que buscava informações de como ajudar a amiga, que permanecia inconsciente. Fazia alguns dias que haviam levado Calendra para o quarto, e Rohden passara aquele tempo todo enfiado lá, recusando-se a sair até que a irmã acordasse.

Suspirando, ela esticou a mão para alcançar a xícara de chá que deixara sobre a mesa de centro, percebendo que o líquido dentro do recipiente vibrava. Mirou-o com o cenho franzido, tentando entender como aquilo poderia estar acontecendo. No momento seguinte, ouviu um som abafado reverberar desde as funduras da casa.

A princípio um tremor, foi logo ganhando profundidade. As paredes tremularam, fazendo o fogo das velas oscilar. Não demorou para que Rohden viesse correndo em direção à sala, suas feições apavoradas e a boca aberta, balbuciando uma série de palavras que Pavetta não conseguiu compreender.

— O que disse? — Ela perguntou, apontando a orelha para indicar que não o escutava devido ao barulho.

Rohden exaltou a voz, dizendo:

— É Calendra! Alguma coisa está errada!

Nesse meio tempo, Marion veio rapidamente da cozinha, as mãos agarradas a um esfregão de louças.

— O que está acontecendo? Que barulho é este?

Antes que pudessem responder, mesmo sem saber como, os sons se tornaram ainda mais intensos. Batidas ritmadas começaram a soar como trovões, de forma primitiva e ancestral. Era tão intenso que ribombava de acordo às batidas de seus corações, fluindo pela corrente sanguínea como tambores.

E eram de fato tambores, rugindo desde as profundezas.

Preocupados, os três avançaram rapidamente até os aposentos de Calendra. Quando chegaram lá, viram que seus olhos estavam esbugalhados, apesar de obviamente não estar acordada. Seu corpo suava em bicas, a respiração irregular e agitada. Parecia estar presa em uma de suas visões, mas como nenhum deles conseguia despertá-la, tiveram de permanecer ali, aflitos enquanto esperavam para ver o que ocorreria.

— É ela que está fazendo isso? — Inquiriu Marion.

Rohden meneou a cabeça.

— Não sei. Eu nunca vi ela fazer nada assim.

— Eu já. — Respondeu Pavetta, atraindo os olhares interrogativos deles para si. Ela deu de ombros. — Tudo bem, não foi exatamente assim, mas foi muito parecido. Na vez em que ela esteve no Círculo de Namath, quando atraiu a profecia de fogo, ela comentou sobre ter ouvido o som de tambores. Talvez agora, depois de ter passado pelo desafio, nós consigamos ouvir o que ela ouve.

— Eu não sei se se trata disso. — Marion duvidou. — A casa está tremendo, não veem? Esse barulho está vindo de algum lugar por aqui. Só não sei de onde.

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